quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O TER e o SER




O TER e o SER


Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito,
 eu paro de dizer verdades a respeito deles.
(Adlai Stevenson)




Tenho vindo neste espaço (Papa Léguas Portugal), a “RECORDAR…” e a transcrever alguns escritos antigos que assinalam um período importante (pelo menos para mim) dos meus pensamentos e forma de estar na vida.

No passado dia 5 de Agosto recordei o que em 6 de Maio de 2012 escrevi acerca de um Protocolo acordado entre a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” e o “Clube de Campismo de Lisboa” (ver AQUI) manifestando a minha concordância através do título do texto: “CPA e CCL no bom caminho”.

Como já vem sendo hábito alguns intervenientes virtuais procuram de qualquer forma denegrir a imagem e as acções do CPA e, muitas vezes o caracter do autor deste texto. E o pretexto surgiu com a divulgação do Protocolo assinado entre o CPA e o CCL. E a sanha persecutória é tanta que fazem afirmações (ou levantam questões) que demonstram que não leram minimamente o Protocolo.

Não me disporia a pronunciar-me neste artigo de opinião sobre o assunto não fosse alguns outros Companheiros Autocaravanistas virem dar o apoio a quem se exprime sem conhecimentos, reflexões sobre a matéria e, como atrás disse, sem terem lido o Protocolo ou, pior ainda, sem interpretarem o que leram, numa indiscutível demonstração de iliteracia. É essencialmente devido a esses Companheiros Autocaravanistas (e a todos os Companheiros de boa-vontade) que decidi escrever sobre este assunto.

Principiaram esses detratores do CPA e do autor deste texto por elogiar (?) o CCL, denegrindo o CPA (avançando inclusive com a ideia falsa de que sócios fundadores abandonam a associação) e considerando que o CPA não tem nada a dar ao CCL, logo, segundo os mesmos, o Protocolo prejudicou o CCL. E, corroborando de certa forma estas afirmações, perguntam, candidamente, se o Protocolo permite a permuta de direitos e de deveres, o que demonstra uma vez mais que ou não leram o Protocolo ou são… (?).


O TER E O SER

Charles Chaplin disse que “Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais” e, entendo eu, este mesmo conceito pode ser alargado e abranger também as instituições.

No entanto verifica-se que ao nível de muitos que se assumem como defendendo os ideais campistas é o TER que mais relevância tem.

Os amigos do TER equacionam os bens em detrimento dos valores, ou seja dão preferência quase absoluta ao TER comparativamente ao SER.

Mas, o mais deprimente é quando se coloca exclusivamente a filosofia do TER sobre quaisquer outras razões, como, por exemplo, a solidariedade ou mesmo as obrigações sociais que muitas instituições dizem perfilhar, mas que na prática, não cumprem.

Mais triste ainda é constatar que muitos estão formatados por ideias neoliberais, que apenas analisam os números, não tendo o discernimento de ver para além deles.


QUEM DÚVIDA QUE O CCL É UMA GRANDE ASSOCIAÇÃO?

É inegável que o Clube de Campismo de Lisboa (CCL) é “um dos maiores (senão o maior) Clube essencialmente vocacionado para o campismo“ e que “a elevada diferença do número de sócios entre estas duas associações não constituiu um óbice ao acordo firmado” como afirmei no texto intitulado “CPA e CCL no bom caminho” (ver AQUI). Tal afirmação deveria ser o suficiente para que os apoiantes do TER reconhecessem a mais-valia moral do CCL. Infelizmente, não. Mas, felizmente, os dirigentes do CCL, entre os quais ainda se conta o presidente do Conselho Diretivo, são homens de visão, que vai para além dos números, e interiorizam que o ideal de companheirismo tem que ter uma expressão prática e que não corresponda unicamente a palavras de circunstância.

E foi o caminho do SER, em detrimento do TER, que prevaleceu e que, mais do que as dimensões físicas e patrimoniais do CCL, são as dimensões morais consubstanciadas em valores (que o CCL pratica, como é o caso em apreço) que lhe dão uma grandeza e mérito incontestáveis.


