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obtida no portal “canaltech”
COVID
– 19
(A
IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO)
Transcrevo
o texto abaixo que chegou ao meu conhecimento e que me parece útil
ser divulgado
“Caríssimos
Recebi
este texto dum colega meu, presidente de uma das faculdades de
Medicina do país. Retoquei-o ligeiramente para o encurtar e re-envio
porque acho fundamental.
Não
somos entidades com nomes sonantes nem peritos em epidemiologia,
somos apenas médicos que vivem diariamente num Sistema Nacional de
Saúde (SNS) que no dia a dia já trabalha no limite, e como tal,
vemos com apreensão os dias que se avizinham.
Não
estamos satisfeitos com o modo como a situação do COVID-19 tem sido
conduzida pelas entidades competentes nem com o comportamento da
população. Na tentativa de não causar pânico, a verdadeira
mensagem de responsabilização de cada um não está a passar e a
nossa percepção é que pessoas fora da área da Saúde acham que o
actual cenário “é um exagero”.
Assim,
pretendemos deixar as seguintes notas com base no cenário que vemos
em Itália e que começamos a ver em Espanha, reforçando o seguinte:
1.
A MAIORIA DOS CASOS É UMA DOENÇA LIGEIRA - Mais de 80% das
pessoas infectadas com o COVID-19 terão sintomas muito leves,
semelhantes a uma simples constipação ou a uma gripe ligeira. Estes
casos não precisam e não devem ir aos Serviços de Urgência.
Não o dizemos por capricho! Não há qualquer tratamento a
oferecer aos casos ligeiros e a grande maioria melhorará por
si com os cuidados domésticos usuais. Hospital não é para ser
usado como terapêutica da ansiedade. E será mais um a colocar em
risco sem necessidade todos os outros utentes e profissionais que lá
estejam.
2.
PELO MENOS 10% DOS CASOS SERÃO GRAVES o suficiente para
causar falta de ar e obrigar ir ao Hospital. Destes 10%,
alguns serão graves o suficiente para precisarem de ventilação
mecânica, ou seja de ventilador, que o povo conhece como “ficar
ligado à máquina”. Apesar de estes casos graves serem
maioritariamente pessoas idosas ou com doenças que os fragilizam,
podendo chegar a 15-20% destes, também poderão acontecer a jovens
saudáveis, embora raros, (0.2%?). Isto totalizará cerca de 10.000
casos a precisar de ventilação. Se isto acontecer em pouco tempo
significa uma enormidade de doentes graves que o SNS não terá
capacidade de assistir da melhor forma, que é o que se vê acontecer
em Itália, onde ventiladores estão a ser recusados logo à partida,
sem qualquer contemplação, a pessoas com mais de 60 anos. É
simples, não há para todos ao mesmo tempo, em país nenhum do
mundo.
3.
AS CRIANÇAS parecem ser bastante contagiosas, ao
contrário do que se viu escrito em alguns locais, mas
apresentam poucos sintomas quando infectadas. Não há
qualquer caso publicado de doença grave em crianças menores de 10
anos. Os miúdos são rijos, mas muito contagiosos. Ou seja,
devemos evitar o contacto entre as crianças da família e
respectivos avós e outros membros mais frágeis.
4.
O QUE PODEMOS ENTÃO FAZER? Tentar que em vez de termos 10.000
casos até ao final de Março, tenhamos esses 10.000 casos espalhados
no tempo ao longo de 6 meses. Faz muita diferença entrarem no mesmo
dia 10 ou ter 50 pessoas num hospital a precisar de ventilador. Como
podemos então abrandar o surgimento de novos casos? Isolarmo-nos o
mais possível. E cada dia conta no atraso da
propagação que vamos conseguir! Assim
a.
Se és dono de uma empresa ou escritório considera fechar
portas e colocar os funcionários a trabalhar tanto quanto
possível de casa. E salvaste vidas!!
b.
Se podes trabalhar de casa, deves absolutamente fazê-lo.
c.Não
vás ao ginásio, vai dar uma corrida (não em grupo!) e faz umas
flexões em casa.
d.
Não vás ao café nem ao restaurante, para já não
falar de discotecas e bares.
e.
Cancelem reuniões de família. Terão de compreender
que isso é melhor que ter familiares doentes
5.
TEMOS DE CORRIGIR E CRITICAR OS QUE SABOTAM O ESFORÇO DE TODOS seja
por egoísmo, ou por ignorância. É o caso dos aglomerados
que se viram recentemente da garotada e turistada que foi para as
praias, muitos deles por acreditarem em mitos estúpidos como a agua
do mar ou estar ao sol matarem o vírus. As pessoas e a sociedade não
têm só direitos, têm também deveres. Isso é algo que os
discursos políticos, para ganhar votos, levam as pessoas a
esquecer-se.
6.
A MÁSCARA cirúrgica só é útil para
quem já está a tossir e espirrar. Para pessoas sem sintomas
ajuda pouco. Ou seja, é muito mais útil para evitar a disseminação
do que para auto-protecção. É inadmissível tossir e
espirrar ao pé de outras pessoas sem tapar a boca com o cotovelo:
é egoísta e bruto/a e ainda se ofendem quando lhes chamamos a
atenção, dizendo que têm rinite alérgica: e então não pode ter
as duas coisas? …).É a tal etiqueta respiratória.
7.
O MAIS IMPORTANTE É lavar as mãos frequentemente e
evitar tocar na cara/boca/olhos e manter a distância
social: não há apertos de mão, não há beijinhos e falar
de perto é também má ideia (todos conhecemos pessoas que mandam
muitos “perdigotos”
8.
OUTRAS DOENÇAS E ACIDENTES NÃO VÃO TIRAR FÉRIAS. Tal como
antes, continuarão a existir gripes banais, AVCs, enfartes, outras
pneumonias que nada têm a ver com esta, acidentes de viação. Com
uma diferença importante: quando esses doentes graves precisarem de
vaga nos cuidados intensivos (que mesmo num dia bom já são
insuficientes e difíceis de gerir), podem não a ter. A mortalidade
do COVID não é só a mortalidade do COVID . Assim, com um sistema a
trabalhar para lá do limite, todas as outras doenças que já antes
matavam, matarão mais.
9.
O PÂNICO É CONTRAPRODUCENTE. Pânico não diminui os problemas,
as medidas anteriores é que sim. Ninguém tem necessidade de
açambarcar o papel higiénico ou as conservas do supermercado…
10.
A SOCIEDADE NÃO COLAPSARÁ. Mas esta situação é nova para
todos. Isto não é a gripe A, a crise dos combustíveis, nem a crise
dos migrantes. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte para
que seja o menos sério possível.
JOSÉ
LUIS THEMUDO BARATA”