quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A canção é uma arma


A canção é uma arma


Quando se pergunta a um autocaravanista o que mais lhe agrada na prática da modalidade, a palavra LI-BER-DA-DE surge invariavelmente como quase um sinónimo de autocaravanismo. Mas a liberdade não é um conceito abstracto, pois para se a ter plenamente é imprescindível que seja acompanhada de outros valores, e, muito importante, de independência, especialmente de independência económica.

Em 1975 José Mário Branco apresentava no Festival RTP da Canção um poema que hoje, talvez mais do que ontem, tem uma actualidade que me emociona. Um poema que fala de independência, de pão, de paz, de trabalho, de exploração, de roubo, de domínio externo. E o mais surpreendente é que este poema foi escrito há quase 40 anos.

Procure-se não valorizar a questão meramente ideológica (ou mesmo panfletária) no que se refere ao tipo de sociedade que se deseja e reflicta-se sobre o poema comparando cada verso com a situação social e política actual, designadamente nas partes que no poema sublinhei.

Leia o poema e, depois, não deixe escutar o vídeo abaixo transcrito.


ALERTA

Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!

Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade

Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!

Pelo pão que nos rouba a burguesia
Que nos explora nos campos e nas fábricas
Operários, camponeses hão-de um dia
Arrebatar o poder à burguesia
Abaixo a exploração!
Pelo pão de cada dia!
Pois claro!

Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade

Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!

Só teremos a paz definitiva
Quando acabar a exploração capitalista
Camaradas soldados e marinheiros
Lutemos juntos pela paz no mundo inteiro
Soldados ao lado do povo!
Pela paz num mundo novo!
Pois claro!

Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade
Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!

Pela terra que nos rouba essa canalha
Dos monopólios e grandes proprietários
Camponeses, lutem p´la reforma agrária
P´ra dar a terra àquele que a trabalha
Reforma agrária faremos!
A terra a quem a trabalha!
Pois claro!

Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade
Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!


Pela independência nacional
Contra o domínio das grandes potências
Fora o imperialismo internacional
Que tem nas mãos metade de Portugal
Abaixo o imperialismo!
Independência nacional!
Pois claro!

Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade
Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!

Não há povo que tenha liberdade
Enquanto houver na sua terra exploração
Liberdade não se dá só se conquista
Não há reforma burguesa que resista
Democracia popular!
E ditadura proletária!
Pois claro!


Pelo pão e pela paz
E pela nossa terra
Pela independência
E pela liberdade

Alerta! alerta!
Às armas! às armas!
Alerta!


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