O PROTOCOLO ENTRE O CPA E O CCL NÃO É CLANDESTINO

Mas, terá este protocolo entre o CPA e o CCL sido feito na clandestinidade? Assinado nalgum vão de escada?

A assinatura do Protocolo foi anunciada publicamente com uns 15 dias de antecedência e concretizada no dia 5 de Maio, por ocasião do Acampamento 2012 (comemorativo dos 71 anos do CCL) que teve lugar em Mora. E assim aconteceu perante o olhar e aplauso de algumas centenas de pessoas. Possivelmente com os aplausos dos detractores do CPA caso tenham estado presentes.

Mas os apoiantes do TER e, consequentemente das políticas neoliberais, não quiseram ficar por aqui e, numa demonstração clara que não sabem “ler” o que está escrito, designadamente no Protocolo, acusam também, embora sub-repticiamente, os dirigentes do CCL de não terem acautelado devidamente os interesses dos respetivos associados ao concederem a terceiros mais privilégios do que os que têm associados do CCL, o que é falso.

Comportaram-se como pessoas que agem preconceituosamente, sem um espirito aberto e sem qualquer tipo de análise minimamente correta. Os ideais do Companheirismo, da procura da verdade, do benefício da dúvida, desparecem perante uma necessidade de destruir a qualquer custo quem não perfilhe das mesmas ideias neoliberais, da mesma filosofia do TER.


PROTOCOLO COM DIREITOS E OBRIGAÇÕES

Numa leitura, mesmo que superficial, do artigo de opinião “CPA e CCL no bom caminho”, escrito em 6 de Maio de 2012, poderiam (qualquer pessoa pode) constatar que no Protocolo, na Clausula 2ª, está exarado que “CADA UM DOS OUTORGANTES CONCEDE AOS ASSOCIADOS DO OUTRO OUTORGANTE, portadores de cartão de associado devidamente atualizado, pela utilização dos meios de lazer ou outros de que disponha para utilização dos respetivos associados, bem como para a inscrição e participação NOS EVENTOS QUE REALIZE, OS MESMOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES ESTABELECIDOS PARA OS SEUS PRÓPRIOS ASSOCIADOS.” (sublinhado meu)

Porque os apoiantes do TER podem não entender, permito-me “traduzir”, embora de forma redutora, para que fique mais acessível: Os sócios do CPA só podem, por exemplo, acampar num Parque de Campismo do CCL, com os mesmos direitos dos sócios do CCL se cumprirem as mesmas obrigações. Se uma das obrigações for ter Licença Desportiva da FCMP (vulgo carta Campista), então os sócios do CPA têm que ter Licença Desportiva.

Caso ainda não tenham compreendido, depois de todas estas explicações, o que está escrito no artigo de opinião e no próprio Protocolo, tenho muita pena, porque não entendo que haja, infelizmente, quem possa ter alguma dificuldade em assumir os ideais de solidariedade se não compreender determinadas ações.

E assumir os ideais de solidariedade não tem significado para os amigos do TER. Enfim, formas de estar na vida!


"O QUE TEM O CPA PARA DAR"? (questionam os “amigos” do CPA)

Seria tão fácil responder no registo do “TER”! Mas, isso seria “jogar” no campo do neoliberalismo.

Toda a argumentação do TER se baseia, como é notório, numa filosofia mercantilista.

Efetivamente na sociedade atual existe uma formatação intelectual em que o TER é a filosofia predominantemente seguida por muito boa gente. São pessoas que não têm a necessária abertura a outras ideias e que são egoístas. A relação com a sociedade é um contrato comercial: deve e haver, débito e crédito, dá isto se em troca me deres aquilo.

Para os seguidores do TER tudo tem um preço, tudo tem um retorno. Este é o mundo em que eles querem viver… até que um dia a realidade os faz sentir injustiçados e lhes faz compreender. Mas, então, já é tarde.

O sonho, aquele sonho de que fala António Gedeão, é pelos seguidores do TER apenas compreendido como uma figura poética.


UM CAMPISTA DE TENDA PODE PARTICIPAR NUM ENCONTRO DO CPA?

Princípio por chamar a atenção para a demagogia desta pergunta feita por um perseguidor feroz do CPA, que faz perguntas pouco inteligentes.

