Cangas de Onis (Astúrias)
Onde
é que eu errei?!!
(Mini
crónicas de uma viagem por Espanha)
Nesta
minha viagem pelo norte da Península Ibérica não quis deixar de
voltar a Cangas de Onis, com o objectivo de visitar Covadonga que não
conhecia.
Cangas
de Onis faz parte da comunidade
autónoma das
Astúrias
e foi ali que em
737 morreu o imortal guerreiro católico Pelágio
das Astúrias, fundador
e primeiro monarca do Reino.
A
alguns quilómetros de Cangas de Onis fica Covadonga onde Pelágio à
frente de forças militares Cristãs obteve uma vitória sobre o
Governador provincial Munuza, assegurando a soberania Cristã na
Península.
Cheguei
a Cangas de Onis numa tarde de um Domingo e deparei-me com o largo onde
se situa a Área de Serviço para autocaravanas ocupado por uma
monumental feira: carroceis, carrinhos de choque, barracas de comes e
bebes e outras, dois palcos para actuações musicais e, num enorme
espaço, coberto por uma gigantesca lona que protegia do sol milhares de pessoas que sentadas ao longo de mesas corridas, comiam, bebiam e
confraternizavam. O barulho, das conversas, dos gritos das crianças,
das músicas, era ensurdecedor.
A
menos de 50 metros daquela monumental festa, paredes meias com a
estação de autocarros, um enorme Parque de Estacionamento estava
repleto de viaturas de todas as cores, tamanhos, marcas e modelos.
Autocaravanas? nem vê-las! Sem grandes esperanças entrei no Parque
e (MILAGRE!) consegui o que me pareceu ser o único lugar livre,
muito apertadinho e com uma grande inclinação.
Era
Domingo, no dia seguinte as pessoas teriam que se levantar cedo para
irem trabalhar, logo, pensei, por volta da meia-noite, mais ou menos,
a festa terminaria e a maioria dos carros abandonaria o Parque de
Estacionamento, o que me permitiria encontrar um lugar mais
nivelado, melhor, para passar a noite. Decidi pernoitar naquele
local.
Como
ainda era cedo, umas 3 da tarde, fui dar um passeio por Cangas de
Onis, que aliás já conhecia, fiz algumas compras, jantei e cerca
das 23 horas regressei à autocaravana. Estava um pouco cansado pelo
que me deitei.
O
barulho da festa era, parecia-me, cada vez maior. Os conjuntos
musicais “berravam” de tal forma que deveriam estar a ser ouvidos
em Barcelona. Os carros que rodeavam a autocaravana, esses,
mantinham-se totalmente imobilizados. Bem, pensei, mais uma horita e
a festa acaba.
Duas
da manhã e não conseguia dormir de tão animada e barulhenta
continuava a festa. Claro, deduzi, a polícia deu-lhes uma pequena
tolerância.
Três
da manhã, sem pegar no sono, vociferava em silêncio (contrastando
com o barulho do exterior), dizendo mal de tudo e de todos.
Quatro
da manhã e a festa estava no auge! MAS ESTA GENTE NÃO TRABALHA!,
gritava furibundo para a minha mulher. Gritava, porque se falasse num
tom de voz normal não me conseguiria fazer ouvir, tão forte era a
barulheira no exterior.
Pelas
cinco horas da manhã, sem que a festa desse sinais de acalmia,
adormeci cansado. Finalmente, dirão os que me lêem. Enganam-se! Por
volta das seis horas acordei com o barulho dos motores dos carros que
abandonavam o Parque de Estacionamento, com animadas conversas dos
respectivos ocupantes e com o som alternado das portas do carros que
os ocupantes não se coibiam de fechar (bater) energicamente.
Oito
da manhã! Tudo parecia mais calmo. Finalmente ia tentar dormir um
pouco. Pois! De repente eis que chegam os carros do lixo, o pessoal
do “Ayuntamento” que começava a limpesa do recinto, as
mangueiras que lavavam o chão das mijas dos foliões, os vozeirões
dos trabalhadores, toda uma mistura de sons que me retiraram a
esperança de poder voltar a adormecer.
Levantei-me,
tomei um duche rápido, engoli sonolento o pequeno almoço, tudo isto
enquanto me questionava ininterruptamente:
Onde
é que eu errei?!!
Onde
é que eu errei?!
Onde
é que eu errei?
Onde
é que eu errei??
Onde
é que eu errei???
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)
Esqueceu-se estar no meio de foliões espanhois...
ResponderEliminarJá passei por algo semelhante, bem perto, em Aveiro no canal de S. João junto a bares frequentados por jovens sem sono!
Em Espanha a noite é para curtir. Ou VEXA, um autocaravanista tão viajado, desconhecia isso?
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