quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Quando, ao passar por Celis...


Celis ES - Cantabria



Quando, ao passar por Celis...
(Mini crónicas de uma viagem por Espanha)


Há momentos na vida das pessoas que não se explicam. Quando assim acontece dizemos que foi a “vontade de deus”, o “destino” ou uma “coincidência”. E maravilha-mo-nos com o sucedido.

Há também o hábito (mau hábito) de tratarmos os conhecidos com quem mais interagimos como “amigos”. Pessoalmente, os dedos das minhas mãos chegam e sobram para contar os meus amigos. Muitas e muitas vezes estou meses sem contactar algum desses meus amigos, mas quando nos encontramos é como se nos tivéssemos separado na véspera.

Há também a ideia feita de que os melhores (?) amigos são aqueles cuja amizade foi construída enquanto crianças ou adolescentes. É verdade, mas não é uma verdade absoluta. Há uns oito, nove anos, saiba-se lá porquê, nasceu entre mim e o Nuno (nome fictício) uma amizade que se foi cimentando e que continua até aos dias de hoje.

A amizade entre mim e o Nuno nasce no seio do movimento associativo autocaravanista. É pois no associativismo que é construída uma amizade entre duas pessoas com percursos de vida, filosofias, motivações políticas, interesses culturais e estatutos sociais diferentes. Contudo, a honestidade intelectual (e não só), o respeito pelas diferenças e o espírito humanista de Nuno, revelados desde o início da nossa relação, contribuíram para uma amizade nascida numa idade em que já não é usual.

Saiba-se, também, que raramente eu e o Nuno viajamos juntos e este Verão não foi uma excepção. Normalmente viajo sozinho. Melhor dizendo: Viajamos (eu e a minha mulher) sozinhos.

Tinha saído de Portugal fariam uns 15 dias e, depois de ter pernoitado em Cangas de Onis (onde passara pelas peripécias que relatei na minha crónica anterior), rumei para Arenas Las Cabrales (nas Astúrias) onde almocei e após o que apontei na Direcção de Potes (na Cantábria), que alcançaria seguindo ao longo de um desfiladeiro, num percurso maravilhoso que já fizera alguns anos antes.

Mas o “destino” não queria que eu fosse pelo desfiladeiro. Estava encerrado para obras, pelo que havia que seguir por uma estrada de montanha, num percurso também muito bonito, embora mais longo e moroso.

Era uma tarde solarenga, embora não muito quente, que me permitia uma condução agradável, quando, ao passar por Celis...

(Quando o Império Romano caiu, em 1453, os guerreiros Céleres (nome do seu primeiro líder, Celer de Romulus) e suas famílias deixaram Roma e foram para o Vale do Rionansa em Cantábria, Espanha, onde, durante gerações os Celeres se casaram com os habitantes locais, criando novas famílias. A pequena aldeia e os sobrenomes das pessoas que lá viviam foram chamados Celis. - Fonte: WikipediA).

Quando, ao passar por Celis... lá estava a autocaravana do Nuno, o Nuno, a esposa e o Rapazote, o amigo de 4 patas.

Este inesperado encontro, não previamente acordado, foi obra do “destino”? Foi “vontade de deus”? Foi uma “coincidência”? Deixo a resposta a outros mais doutos nestas matérias. Quanto a mim, sei, Ah!, isso sei, que foi um encontro muito agradável que nos permitiu pôr a conversa em dia enquanto tomávamos um café.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)






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