O CPA é uma associação de autocaravanistas (façam os sócios do CPA campismo em autocaravana ou não) logo é pressuposto que apenas os autocaravanistas (campistas ou não) podem participar nos Encontros promovidos pelo CPA se o fizerem, logicamente, em autocaravana.

Esta é a filosofia (e bem) defendida e implementada pelo CPA desde 2010, contudo foi aberta uma excepção relativa a todos os sócios do CPA inscritos anteriormente a essa data, por razões tão óbvias que me dispenso de o explicar.

Não é entendível que qualquer associação com a denominação de Autocaravanista aceite no respectivo seio a utilização de tendas ou caravanas, pois que nesse caso teria uma denominação social enganosa. Uma associação cuja denominação contenha exclusivamente a palavra Autocaravanista não pode aceitar a utilização de tendas ou caravanas. Se o quiser fazer, para ser coerente, para não enganar ninguém, deve alterar a respectiva denominação.

Há também que relembrar que a maioria esmagadora dos Encontros promovidos pelo CPA se realizam na via pública ou em Áreas de Serviço para Autocaravanas. Seria irrealista que um campista de tenda fosse, por exemplo, colocar a tenda na Praça do Comércio, em Lisboa, onde até já se realizou um Encontro do CPA. É também por essa razão que nos Encontros promovidos pelo CPA, na via pública ou em Áreas de Serviço para Autocaravanas, não é permito acampar.

Por último, para que fique tudo dito, os autocaravanistas também podem ser campistas, utilizando as respectivas autocaravanas, mas para isso devem recorrer a Parques de Campismo ou locais onde seja previamente autorizado acampar.

E para quem não saiba o que é acampar em Autocaravana aconselho a leitura da Declaração de Princípios subscrita pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e (com adaptações) pela Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo. (ver AQUI).


E AGORA O QUE SE SEGUE?

Perante um artigo (“CPA e CCL no bom caminho”) que elogia o CCL na sua dimensão moral e solidária que fizeram os apoiantes do TER? Procuraram desesperadamente todas as formas de denegrir o artigo indo ao ponto de não o sabendo “ler”, nem ao Protocolo, inventarem problemas onde eles não existem.

Não me admiro, pois, que depois destas explicações, que retiram qualquer substância às afirmações dos apoiantes do TER, para os quais os ideais de solidariedade não passam de verborreia, sejam apresentados novos “factos” ou juízos de valor não fundamentados.

Aguardemos.

(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

NCADI - Idanha-a-Nova


ENCONTROS NCADI
Idanha-a-Nova

Almortão – Loreto – Idanha-a-Velha – Relva – Monsanto – Garcia – Proença-a-Velha

(2010)


As fotos foram captadas no decorrer do 98º NCADI (Núcleo Campista de Acampamentos Desportivos de Inverno) no evento que decorreu em Idanha-a-Nova em 2010.

O referido evento foi constituído por duas partes distintas. A primeira, exterior ao próprio NCADI, foi em si mesmo um Encontro Autocaravanista. A segunda proporcionou um acampamento, com características especiais devido à época do ano, como aliás faz parte dos objectivos expressos no próprio nome do NCADI.

Uma nota negativa para a marcação de lugares nas mesas disponibilizadas para as refeições de confraternização, permanentes e fixos durante todo o acampamento, que impossibilitavam que se “rodassem” os companheiros e, assim, de algum modo, poderiam impedir que se “marginalizassem os mais tímidos”.

As visitas culturais que se fizeram foram agradáveis e merece ser aqui feita uma chamada de atenção especial para Manuel Soares, Fátima e João Antunes pela dedicação e amabilidade no desempenho e empenho das visitas (e não só). Mas a cultura esteve também representada num debate que teve lugar sobre as tradições religiosas no Concelho e na apresentação e exibição do Grupo de Adufeiras de Idanha.

O Fogo de Sala foi animado e revelaram-se alguns verdadeiros profissionais do entretenimento, não obstante todos terem sido, merecidamente aplaudidos.

No período que antecedeu este Encontro um grupo de autocaravanistas visitou Almortão, Loreto, Idanha-a-Velha, Relva, Monsanto, Garcia e Proença-a-Velha

O Balanço final foi globalmente positivo como o demonstram as 413 fotos que foram obtidas sequencialmente no percurso.

