OFTALMOLOGISTAS PRECISAM-SE
(Crónicas de
Itália)
A península itálica e a Sicília são regiões de uma superior profundidade
cultural e histórica, além, sobretudo, de uma grande beleza paisagística. Viajar
em autocaravana permite um melhor e maior conhecimento das pessoas e, consequentemente
registar, também, as idiossincrasias de alguns grupos.
Nas minhas deslocações procuro, tanto quanto possível, não
utilizar autoestradas e, muito menos, as que são pagas. A península itálica e a
Sicília não foram excepções, pelo que me apercebi do estado em que se
encontravam as estradas, do absurdo de alguma sinalização rodoviária e dos
problemas com que os condutores se deparam.
Um dos problemas, deduzo, tem a ver com uma esquisita
deficiência visual da maioria dos condutores que circulam naquelas regiões,
muito particularmente nas estradas localizadas ao sul de Roma. Uma doença que
possivelmente se verifica noutras partes do mundo, mas que na península itálica
e na Sicília tem uma acuidade que urge divulgar.
Constatei quando ao volante da minha autocaravana circulava
à velocidade máxima permitida (normalmente 90 quilómetros à hora), em estradas
marcadas com um traço contínuo (o que proibe a ultrapassagem do veículo que
segue à nossa frente), que os condutores italianos me ultrapassavam.
Verifiquei, igualmente, que esse comportamento não tinha lugar apenas comigo, o
que poderia pressupor, se assim fosse, qualquer animosidade com cidadãos
estrangeiros.
Esse desrespeito pelo código da estrada era, tanto quanto me
apercebi, encarado como algo de normal, pelo que, não acreditando que os
condutores italianos sejam maioritariamente “loucos”, só podia haver uma
explicação:
Os condutores
italianos não vêem os traços contínuos marcados nos pavimentos das estradas.
Como é sabido é com os olhos que as imagens são
recepcionadas e através de “impulsos eléctricos” que chegam ao cérebro onde são
analisados e descodificados. No caso dos condutores italianos o problema ou
está na origem (no olho) ou no local onde a imagem é interpretada (no cérebro).
No entanto, os condutores italianos, quando deixam de o ser, quando não
conduzem, vêm perfeitamente os traços contínuos. Um mistério!
É necessário que profissionais especializados se desloquem
para a fonte da epidemia, para a estudar e conter, pois não podemos permitir
que saia da península itálica e que contagie os cidadãos de outros países.
Aliás, em Portugal, já existem alguns condutores contagiados. Felizmente que
ainda são poucos.
(O autor, todas as Quintas-feiras,
no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos
relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)
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