quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ficamos à espera




FICAMOS À ESPERA

Já se foi o tempo em que um fio de barba valia a honra empenhada.
(Annaribeiiro)


Compromissos

Muitos de nós aprendemos que o aio de D. Afonso Henriques, Egas Moniz, se apresentou com a família perante o rei castelhano, D. Afonso VII, com a vestimenta dos condenados da época, entregando a sua vida e da família como penhor de promessa feita em nome de D. Afonso Henriques e não cumprida, ressalvando assim a sua honra.

Embora nos tempos que correm a “cultura da honra” esteja a desaparecer e a ser substituída pela “cultura da lei” não podemos desvalorizar os compromissos públicos assumidos por entidades e/ou personalidades sob pena de as relações humanas se deteriorarem. Em qualquer circunstância, mesmo nos tempos atuais, quando uma entidade e/ou personalidade assume um compromisso e o não cumpre é um direito de qualquer cidadão denunciar esse facto e relembrá-lo sempre que se justificar.

No que ao autocaravanismo respeita, o Programa de Candidatura (ver AQUI) de TODAS as Listas candidatas aos órgãos estatutários da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que se apresentaram sob a sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, é um compromisso público assumido por todos os candidatos. É, resumindo, o mesmo que darem a “palavra de honra”, expressão que designa a “promessa que se faz, dando como garantia a própria honra”


Ser intelectual e politicamente honesto

Note-se, contudo, que não foi apenas o órgão Presidente da Federação que se candidatou com o acima referido Programa, foram igualmente todas as restantes Listas candidatas ao abrigo da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, ou seja, também os membros dos Conselhos Regionais de cada uma das Regiões em que a FCMP se organiza, os Delegados à Assembleia Geral, os membros dos Conselhos Fiscal, de Disciplina, de Justiça e de Arbitragem e os membros da Mesa da Assembleia Geral. Mesmo os membros da Direção da Federação, que não são eleitos, mas nomeados pelo Presidente da Federação, não ignoram qual é o Programa de Candidatura que devem respeitar. Concluindo: Todos, eleitos ou designados, no âmbito da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro” são corresponsáveis pelo cumprimento do Programa de Candidatura.

Será intelectual e politicamente honesto que qualquer um dos candidatos, eleito ao abrigo do Programa de Candidatura, venha, posteriormente, afirmar que não aceita o Programa (no todo ou em parte) ou mesmo aprovar nos órgãos de que faz parte deliberações contrárias ao Programa de Candidatura? Ou, o que não é menos criticável, não desenvolver esforços para levar à prática o conteúdo do Programa de Candidatura e/ou protelar intencionalmente a aplicação desse Programa?

Quais são pois as promessas que estes candidatos assumiram, no que ao autocaravanismo respeita, para o mandato 2013/2016 e que, quase no fim de 2 anos de mandato, não estão sequer iniciadas ou sobre elas prestados quaisquer esclarecimentos públicos?

Recordemo-las:

Dinamizar a aplicação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade subscrita pela FCMP em 31 de Maio de 2010.”

Propor a representação da FCMP na Comissão Europeia de Autocaravanas da FICC.”

Estudar, aprofundar e dar resposta a legislação para suprir dificuldades encontradas pelos praticantes de algumas modalidades designadamente de Autocaravanismo

Desenvolver iniciativas (Conferências, Seminários, Jornadas, Encontros e/ou Workshops), em torno de temáticas sobre a prática de atividades campistas, Autocaravanistas e Caravanistas, ligadas ao Turismo e de conservação do Ambiente.

Potenciar o Movimento Autocaravanista, dinamizando a sua Internacionalização junto das nossas congéneres, particularmente do sul da Europa, também com vista a promover parcerias que venham a garantir uma maior utilização dos equipamentos nacionais.

Criar um órgão de apoio e informação Turística, Cultural e Legislativa, aos Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas que se deslocam para fora do país e aos mesmos Praticantes Estrangeiros que se desloquem a Portugal.

Promover encontros e percursos regulares que estimulem o convívio, a partilha de conhecimentos e deem a conhecer Portugal e o Turismo itinerante.

Promover a busca de melhores condições para o Turismo automobilizado, seja por sinalética rodoviária adequada, instalações e infraestruturas de apoio locais e promovendo os espaços onde se possa estacionar e pernoitar em segurança.

Promover melhores condições para Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas bem como os seguros específicos às atividades e veículos com necessidades de deslocamento diferente.

Sensibilizar e envolver todos os operadores para este mercado de Campistas, Autocaravanistas, Caravanistas e Montanheiros que em si mesmo promove o desenvolvimento turístico (ACAP, PRP, Gasolineiras, Poder Publico e Local, equipamentos, etc.)

Envolver os Municípios e Distritos no Campismo, Autocaravanismo e Caravanismo com premiação anual.

Promover protocolos com Empresas e Organizações ligadas à produção e comercialização de equipamentos e outros produtos associados ao Campismo, Autocaravanismo, Caravanismo e Montanhismo.”


Obrigações aprovadas para 2014

Mas, embora num âmbito distinto, os membros dos diferentes órgãos da FCMP também assumiram publicamente a responsabilidade de aprovarem o Plano de Atividades e Orçamento para 2014 que tem um importante significado no que se refere à politica autocaravanista a seguir pela FCMP e, obviamente, pelas respetivas associadas, na medida em que é um documento que, embora proposto pela Direção da FCMP, foi aprovado pelo órgão máximo da Federação, a Assembleia Geral.