Para ver as fotos em “tela inteira” prima a tecla “F11”. Para voltar ao formato inicial prima de novo “F11”.


Encontros NCADI
Idanha-a-Nova


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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Poesia de… António Botto



Campino do Ribatejo

Campino do Ribatejo!

Figura que nasce e morre
Nos campos da beira-mar!
Tão portuguesa e tão bela
Na sua simplicidade
Que até na sua pobreza
Nunca sabe mendigar!

Entre cavalos e toiros
Na lezíria enssoalhada
A sua figura esbelta
Tem um encanto infinito:
Barrete verde; o colete
Encarnado sobre a neve

Da camisa de algodão;
Jaleca bem recortada,
Meia branca, os albardões,
As esporas, o calção
Azul cobalto justinho
E a cinta escarlate quente
Da cor do sangue ou do vinho.

Além, naquele valado,
As papoilas e o junquilho
Fazem trofeu, há mais luz!

Um harmónio no fadango
Vibra e salta no compasso
Magoadamente agitado!

Anda no ar o farrapo
Dolente de uma cantiga
Mordida pelo ciúme!

E o fandango vai dançado!

Ninguém se mexe. Só ele,
Bamboleado, rirail
Desempenado, perfeito,
- E as pernas? Como ele as dobra?

E aquela curva do peito?
Trás um cravo na orelha,
E dança, dança, - o harmónio
Vai-lhe graduando o alento,
A luz perturba, - mulheres
Ficaram mudas a olhá-lo!

A garotada assobia
Acentuando o motivo
Musical, mas, a preceito;
E o Sol, apesar do dia
Nascer fosco e marralheiro,
Parece lume! - O fandango
Com a graça de um campino
É Portugal verdadeiro!

  (António Botto – 1897-1959)






António Botto nasceu em Concavada, freguesia do concelho de Abrantes, Portugal, às 8h00, filho de Maria Pires Agudo e de Francisco Thomaz Botto. O seu pai trabalhava como "marítimo" no rio Tejo. Em 1908 a sua família mudou-se para o bairro de Alfama em Lisboa, onde cresceu no ambiente popular e típico desse bairro, que muito influenciou a sua obra. Recebeu pouca educação formal e trabalhou em livrarias, onde travou conhecimento com muitas das personalidades literárias da época, e foi funcionário público. Em 1924 - 25 trabalhou em Santo António do Zaire e Luanda, na então colónia de Angola.

António Botto tinha uma forte personalidade. Descrevem-no como magro, de estatura média, um dandy, de rosto oval, a boca muito pequena de lábios finos, os olhos amendoados, estranhos, inquisitivos e irónicos (de onde por vezes irrompia uma expressão perturbadoramente maliciosa) frequentemente ocultados sob um chapéu de abas largas.

Tinha um sentido de humor sardónico, incisivo, uma mente e língua perversos e irreverentes, e era um conversador brilhante e inteligente. Era amigo do seu amigo, mas ferozmente ruim se sentia que alguém antipatizava com ele ou não o tratava com a admiração incondicional que ele julgava merecer. Este seu feitio criou-lhe um grande número de inimigos. Alguns dos seus contemporâneos consideravam-no frívolo, mercurial, mundano, inculto, vingativo, mitómano, maldizente e, sobretudo, terrivelmente narcisista a ponto de ser megalómano.

Era visitante regular dos bairros boémios de Lisboa e das docas marítimas onde desfrutava a companhia dos marinheiros, tantas vezes tema da sua poesia. Apesar de ser sobretudo homossexual, António Botto foi casado até ao final da sua vida com Carminda Silva Rodrigues ("O casamento convém a todo homem belo e decadente", como escreveu).

A tempestade desencadeada por Canções e por "Sodoma Divinizada", bem como por outras obras e artigos que apareciam nas livrarias e jornais da época de que importa destacar "Decadência" de Judite Teixeira, foi tremenda, e a Federação Académica de Lisboa, tendo como porta-voz Pedro Teotónio Pereira, denuncia no jornal "A Época", em fevereiro de 1923, a "vergonhosíssima desmoralização, que sob os mais repugnantes aspectos, alastra constantemente".

