segunda-feira, 13 de abril de 2015

Poesia de… José Niza



E DEPOIS DO ADEUS

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.


"E Depois do Adeus" é um canção com letra de José Niza e música de José Calvário, que foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho na 12.ª edição do Festival RTP da Canção1 , do qual sairia vencedora. Nessa qualidade, representaria Portugal em Brighton, a 6 de Abril, no Festival Eurovisão da Canção 1974, terminando em último lugar, com apenas 3 pontos, ex aequo com as canções da AlemanhaSuíça e Noruega. "E depois do Adeus" foi a canção que serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril de 19742 .

A questão das duas senhas do 25 de Abril

Com a transmissão de "E Depois do Adeus", pelos Emissores Associados de Lisboa às 22h55m do dia 24 de Abril de 1974, era dada a ordem para as tropas se prepararem e estarem a postos. O efectivo sinal de saída dos quartéis, posterior a este, seria a emissão, pela Rádio Renascença, de "Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso .

A razão da escolha de "E Depois do Adeus" é clara: não tendo conteúdo político e sendo uma música em voga na altura, não levantaria suspeitas, podendo a revolução ser cancelada se os líderes do MFA concluíssem que não havia condições efectivas para a sua realização. A posterior radiodifusão, na emissora católica, de uma música claramente política de um autor proscrito daria a certeza aos revoltosos de que já não havia volta atrás, que a revolução era mesmo para arrancar.

O tema

Embora o título, em retrospectiva, pareça remeter para o adeus ao regime do Estado Novo, a canção em si é uma balada sem conteúdo político (ao contrário da vencedora do ano anterior). Nela, Paulo de Carvalho põe-se no papel de um homem que se vê perante o fim de um relacionamento amoroso. Ele diz à pessoa amada e compara-a a "uma flor que desfolhei", implicando que a relação foi de curta duração. Ele também se refere ao amor, cantando que "é ganhar ou perder".


José Manuel Niza Antunes Mendes, ou simplesmente José Niza (Lisboa, 16 de Setembro de 1938 - Santarém, 23 de Setembro de 2011), foi um médico, compositor e político português.

Em 1956 foi para Coimbra estudar medicina . É nessa cidade que funda, em 1961, a Orquestra Ligeira do Orfeon Académico de Coimbra, conjuntamente com José Cid, Proença de Carvalho, Joaquim Caixeiro e Rui Ressurreição.

Em 1971 passa a ser responsável pela produção da editora Arnaldo Trindade, Lda. (Discos Orfeu).

José Niza ganhou quatro Festivais RTP da Canção. É o autor da letra da canção E depois do Adeus.

Deputado em muitas legislaturas colaborou em diversas iniciativas e diplomas legislativos: Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos, Lei de Protecção da Música Portuguesa, Redução do Imposto sobre Importação de Instrumentos musicais, etc.

José Niza faleceu no dia 23 de Setembro de 2011.


Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

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