Imagem obtida em “Gazafatonario IT”
E
agora?
Há determinados períodos em se me deparam, em
simultâneo, múltiplos assuntos relacionados com o autocaravanismo, de tal forma
que se torna difícil optar sobre qual me devo pronunciar.
Não obstante essa dificuldade considero que o
acontecimento que pode vir a ser o mais importante para o Movimento
Autocaravanista de Portugal, no momento, se reporta à recente notícia da
reunião entre a “Associação Autocaravanista de
Portugal - CPA”, o “Clube Autocaravanista Itinerante”, o “Clube Autocaravanista
Saloio” e o “Clube Gardingo de Autocaravanas” que teve lugar no passado dia 23
de Janeiro, na sede do CPA, em Lisboa.
Com a divulgação da Declaração
de Princípios da Plataforma de Unidade, em 31 de Maio de 2010, subscrita por
diversas entidades relacionadas com o autocaravanismo, foram assumidos, agora
por escrito, valores que já eram consensuais. Ou seja, como é óbvio, a Declaração de
Princípios não veio criar nada de novo. O mérito desta Declaração foi, através
da passagem a escrito, consagrar valores e conceitos já existentes no espírito
de muitos, mas dispersos, constituíndo motivação suficiente para um trabalho
conjunto, sem perdas de identidade, em todos os que se revissem nesses valores
e conceitos.
Quis a inabilidade de uns, a vaidade de
outros, o egocentrismo, a ambição de poder e, sobretudo o individualismo
exacerbado, além de tudo o mais que se queira acrescentar, que fossem iniciados
percursos autocaravanistas divisionistas, através da criação de associações,
inclusive com alegados propósitos comerciais. Esta realidade obrigou muitos dos
que reflectem sobre estas matérias a delinear uma estratégia, com tácticas
diversas.
Não obstante as entidades autocaravanistas
sem personalidade jurídica poderem ser importantes para a formação de uma
consciência autocaravanista, assim não tem acontecido. Nascidas exclusivamente
com propósitos lúdicos e gastronómicos, não têm demonstrado ter capacidade
aglutinadora em relação a causas. Na realidade os autocaravanistas juntam-se
por vezes em torno de entidades e personalidades que não são obrigadas a
responder pelos seus actos, assim como os participantes nesses eventos acabam
por não se sentirem parte integrante de um projecto, abandonando esses grupos
às primeiras contrariedades. Poderemos dizer que a filosofia desses grupos ad
hoc, sem personalidade jurídica, assenta essencialmente no seguinte ditado
popular: “Merenda comida, companhia desfeita”?
Não é minha intenção denegrir as actividades
autocaravanistas organizadas dessa forma exclusivamente lúdica, por entidades
sem personalidade jurídica, até porque os organizadores das mesmas são, na sua
área de intervenção, normalmente competentes, mas vêm a sua actividade
facilitada, porquanto não têm que prestar contas a ninguém, nem sequer
respeitar as regras (estatutárias ou éticas) a que as associações com
personalidade jurídica são obrigadas.
É uma evidência que os autocaravanistas não
associados quando se confrontam com alegadas injustiças clamam contra a inércia
de associações nas quais não estão inscritos nem, na esmagadora maioria das
vezes, se querem vir a inscrever. Nestes casos o egoísmo e o individualismo prevalecem.
Por tudo isto é de aplaudir o esforço das
Direcções destas associações de base em se reunirem, não obstante os resultados
obtidos ainda serem diminutos e estarem ausentes, por razões que não são
públicas, outras associações autocaravanistas. Este esforço tem que prosseguir,
de forma mais alargada, incluindo a participação da “Associação
de Autocaravanismo Portuguesa”, do “Clube Autocaravanista do Centro – Cultura e
Lazer” e do “Clube Flaviense de Autocaravanismo” e eventualmente outras, com
personalidade jurídica, cuja existência desconheço.
Nos encontros futuros que se
possam vir a verificar devem começar a ser analisadas iniciativas sobre três grandes
questões que preocupam essencialmente os autocaravanistas:
- Promover todas
as diligências necessárias e possíveis, designadamente junto da Autoridade
Nacional de Segurança Rodoviária, para que seja divulgada uma interpretação do
Código da Estrada que uniformize a aplicação do Código em todo o território
português e que impeça a discriminação negativa do veículo autocaravana que se
vem verificando em algumas partes de Portugal;
- Promover e divulgar a
implementação de Áreas de Serviço para Autocaravanas, em pelo menos uma por
Concelho, preferencialmente de iniciativa autárquica, com a presença de todos
os autocaravanistas e dirigentes associativos de todas as associações
autocaravanistas de base;
- Acordar, divulgar e promover
uma data fixa para instituir o DIA NACIONAL DO AUTOCARAVANISMO a ser anualmente
comemorado e organizado rotativamente por cada uma das associações
autocaravanistas de base.
Tudo desejos simples a que nenhuma
associação que se reivindique de autocaravanista se pode opor.
Os autocaravanistas portugueses não
compreenderão que das reuniões entre associações não emane um esforço e uma
dinâmica que contribua para a resolução das questões que os preocupam.
(O autor,
todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião
sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)