A Federação Académica de Lisboa estaria com grande probabilidade apenas a servir de face pública das vontades do poder instituído da época porque pouco depois, em Março, é ordenada pelo Governo Civil de Lisboa a apreensão dos já mencionados livros de Botto, Raul Leal e Judite Teixeira.

Fernando Pessoa e Álvaro de Campos protestam contra o ataque dos estudantes a Raul Leal: "Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. (...) Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível". Mas com pouco efeito. O impulso censório, moralista, obscurantista e homofóbico, ganha força com o regime do Estado Novo e a revista "Ordem Nova" declara-se "antimoderna, antiliberal, antidemocrática, antibolchevista e antiburguesa; contra-revolucionária; reaccionária; católica, apostólica e romana; monárquica; intolerante e intransigente; insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da informação". António Botto acaba por se ver forçado a emigrar para o Brasil e Raul Leal será vitíma de espancamentos e deixará de escrever para jornais durante 23 anos.
 Fonte: Wikipédia – A enciclopédia livre

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

"Pôr-do-sol"




Pôr-do-sol


Nos finais de Junho de 2001 a Associação dos Antigos Empregados do Banco Nacional Ultramarino promoveu o 1º “Pôr-do-sol”, convívio que teve lugar no último andar do Edifício do BNU, sito na Rua Augusta, quase junto do Arco do mesmo nome.

Além do convívio, propriamente dito, foi possível contemplar uma Lisboa diferente.

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Pôr-do-sol
(No Terraço do BNU)

Para ver as fotos prima AQUI



BNU

O Banco Nacional Ultramarino era um banco português que operava em vários países, mas em especial nas antigas colónias portuguesas. Era um subsidiário da Caixa Geral de Depósitos, um banco público português.

HISTÓRIA

1864 - O Banco Nacional Ultramarino (BNU) é criado em Lisboa, Portugal, por iniciativa do Ministro da Marinha e Ultramar José da Silva Mendes Leal. Tinha o papel de servir de banco emissor para os territórios ultramarinos portugueses.

1865 - O BNU abre dependências em Luanda (Angola) e na Praia (Cabo Verde).

1868 - O BNU abre dependências em São Tomé e Príncipe, Goa (Margão) e Moçambique.

1901 - O BNU perde o monopólio bancário, mas mantém o monopólio de emissão de notas nos territórios em que opera.

1902 - O BNU abre dependências em Macau e Bolama (Guiné Portuguesa, hoje Guiné-Bissau).

1912 - O BNU abre uma dependência em Díli (Timor Português, hoje Timor-Leste) e outra no Brasil.

1919 - O BNU cria uma representação em Kinshasa e abre uma dependência em Paris.

1920 - O BNU cria uma representação em Bombaim.

1926 - O BNU perde o monopólio emissor em Angola com a criação do Banco de Angola.

1929 - O BNU estabelece uma subsidiária em Londres, o Anglo-Portuguese Colonial and Overseas Bank, e converte a sua dependência de Paris numa subsidiária, o Banque Franco-Portugaise d’Outre-Mer.

1952 - O BNU fecha as suas dependências na Índia.

1964 - A 23 de Maio o BNU é agraciado com o grau de Membro-Honorário da Ordem do Império.

1965 - A General Mining e três bancos portugueses, incluindo o BNU, juntam-se para criar o Bank of Lisbon and South Africa. Esta instituição é hoje o Mercantile Lisbon Bank.

anos 70 - O BNU compra uma parte das acções do Banque Interatlantique, um banco no Luxemburgo.

anos 70 - O BNU estabelece uma representação em Londres.

1974 - O governo português nacionaliza o BNU.

1975 - Moçambique nacionaliza o BNU e muda-lhe o nome para Banco de Moçambique.

1988 - A Caixa Geral de Depósitos torna-se o principal accionista da Banco Nacional Ultramarino S.A. A República Portuguesa é o único outro accionista.

1991 - O BNU abre uma dependência em Londres.

1993 - O BNU abre uma dependência em Zhuhai, uma Região Económica Especial da China.

