quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Os incómodos deles


(Imagem obtida na internet de autor desconhecido)



Os incómodos deles

Há quem, ao longo dos tempos, procure branquear os factos que ocorreram num país, numa cidade, num partido, numa associação. É da responsabilidade dos que prezam a verdade dos factos não permitir que tal ocorra e manter viva a memória.

Não é um facto de menor importância que uma associação seja recebida em audiência na Assembleia da República e ainda mais relevante se torna esse facto quando o objectivo pretendido for o de propor alterações significativas na legislação. Seria, pois, normalíssimo que a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) difundisse à exaustão a audição pelo “Grupo de Trabalho de Turismo da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República” (ver AQUI) que teve lugar no dia 23 de Junho de 2016. Tal não se verificou e só em princípios de Agosto, pela mão da FPA, os autocaravanistas se aperceberam que as propostas da FCMP na Assembleia da República conduziam à discriminação negativa dos veículos autocaravanas e contrariavam todos os compromissos a que os dirigentes desta federação se tinham comprometido.

O que já se disse sobre as propostas legislativas da FCMP, sobre a quebra de compromissos dos respectivos dirigentes, sobre o “assobiar para o lado” da Comissão de Autocaravanismo da FCMP e sobre a desfiliação da “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA”, evidencia que a FCMP deixou de ter qualquer significado para o Movimento Autocaravanista de Portugal. No entanto, sabe-se lá porquê, os dirigentes da FCMP divulgaram na passada semana a Newsletter 4 de 2016 (ver AQUI) que, na interpretação que dela faço, manifesta o incómodo que sentem face à incapacidade que têm de justificar junto dos autocaravanistas as propostas legislativas que apresentaram na Assembleia da República.


Os compromissos deles

O editorial da atrás referida Newsletter, que se intitula “O NOSSO COMPROMISSO”, faz-me reflectir sobre o valor das palavras. Um título pomposo que lembra outros compromissos da FCMP relacionados com o autocaravanismo e que, além de não terem sido cumpridos, foram renegados ao ponto de os dirigentes da FCMP defenderem exactamente o contrário do que se comprometeram

O Presidente da FCMP fala do passado escrevendo “Claro que nos candidatamos com um programa ambicioso e exequível e, apesar das críticas despeitadas, temos tido o apoio inequívoco da generalidade dos Clubes e, particularmente, dos seus dirigentes.” A ser verdade (e não me permito duvidar) os Clubes e particularmente os dirigentes apoiam quem não cumpriu os compromissos relacionados com o autocaravanismo, apoiam quem defendeu propostas que contrariavam esses compromissos e apoiam quem não teve a coragem de vir publicamente justificar as propostas..

O NOSSO COMPROMISSO”, considerando o que se sabe sobre as posições relacionadas com os compromissos autocaravanistas anteriores, não passa de um chavão. Mas, o incómodo dos dirigentes da FCMP é tão ou mais evidenciado na Newsletter ao ponto de dedicarem duas páginas à saída do CPA da FCMP. As posições coerentes de uma pequena associação perturbam o gigante.


As contradições deles

O texto intitulado “As contradições do associativismo autocaravanista”, a páginas 4 e 5 da Newsletter, está pleno de lugares comuns e “cantos de sereia”, cuidadosamente elaborados para criar a simpatia dos associados que estiveram presentes na Assembleia Geral do CPA que votou favoravelmente a saída da FCMP. Mas, este texto, lido na Assembleia Geral, não convenceu os associados. Não os convenceu porque não esclarecia que razões tinham levado os dirigentes da FCMP a proporem legislação lesiva dos interesses dos autocaravanistas sem sequer a prévia auscultação do CPA que segundo a Newsletter é “ (…) a associação que se encontra melhor apetrechada, pela experiencia dos seus dirigentes e pela capacidade de mobilidade, a melhor resposta à necessidade de associar, esclarecer e formar consciências no seio do movimento Auto caravanista.” demonstrando que se trata de uma afirmação contraditória, para não dizer hipócrita.

Não vale pois a pena escalpelizar todos os parágrafos deste específico texto da Newsletter, contudo não me é possível deixar de transcrever o que entendo ser o mais absurdo:

Não duvidamos que, nós como eles, caminhamos com um objetivo comum. Servir com as melhores soluções os associados que representamos. E para isso contamos com a CPA.“.

Mas, isto é sério?! O CPA e a FCMP têm um objectivo comum? E para o alcançar esse objectivo a FCMP conta com o CPA? Mas não é a FCMP que quer que constitua um “(...) acampamento ocasional, nomeadamente, a pernoita no interior de caravana, autocaravana ou outro veículo automóvel estacionado na via pública ou em terreno de que o utilizador do veículo não seja proprietário(ver AQUI)? E não sabe a FCMP que o CPA sempre se opôs a este conceito de campismo?

A facilidade com que o presidente da FCMP informa que o CPA e a FCMP têm um objectivo comum e que conta com o CPA para o alcançar é, no mínimo, uma afirmação anedótica. Ou está o presidente da FCMP a falar de quê? Não está a falar das razões que motivaram a saída do CPA da federação?


E as respostas deles?

Senhor presidente da FCMP, assuma a responsabilidade da intervenção que fez na Assembleia da República e tenha a coragem de a mandar divulgar no Portal da FCMP.

Senhor presidente da FCMP, na próxima Newsletter, aborde a substância do tema e explique aos autocaravanistas quais foram concretamente as razões porque propôs uma legislação que obriga as autocaravanas e todos os restantes veículos a pernoitarem em Parques de Campismo.



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)


3 comentários:

  1. Enquanto dirigente do CPA subscrevo o conteúdo desta crónica e continuo a aguardar que o presidente da FCMP explique a razão da sua proposta que remete todas as autocaravanas para os parques de campismo durante a noite.
    Até lá os objetivos do CPA e os da FCMP são, no mínimo, antagónicos.

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  2. Parabéns Rui pelo seu excelente texto. Parabéns Rui pelas questões que coloca ao Presidente da FCMP e que, como se sabe, ele não vai responder. E não vai responder porque isso, como se diz na gíria, seria a morte do artista! Se me permite eu acrescentaria uma outra, que seria a seguinte; é ou não verdade que o sr.Presidente da FCMP " rasgou, violou e tripudiou os compromissos assumidos com o CPA genericamente consubstãnciados no respeito pela Declaração de Princípios"? Um abraço autocaravanista.

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  3. Subscrevo inteiramente tudo que esta escrito nesta cronica.Enquanto a FCMP continuar a querer remeter os Autocaravanistas para os parques de campismo durante as "pernoitas",será sempre um inimigo publico do Autocaravanismo.

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