No que respeita ao autocaravanismo é dito que o “ (…)  Plano de Atividades para esta área foi elaborado em grande parte pela própria Comissão, pois é uma proposta para todo o Movimento e, mais do que isso, é um compromisso dos membros da Comissão perante as Filiadas da Federação e, especialmente, perante os Autocaravanistas de Portugal. (…) ”

Este trecho delega na Comissão de Autocaravanismo da FCMP uma especial responsabilidade no cumprimento das propostas que a Comissão terá apresentado à Direção da Federação e que a Assembleia Geral caucionou.

Quais são pois os objetivos na área do autocaravanismo a promover pela FCMP através da Comissão de Autocaravanismo?

• Manter como orientação primeira os conceitos consignados na Declaração de Princípios que a FCMP subscreveu em maio de 2010 e que a FICC adaptou no essencial em agosto de 2011;

• Consagrar um Dia dedicado ao Autocaravanismo com o objetivo de contribuir para evidenciar periodicamente esta temática e chamar a atenção da opinião pública para as questões que se colocam aos autocaravanistas e para os benefícios que a sociedade pode colher desta atividade;

• Contribuir para o Desenvolvimento Local no Âmbito do Turismo Itinerante;

• Estabelecer parcerias com as organizações de apoio ao desenvolvimento local, designadamente com o Projeto “Portugal Tradicional”;

• Promover a criação de uma Base de Dados de Representantes de Marcas de Autocaravanas em Portugal e de “Oficinas de Autocaravanas” de acesso público é, mais do que um objetivo, uma necessidade;

• Partindo do princípio que as “Áreas de Serviço para Autocaravanas” são um apoio importante para esta atividade, há que continuar a pugnar pela sua implementação, numa proporção nunca inferior a uma por Concelho, devendo esta dinâmica ser acompanhada de forma coordenada e sustentada, com o apoio dos Conselhos Regionais;

• Por outro lado, torna-se necessário compreender que os autocaravanistas não estão suficientemente unidos, conscientes do que querem e com disponibilidade para lutarem e conseguirem uma Lei Quadro em que os interesses económicos não se sobreponham a uma atividade cultural de excelência e às liberdades da prática do Autocaravanismo;

• Continuar a aprofundar as relações com as autarquias através de um canal de divulgação dos eventos que as autarquias promovam, relacionados direta ou indirectamente com o autocaravanismo e que possam ser de interesse para os autocaravanistas;

• Contribuir para que a FCMP esteja fortemente representada em acampamentos, nacionais e internacionais e, por outro lado, participe em debates, seminários, convenções, eventos lúdicos, desportivos e/ou culturais, entre outros, contribuindo para um melhor esclarecimento, formação e conhecimento do que é e do que se pretende que seja o autocaravanismo associativo.

Se atentarmos neste ambicioso Plano da FCMP, Plano que consubstancia os quereres de muitos e muitos autocaravanistas e que defende a prática responsável e livre do autocaravanismo, não podemos negar que, depois de esta mesma Federação, a única em Portugal a ter subscrito a Declaração de Princípios, esta Federação que oficialmente tutela o autocaravanismo no nosso País, veio apontar caminhos que aniquilam as críticas destrutivas e sem sustentação que, alguns, poucos, lhe fazem.

Perante as promessas eleitorais (que foram sufragadas pelos eleitores) e o Plano de Atividades para 2014 (que foi aprovado pela Assembleia Geral da FCMP), considerando que já passaram quase dois anos sobre o início do mandato e mais de 2/3 do início do ano a que respeita o Plano de Atividades, que promessas ou objetivos do Plano de Atividades foram cumpridos ou sequer iniciados?


O que (não) fez a Comissão de Autocaravanismo?

É, no entanto, importante recordar que (no no âmbito do autocaravanismo) enquanto o Programa de Candidatura é da responsabilidade dos atuais dirigentes da FCMP, já o Plano de Atividades deve ser promovido e implementado através da Comissão de Autocaravanismo da FCMP. Mas, o que tem feito a Comissão de Autocaravanismo? Como irá justificar no Relatório e Contas de 2014 o que (não) fez?

Faço votos para que a Comissão de Autocaravanismo da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal saiba assumir a responsabilidade que lhe foi confiada e que obtenha os apoios institucionais e políticos de que carece para implementar o Plano de Atividades aprovado pela Assembleia Geral da Federação. Ou que venha publicamente justificar-se!

FICAMOS À ESPERA.

1 comentário:

  1. Concordo em absoluto de que a FCMP não está de facto a agir correctamente nem a defender o Autocaravanismo Itinerante.

    Já não bastava haver certas personagens, algumas com responsabilidades acrescidas devido à sua actividade na área do autocaravanismo, a darem cabo do Autocaravanismo Itinerante temos, ou tenho, porque ainda sou Federado nesta Associação, uma Federação que não me defende e não promove formas de erradicar as práticas abusivas, que vão sucedendo à medida que as correctas são "engavetadas" para mais tarde se pensar o que fazer com elas!!!

    É triste não haver uma Federação que nos defenda ou defenda aquilo que não interessa a ninguém, o auto-campismo!

    Continuarei, ainda que a solo, uma luta sem tréguas, contra tudo e contra todos os que não defendem o Autocaravanismo Itinerante.

    É esta a minha forma de defender o Autocaravanismo Itinerante!

    Um abraço, e até sempre,

    José Gonçalves

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