1993 - A Caixa Geral de Depósitos torna-se accionista principal do Banque Franco-Portugaise d’Outre-Mer.

1995 - O governo chinês confirma que o BNU permanecerá como emissor de notas pelo menos até 2010.

1999 - O BNU abre representações em Bombaim e Pangim, e uma dependência em Díli, Timor-Leste.

2000 - O BNU assina um acordo com a Administração da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China, pelo qual o banco se mantém como Agente do Tesouro.

2001 - O BNU e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) fundem-se através da incorporação do Banco Nacional Ultramarino na CGD. Com efeito desde 1 de Julho de 2001, a dependência de Macau do Banco Nacional Ultramarino transforma-se num banco incorporado na RAEM, sob o nome de Banco Nacional Ultramarino S.A., mas na condição de subsidiário da Caixa Geral de Depósitos e cujo capital social pertence na sua totalidade à CGD. O Banco Nacional Ultramarino S.A. mantém as suas funções de emissão de moeda e de Agente do Tesouro.

2002 - A Caixa Geral de Depósitos adquire a maioria do Mercantile Lisbon Bank na África do Sul.

Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ficamos à espera




FICAMOS À ESPERA

Já se foi o tempo em que um fio de barba valia a honra empenhada.
(Annaribeiiro)


Compromissos

Muitos de nós aprendemos que o aio de D. Afonso Henriques, Egas Moniz, se apresentou com a família perante o rei castelhano, D. Afonso VII, com a vestimenta dos condenados da época, entregando a sua vida e da família como penhor de promessa feita em nome de D. Afonso Henriques e não cumprida, ressalvando assim a sua honra.

Embora nos tempos que correm a “cultura da honra” esteja a desaparecer e a ser substituída pela “cultura da lei” não podemos desvalorizar os compromissos públicos assumidos por entidades e/ou personalidades sob pena de as relações humanas se deteriorarem. Em qualquer circunstância, mesmo nos tempos atuais, quando uma entidade e/ou personalidade assume um compromisso e o não cumpre é um direito de qualquer cidadão denunciar esse facto e relembrá-lo sempre que se justificar.

No que ao autocaravanismo respeita, o Programa de Candidatura (ver AQUI) de TODAS as Listas candidatas aos órgãos estatutários da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que se apresentaram sob a sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, é um compromisso público assumido por todos os candidatos. É, resumindo, o mesmo que darem a “palavra de honra”, expressão que designa a “promessa que se faz, dando como garantia a própria honra”


Ser intelectual e politicamente honesto

Note-se, contudo, que não foi apenas o órgão Presidente da Federação que se candidatou com o acima referido Programa, foram igualmente todas as restantes Listas candidatas ao abrigo da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, ou seja, também os membros dos Conselhos Regionais de cada uma das Regiões em que a FCMP se organiza, os Delegados à Assembleia Geral, os membros dos Conselhos Fiscal, de Disciplina, de Justiça e de Arbitragem e os membros da Mesa da Assembleia Geral. Mesmo os membros da Direção da Federação, que não são eleitos, mas nomeados pelo Presidente da Federação, não ignoram qual é o Programa de Candidatura que devem respeitar. Concluindo: Todos, eleitos ou designados, no âmbito da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro” são corresponsáveis pelo cumprimento do Programa de Candidatura.

Será intelectual e politicamente honesto que qualquer um dos candidatos, eleito ao abrigo do Programa de Candidatura, venha, posteriormente, afirmar que não aceita o Programa (no todo ou em parte) ou mesmo aprovar nos órgãos de que faz parte deliberações contrárias ao Programa de Candidatura? Ou, o que não é menos criticável, não desenvolver esforços para levar à prática o conteúdo do Programa de Candidatura e/ou protelar intencionalmente a aplicação desse Programa?

Quais são pois as promessas que estes candidatos assumiram, no que ao autocaravanismo respeita, para o mandato 2013/2016 e que, quase no fim de 2 anos de mandato, não estão sequer iniciadas ou sobre elas prestados quaisquer esclarecimentos públicos?

Recordemo-las:

Dinamizar a aplicação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade subscrita pela FCMP em 31 de Maio de 2010.”

