sábado, 14 de junho de 2025

COMBATER A PROCESSIONÁRIA

Lago junto a Crèvin (Bretanha)

COMBATER A PROCESSIONÁRIA

Numa das minhas deambulações anuais pelo espaço europeu quis o acaso, programado, que ficasse duas noites em Crèvin, aldeia francesa localizada na Bretanha. Junto da aldeia existe um pequeno lago, rodeado de árvores, entre as quais bastantes pinheiros.

Nos pinheiros e cedros “residem” as processionárias, também conhecidas como Lagarta do Pinheiro e que constituem um perigo para a saúde do ser humano e um potencial risco de vida para cães e gatos.

Quem reside ou passa algum tempo em Pinheiros de Marim, Olhão, conhece esta lagarta e, até, poderá ter tido algum mau encontro sendo aconselhável ter algum exagerado cuidado com as crianças que, naturalmente curiosas, ao depararem-se com estes “bichinhos”, aparentemente inofensivos, se aproximam deles e os agarram inclusive.

Conhecia algumas formas de combater esta praga, mas pela primeira vez deparei-me, em França, na Bretanha, em Crèvin, com cintas adesivas ou armadilhas, colocadas nos troncos das árvores para capturar as lagartas quando descem para o solo.

As fotos que se seguem procuram ilustrar a forma como os franceses, pelo menos em Crèvin, combatem a Thaumetopoea pityocampa (nome científico da processionária) com as ditas cintas adesivas.


 

Alguns pinheiros onde se podem ver as cintas adesivas



Um melhor pormenor da cinta adesiva



Como se pode observar em redor do tronco há uma cinta que
 impede a passagem para a base da árvore às lagartas




É uma evidência que as lagartas no seu percurso para a base da árvore
são encaminhadas para um tubo que termina no interior de um saco



Na imagem constatasse, ainda melhor, que as lagartas
sáo encaminhadas para o tubo  e apanhadas no saco


E é neste saco que as lagartas acabarão, sem a possibilidade
de descerem ao solo  para se enterrarem  e formarem um casulo,
transformando-se depois em Borboletas .



Se as lagartas conseguissem não entrar no saco, descerem ao solo,
enterrarem-se para um formar casulo, transformarem-se em borboletas
e depositarem os ovos nas agulhas do pinheiros, o ciclo recomeçaria
e as novas lagartas voltariam a descer pelo tronco e a ser
 um perigo para pessoas e animais.



O QUE É A PROCESSIONÁRIA?

A processionária, cientificamente conhecida como Thaumetopoea pityocampa, é um inseto lepidóptero (uma traça) que, na sua fase de lagarta, é vulgarmente chamada de lagarta-do-pinheiro ou lagarta-processionária-do-pinheiro.

O nome "processionária" deriva do facto de as lagartas se deslocarem em fila, formando uma espécie de "procissão".

Principais características e ciclo de vida:

O ciclo de vida da processionária passa por várias fases:

  • Ovo: A borboleta fêmea (fase adulta) deposita os ovos nas agulhas de pinheiros e cedros, geralmente entre junho e setembro.

  • Lagarta: Após a eclosão dos ovos, as lagartas começam a alimentar-se das agulhas das árvores. Passam por 5 estágios de crescimento. A partir do 3º estágio, desenvolvem pelos urticantes. Nesta fase, também constroem os característicos ninhos brancos em forma de bolsão no cimo dos pinheiros, que servem de abrigo. A fase das lagartas ocorre principalmente entre setembro e fevereiro, com as lagartas mais visíveis e perigosas entre dezembro e abril, quando descem das árvores.

  • Pupa ou crisálida: Quando as lagartas estão totalmente desenvolvidas, descem das árvores em procissão para o solo, onde se enterram para formar um casulo e se transformarem em pupas. Esta fase ocorre entre janeiro e abril.

  • Inseto adulto (borboleta): As borboletas emergem das pupas, acasalam e a fêmea deposita os ovos, reiniciando o ciclo. Esta fase ocorre no verão (julho a setembro).

Perigos da processionária:

O maior perigo da processionária reside nos seus pelos urticantes. Estes pelos, presentes nas lagartas a partir do 3º estágio e também nos ninhos, são liberados como mecanismo de defesa e podem causar sérias reações alérgicas em humanos e animais.

  • Em humanos: Podem causar irritações na pele (dermatite), olhos (conjuntivite) e vias respiratórias, podendo levar a situações graves como asfixia, dependendo da sensibilidade da pessoa.

  • Em animais (especialmente cães e gatos): O contato pode ser muito perigoso. Ao cheirar ou lamber as lagartas ou os seus ninhos, os animais podem ter inchaço, irritação, vómitos, dificuldade respiratória e, em casos graves, necrose da língua e da boca, podendo ser fatal se não for tratado a tempo.

Como agir em caso de contato:

  • Lavar a área afetada com água abundante e sabão.

  • Evitar esfregar a pele ou os olhos para não agravar a irritação.

  • Procurar assistência médica ou veterinária imediatamente, especialmente se surgirem reações alérgicas ou dificuldades respiratórias.

Controlo e prevenção:

Existem várias medidas de controlo e prevenção da processionária, que incluem:

  • Remoção e queima de ninhos: Principalmente entre novembro e janeiro, ou junho e agosto em certas regiões.

  • Microinjeção: Aplicação de produtos fitofarmacêuticos diretamente nos pinheiros.

  • Cintas adesivas ou armadilhas: Colocadas nos troncos das árvores para capturar as lagartas quando descem para o solo.

  • Predadores naturais: Instalação de ninhos para aves como os chapins, que se alimentam das lagartas.

  • Evitar o contato direto: Nunca tocar em ninhos ou lagartas, e manter crianças e animais afastados de áreas infestadas.

É fundamental ter precaução ao lidar com a processionária, e em caso de infestação em propriedades privadas, o proprietário é o responsável pelo controlo e/ou remoção.




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