quinta-feira, 8 de setembro de 2016

OFTALMOLOGISTAS PRECISAM-SE




OFTALMOLOGISTAS PRECISAM-SE
                                                                                                                                                  
(Crónicas de Itália)


A península itálica e a Sicília são regiões de uma superior profundidade cultural e histórica, além, sobretudo, de uma grande beleza paisagística. Viajar em autocaravana permite um melhor e maior conhecimento das pessoas e, consequentemente registar, também, as idiossincrasias de alguns grupos.

Nas minhas deslocações procuro, tanto quanto possível, não utilizar autoestradas e, muito menos, as que são pagas. A península itálica e a Sicília não foram excepções, pelo que me apercebi do estado em que se encontravam as estradas, do absurdo de alguma sinalização rodoviária e dos problemas com que os condutores se deparam.

Um dos problemas, deduzo, tem a ver com uma esquisita deficiência visual da maioria dos condutores que circulam naquelas regiões, muito particularmente nas estradas localizadas ao sul de Roma. Uma doença que possivelmente se verifica noutras partes do mundo, mas que na península itálica e na Sicília tem uma acuidade que urge divulgar.

Constatei quando ao volante da minha autocaravana circulava à velocidade máxima permitida (normalmente 90 quilómetros à hora), em estradas marcadas com um traço contínuo (o que proibe a ultrapassagem do veículo que segue à nossa frente), que os condutores italianos me ultrapassavam. Verifiquei, igualmente, que esse comportamento não tinha lugar apenas comigo, o que poderia pressupor, se assim fosse, qualquer animosidade com cidadãos estrangeiros.

Esse desrespeito pelo código da estrada era, tanto quanto me apercebi, encarado como algo de normal, pelo que, não acreditando que os condutores italianos sejam maioritariamente “loucos”, só podia haver uma explicação:

Os condutores italianos não vêem os traços contínuos marcados nos pavimentos das estradas.

Como é sabido é com os olhos que as imagens são recepcionadas e através de “impulsos eléctricos” que chegam ao cérebro onde são analisados e descodificados. No caso dos condutores italianos o problema ou está na origem (no olho) ou no local onde a imagem é interpretada (no cérebro). No entanto, os condutores italianos, quando deixam de o ser, quando não conduzem, vêm perfeitamente os traços contínuos. Um mistério!

É necessário que profissionais especializados se desloquem para a fonte da epidemia, para a estudar e conter, pois não podemos permitir que saia da península itálica e que contagie os cidadãos de outros países. Aliás, em Portugal, já existem alguns condutores contagiados. Felizmente que ainda são poucos.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)

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