Propor a representação da FCMP na Comissão Europeia de Autocaravanas da FICC.”

Estudar, aprofundar e dar resposta a legislação para suprir dificuldades encontradas pelos praticantes de algumas modalidades designadamente de Autocaravanismo

Desenvolver iniciativas (Conferências, Seminários, Jornadas, Encontros e/ou Workshops), em torno de temáticas sobre a prática de atividades campistas, Autocaravanistas e Caravanistas, ligadas ao Turismo e de conservação do Ambiente.

Potenciar o Movimento Autocaravanista, dinamizando a sua Internacionalização junto das nossas congéneres, particularmente do sul da Europa, também com vista a promover parcerias que venham a garantir uma maior utilização dos equipamentos nacionais.

Criar um órgão de apoio e informação Turística, Cultural e Legislativa, aos Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas que se deslocam para fora do país e aos mesmos Praticantes Estrangeiros que se desloquem a Portugal.

Promover encontros e percursos regulares que estimulem o convívio, a partilha de conhecimentos e deem a conhecer Portugal e o Turismo itinerante.

Promover a busca de melhores condições para o Turismo automobilizado, seja por sinalética rodoviária adequada, instalações e infraestruturas de apoio locais e promovendo os espaços onde se possa estacionar e pernoitar em segurança.

Promover melhores condições para Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas bem como os seguros específicos às atividades e veículos com necessidades de deslocamento diferente.

Sensibilizar e envolver todos os operadores para este mercado de Campistas, Autocaravanistas, Caravanistas e Montanheiros que em si mesmo promove o desenvolvimento turístico (ACAP, PRP, Gasolineiras, Poder Publico e Local, equipamentos, etc.)

Envolver os Municípios e Distritos no Campismo, Autocaravanismo e Caravanismo com premiação anual.

Promover protocolos com Empresas e Organizações ligadas à produção e comercialização de equipamentos e outros produtos associados ao Campismo, Autocaravanismo, Caravanismo e Montanhismo.”


Obrigações aprovadas para 2014

Mas, embora num âmbito distinto, os membros dos diferentes órgãos da FCMP também assumiram publicamente a responsabilidade de aprovarem o Plano de Atividades e Orçamento para 2014 que tem um importante significado no que se refere à politica autocaravanista a seguir pela FCMP e, obviamente, pelas respetivas associadas, na medida em que é um documento que, embora proposto pela Direção da FCMP, foi aprovado pelo órgão máximo da Federação, a Assembleia Geral.

No que respeita ao autocaravanismo é dito que o “ (…)  Plano de Atividades para esta área foi elaborado em grande parte pela própria Comissão, pois é uma proposta para todo o Movimento e, mais do que isso, é um compromisso dos membros da Comissão perante as Filiadas da Federação e, especialmente, perante os Autocaravanistas de Portugal. (…) ”

Este trecho delega na Comissão de Autocaravanismo da FCMP uma especial responsabilidade no cumprimento das propostas que a Comissão terá apresentado à Direção da Federação e que a Assembleia Geral caucionou.

Quais são pois os objetivos na área do autocaravanismo a promover pela FCMP através da Comissão de Autocaravanismo?

• Manter como orientação primeira os conceitos consignados na Declaração de Princípios que a FCMP subscreveu em maio de 2010 e que a FICC adaptou no essencial em agosto de 2011;

• Consagrar um Dia dedicado ao Autocaravanismo com o objetivo de contribuir para evidenciar periodicamente esta temática e chamar a atenção da opinião pública para as questões que se colocam aos autocaravanistas e para os benefícios que a sociedade pode colher desta atividade;

• Contribuir para o Desenvolvimento Local no Âmbito do Turismo Itinerante;

• Estabelecer parcerias com as organizações de apoio ao desenvolvimento local, designadamente com o Projeto “Portugal Tradicional”;

• Promover a criação de uma Base de Dados de Representantes de Marcas de Autocaravanas em Portugal e de “Oficinas de Autocaravanas” de acesso público é, mais do que um objetivo, uma necessidade;

