quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Tudo a bem do povo, claro!



A verdade é filha do tempo, e não da autoridade.”
                                                           Galileu Galilei 


Verdade – Autoridade - Censura


O procedimento dos donos do CampingCar ao bloquearem a minha liberdade de expressão naquele espaço virtual (ver AQUI) revela uma actuação repressiva com a alegada intenção de intimidar, quem sabe se até com o objecto de condicionar o autor (o que não conseguiram, ver AQUI), ou, mesmo, servir de aviso à navegação (o que também não conseguiram, ver AQUI), para que outros se não atrevam a desdizer o que os donos do CampingCar, que se arvoraram no papel de juízes, entendem ser o politicamente correcto e, através dessas acções censórias passarem a mensagem, errada, de estarem a contribuir para a unidade (ver AQUI a questão da unidade e da unicidade).

O enquadramento do que se deve ou não poder dizer ser um exclusivo dos donos do CampingCar que, com esta filosofia praticada no respectivo Fórum, nos querem fazer regressar ao século XVII, mais precisamente a 1616, quando o Tribunal do Santo Ofício se pronunciou sobre a Teoria Heliocêntrica, declarando que a afirmação de que o Sol é o centro imóvel do Universo era herética e que a de que a terra se move, estava errada. Há luz dos conhecimentos gerais da época, da difusão da cultura, a decisão do tribunal era lei, era fé, era a verdade. Mas, “há sempre alguém que resiste; há sempre alguém que diz NÃO”.

Hoje, porque já temos mais algum entendimento das coisas, conseguimos (conseguimos?) ter o discernimento suficiente para compreender, com este e outros exemplos, que a censura pretende suprimir informação, formas de expressão e opiniões para que tudo continue igual, para que não haja alterações na forma e substância de pensar, para que nada mude, para que quem mantem o poder não tenha que lidar com conflitos e discussões que se venham a verificar.

Os iluminados defensores dos actos censórios justifiçam-se sob os mais diversos pretextos: combater a mentira (recordemos o que se passou com Galileu), defender a moral e os bons costumes, proteger os inocentes e incultos cidadãos. Tudo isto, num assumido paternalismo, próprio dos ditadores que tudo sabem e consideram os cidadãos incapazes de pensar. In extremis até o direito ao voto acaba por ser questionado e vedado, porque as pessoas não têm capacidade de raciocino. Tudo a bem do povo, claro!

Recordemos, porque é importante, também a autocensura que resulta da preocupação em não ser censurado, o que coíbe o expressar opiniões que possam gerar controvérsia e daí, tantas vezes, resultar o medo de se ficar isolado, pelo que, também muitas vezes, “limam” as opiniões que têm para as aproximar das opiniões que julgam dominantes no grupo. Para, com isso, sentirem que fazem parte de “algo”. Uma comparação, talvez abusiva, reporta-se aos adolescentes, que para se integrarem num grupo, para se não sentirem isolados, ostracizados, aceitam práticas iniciáticas com que individualmente nunca concordariam. A autocensura tem muito a ver (não só) com o medo de se estar isolado, porque o Homem é um ser eminentemente social.

Felizmente em Portugal, com a Constituição da Republica, foi consagrada a liberdade de expressão. Mas, o facto de estar consagrada em Lei não é por si só garantia de que não exista censura. Além do alegado caso de censura de que foi vítima José Saramago, outras personalidades também terão alegadamente sido objecto de censura. Personalidades como Herman José, Augusto Cid, José Vilhena e Marcelo Rebelo de Sousa estão entre os alegados casos de censura após o 25 de abril. A ser verdade, são poucos, dirão. Um só seria muito, porque o mal, está em começar. E mais do que o mal estar em começar, está ainda mais mal em não haver um claro repúdio por todas as tentativas, mesmo que incipientes, de censurar, de impedir a liberdade de expressão. Os cidadãos democratas e com consciência cívica não toleram actos de censura, criticam-nos e repudiam-nos. Os cidadãos e as instituições.

O que se ganha com uma política que impõe a censura?


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)

1 comentário:

  1. .
    Uma informação e um esclarecimento

    Um “anónimo” pretendeu colocar um comentário no Blogue do “Papa Léguas Portugal – Autocaravanismo” em que insulta, de forma directa, os responsáveis pelo “CampingCar Portugal. Quando digo INSULTA quero dizer isso mesmo, pois não se trata de uma divergência de opiniões, fosse ela fundamentada ou não.

    Esse mesmo “anónimo” não esqueceu de também me insultar (embora isso não seja o mais relevante) e estender os insultos a outras associações políticas.

    Dizer de alguém que é “isto e aquilo” não é próprio de gente civilizada.

    Nos espaços da minha responsabilidade não me oporei, nem censurarei, toda e qualquer manifestação de opinião que não seja um MERO INSULTO DE NATUREZA PESSOAL a quem quer que seja, pelo que, independentemente das fortes divergências que tenho com o acto censório que foi praticado no CampingCar continuo a respeitar as pessoas e não permitirei que as mesmas sejam insultadas.
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