quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

HOUVE QUEM COMEÇASSE COM MENOS


HOUVE QUEM COMEÇASSE COM MENOS

No dia 30 de novembro estive nas duas Assembleias Gerais do CPA em Quiaios (Figueira da Foz).

Na primeira das Assembleias, onde até estive em lugar de destaque por força do cargo que ainda desempenho, olhando a cerca de meia centena de sócios do CPA presentes, quase todos acompanhados, não pude deixar de reflectir sobre as razões que levavam aquelas quase cem pessoas a percorrer muitos e muitos quilómetros para estarem presentes numa reunião. Estas pessoas disponibilizaram uma parte do respectivo tempo de vida para, num fim-de-semana, deliberarem, conjuntamente com outros, sobre o futuro colectivo de uma actividade. Mas, por muito incrível que pareça, até pagaram para participar. Ninguém lhes prometeu nada.

Na segunda das Assembleias Gerais não pude deixar de me admirar com a persistência dos sócios que aguardaram pacientemente a hora estipulada para exercer o direito de voto e, também, com o exemplo de todos (muitíssimo poucos) que, impossibilitados de estar presentes, não quiseram deixar de votar através do meio que os atuais estatutos permitem: o voto por correspondência.

É por demais evidente que os associados do CPA são parte constitutiva da sociedade portuguesa. Ou seja, fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses não vota; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses protesta e grita muito, mas se recusa a preencher uma simples folha de um livro de reclamações; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses não usa o voto como uma forma de mudança e de afirmação do respectivo querer; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses se recusa a assumir responsabilidades, nem sequer sociais, mas que não hesita em criticar por nada ser feito e a exigir que se faça, ou, melhor dizendo, que outros façam; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses não participa e não contribui para o aprofundar da democracia no respectivo círculo de influência.

E reflectindo sobre tudo isto não pude deixar de olhar com admiração e respeito aquela meia centena de portugueses, sócios do CPA, que continuam a remar contra a maré, que continuam a contribuir para a mudança, que continuam a participar mesmo que apenas numa inocente área associativa ligada ao autocaravanismo. Outros, nem isso!

O apoio à Direcção eleita por esta meia centena de sócios é um bom prenúncio. Sem querer ser desrespeitoso recordo que há pouco mais de 2000 anos houve quem começasse com apenas uma dúzia de apoiantes e, presentemente, a mensagem difundida, tem já uns milhões de seguidores.

(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo – AQUI)


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