• Partindo do princípio que as “Áreas de Serviço para Autocaravanas” são um apoio importante para esta atividade, há que continuar a pugnar pela sua implementação, numa proporção nunca inferior a uma por Concelho, devendo esta dinâmica ser acompanhada de forma coordenada e sustentada, com o apoio dos Conselhos Regionais;

• Por outro lado, torna-se necessário compreender que os autocaravanistas não estão suficientemente unidos, conscientes do que querem e com disponibilidade para lutarem e conseguirem uma Lei Quadro em que os interesses económicos não se sobreponham a uma atividade cultural de excelência e às liberdades da prática do Autocaravanismo;

• Continuar a aprofundar as relações com as autarquias através de um canal de divulgação dos eventos que as autarquias promovam, relacionados direta ou indirectamente com o autocaravanismo e que possam ser de interesse para os autocaravanistas;

• Contribuir para que a FCMP esteja fortemente representada em acampamentos, nacionais e internacionais e, por outro lado, participe em debates, seminários, convenções, eventos lúdicos, desportivos e/ou culturais, entre outros, contribuindo para um melhor esclarecimento, formação e conhecimento do que é e do que se pretende que seja o autocaravanismo associativo.

Se atentarmos neste ambicioso Plano da FCMP, Plano que consubstancia os quereres de muitos e muitos autocaravanistas e que defende a prática responsável e livre do autocaravanismo, não podemos negar que, depois de esta mesma Federação, a única em Portugal a ter subscrito a Declaração de Princípios, esta Federação que oficialmente tutela o autocaravanismo no nosso País, veio apontar caminhos que aniquilam as críticas destrutivas e sem sustentação que, alguns, poucos, lhe fazem.

Perante as promessas eleitorais (que foram sufragadas pelos eleitores) e o Plano de Atividades para 2014 (que foi aprovado pela Assembleia Geral da FCMP), considerando que já passaram quase dois anos sobre o início do mandato e mais de 2/3 do início do ano a que respeita o Plano de Atividades, que promessas ou objetivos do Plano de Atividades foram cumpridos ou sequer iniciados?


O que (não) fez a Comissão de Autocaravanismo?

É, no entanto, importante recordar que (no no âmbito do autocaravanismo) enquanto o Programa de Candidatura é da responsabilidade dos atuais dirigentes da FCMP, já o Plano de Atividades deve ser promovido e implementado através da Comissão de Autocaravanismo da FCMP. Mas, o que tem feito a Comissão de Autocaravanismo? Como irá justificar no Relatório e Contas de 2014 o que (não) fez?

Faço votos para que a Comissão de Autocaravanismo da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal saiba assumir a responsabilidade que lhe foi confiada e que obtenha os apoios institucionais e políticos de que carece para implementar o Plano de Atividades aprovado pela Assembleia Geral da Federação. Ou que venha publicamente justificar-se!

FICAMOS À ESPERA.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Poesia de… Florbela Espanca



SE TU VIESSES VER-ME


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti…

(Florbela Espanca – 1894-1930)




Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca,1 foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

Autora polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto "No meu Alentejo" é uma glorificação da terra natal da autora.

Somente duas antologias, Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923), foram publicadas em vida da poetisa. Outras, Charneca em Flor (1931), Juvenília (1931) e Reliquiae (1934) saíram só após o seu falecimento. Toda a obra poética de Florbela foi reunida por Guido Battelli num volume chamado Sonetos Completos, publicado pela primeira vez em 1934. Em 1978 tinham saído 23 edições do livro. As peças anteriores às primeiras publicações da poetisa foram reconstituídas por Mária Lúcia Dal Farra, que em 1994 editou o texto de Trocando Olhares.

A prosa de Florbela exprime-se através do conto (em que domina a figura do irmão da poetisa), de um diário, que antecede a sua morte, e em cartas várias. Algumas peças da sua correspondência são de natureza familiar, outras tratam de questões relacionadas com a sua produção literária, quer num sentido interrogativo quanto à sua qualidade, quer quanto a aspetos mais práticos, como a sua publicação. Nas diferentes manifestações epistolares sobressaem qualidades que nem sempre estão presentes na restante produção em prosa - naturalidade e simplicidade.

Fonte: Wikipédia – A enciclopédia livre