quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

E agora?


Imagem obtida em “Gazafatonario IT”


E agora?


Há determinados períodos em se me deparam, em simultâneo, múltiplos assuntos relacionados com o autocaravanismo, de tal forma que se torna difícil optar sobre qual me devo pronunciar.

Não obstante essa dificuldade considero que o acontecimento que pode vir a ser o mais importante para o Movimento Autocaravanista de Portugal, no momento, se reporta à recente notícia da reunião entre a “Associação Autocaravanista de Portugal - CPA”, o “Clube Autocaravanista Itinerante”, o “Clube Autocaravanista Saloio” e o “Clube Gardingo de Autocaravanas” que teve lugar no passado dia 23 de Janeiro, na sede do CPA, em Lisboa.

Com a divulgação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade, em 31 de Maio de 2010, subscrita por diversas entidades relacionadas com o autocaravanismo, foram assumidos, agora por escrito, valores que já eram consensuais. Ou seja, como é óbvio, a Declaração de Princípios não veio criar nada de novo. O mérito desta Declaração foi, através da passagem a escrito, consagrar valores e conceitos já existentes no espírito de muitos, mas dispersos, constituíndo motivação suficiente para um trabalho conjunto, sem perdas de identidade, em todos os que se revissem nesses valores e conceitos.

Quis a inabilidade de uns, a vaidade de outros, o egocentrismo, a ambição de poder e, sobretudo o individualismo exacerbado, além de tudo o mais que se queira acrescentar, que fossem iniciados percursos autocaravanistas divisionistas, através da criação de associações, inclusive com alegados propósitos comerciais. Esta realidade obrigou muitos dos que reflectem sobre estas matérias a delinear uma estratégia, com tácticas diversas.

Não obstante as entidades autocaravanistas sem personalidade jurídica poderem ser importantes para a formação de uma consciência autocaravanista, assim não tem acontecido. Nascidas exclusivamente com propósitos lúdicos e gastronómicos, não têm demonstrado ter capacidade aglutinadora em relação a causas. Na realidade os autocaravanistas juntam-se por vezes em torno de entidades e personalidades que não são obrigadas a responder pelos seus actos, assim como os participantes nesses eventos acabam por não se sentirem parte integrante de um projecto, abandonando esses grupos às primeiras contrariedades. Poderemos dizer que a filosofia desses grupos ad hoc, sem personalidade jurídica, assenta essencialmente no seguinte ditado popular: “Merenda comida, companhia desfeita?

Não é minha intenção denegrir as actividades autocaravanistas organizadas dessa forma exclusivamente lúdica, por entidades sem personalidade jurídica, até porque os organizadores das mesmas são, na sua área de intervenção, normalmente competentes, mas vêm a sua actividade facilitada, porquanto não têm que prestar contas a ninguém, nem sequer respeitar as regras (estatutárias ou éticas) a que as associações com personalidade jurídica são obrigadas.

É uma evidência que os autocaravanistas não associados quando se confrontam com alegadas injustiças clamam contra a inércia de associações nas quais não estão inscritos nem, na esmagadora maioria das vezes, se querem vir a inscrever. Nestes casos o egoísmo e o individualismo prevalecem.

Por tudo isto é de aplaudir o esforço das Direcções destas associações de base em se reunirem, não obstante os resultados obtidos ainda serem diminutos e estarem ausentes, por razões que não são públicas, outras associações autocaravanistas. Este esforço tem que prosseguir, de forma mais alargada, incluindo a participação da “Associação de Autocaravanismo Portuguesa”, do “Clube Autocaravanista do Centro – Cultura e Lazer” e do “Clube Flaviense de Autocaravanismo” e eventualmente outras, com personalidade jurídica, cuja existência desconheço.

Nos encontros futuros que se possam vir a verificar devem começar a ser analisadas iniciativas sobre três grandes questões que preocupam essencialmente os autocaravanistas: 
  • Promover todas as diligências necessárias e possíveis, designadamente junto da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, para que seja divulgada uma interpretação do Código da Estrada que uniformize a aplicação do Código em todo o território português e que impeça a discriminação negativa do veículo autocaravana que se vem verificando em algumas partes de Portugal;
  • Promover e divulgar a implementação de Áreas de Serviço para Autocaravanas, em pelo menos uma por Concelho, preferencialmente de iniciativa autárquica, com a presença de todos os autocaravanistas e dirigentes associativos de todas as associações autocaravanistas de base;
  • Acordar, divulgar e promover uma data fixa para instituir o DIA NACIONAL DO AUTOCARAVANISMO a ser anualmente comemorado e organizado rotativamente por cada uma das associações autocaravanistas de base.
Tudo desejos simples a que nenhuma associação que se reivindique de autocaravanista se pode opor.

Os autocaravanistas portugueses não compreenderão que das reuniões entre associações não emane um esforço e uma dinâmica que contribua para a resolução das questões que os preocupam.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)

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