quinta-feira, 18 de outubro de 2018

COMPRADO NA LOJA DO CHINÊS



Imagem do Blogue “Clipgoo”


COMPRADO NA LOJA DO CHINÊS

(Mini crónicas de uma viagem por Espanha)


Sempre que me desloco em viagens além fronteiras, por períodos que prevejo serem superiores a dois meses, tenho a preocupação de me abastecer de forma a precaver eventuais anomalias que podem vir a suceder.

Uma das precauções que tenho consiste em levar no porão da autocaravana uma botija de camping gás e um fogão apropriado a essa botija para a hipótese de se poder vir a verificar uma anomalia no fogão da autocaravana. Este ano, porém, na deslocação que fiz, pelo norte da Península Ibérica, decidi (mal?) não levar o referido fogão considerando que estava relativamente perto de Portugal, considerando que em anteriores anos nunca tinha sido necessário utilizar o fogão de emergência e, principalmente, por me preocupar com o peso da autocaravana, esforçando-me por, por todos os meios, o diminuir.

E não é que por erro meu fiquei sem gás numa das botijas?! Por erro, porque não verifiquei se as duas botijas de gás que tinha na autocaravana estavam cheias no inicio da viagem.

Em Santander procurei e encontrei quem me vendesse uma botija, mas… não tinham redutor. Procurei, procurei e lá encontrei uma grande superfície especializada onde adquiri o redutor apropriado àquele tipo de botija. Voltei ao local onde me vendiam a botija, substitui-a pela vazia (que coloquei no porão), substitui o redutor e reiniciei viagem em direcção a Bilbao.

Menos de 1 km percorrido e um cheiro forte a gás invadiu a autocaravana. Parei imediatamente e ao abrir o porão onde as garrafas se encontram, um silvo e um cheiro intenso a gás obrigaram-me a fechar apressadamente a botija. Não conseguindo resolver o problema desactivei aquela botija.

Quando cheguei a Bilbao foi-me indicada uma oficina de autocaravanas e para lá me dirigi, já com outro problema que entretanto, sem saber bem porquê, se se me deparou. A fechadura do porão das garrafas avariara e a solução que encontrei foi fechar a porta com fita adesiva.

Na referida oficina não tinham fechaduras iguais ou sequer parecidas, pelo que retiraram a fechadura de uma outra porta da autocaravana (que tinha duas) e colocaram-na em substituição da fechadura avariada. O problema da botija de gás foi aparentemente resolvido. Digo, aparentemente, porque só quando cheguei à Área de Serviço de Bilbao constatei que se na verdade a botija já não deitava gás para o exterior, também o não fazia para o interior. Simplesmente não funcionava.

Passei a utilizar a outra botija trazida de Portugal que, felizmente, estava cheia, mas sem deixar de me sentir ansioso, preocupado, por o gás poder vir a ser insuficiente para toda a viagem.

Perto de Lleida, imaginando que o problema podia ser da garrafa, resolvi trocá-la por outra. Não passou, efectivamente, de imaginação. O problema não era da garrafa.

Os dias foram passando sem que a situação se resolvesse até que em Figueres, quando junto de uma lavandaria "selfservice" procedia à lavagem da roupa dos últimos 10 dias, convenci-me que o problema só podia ser do redutor. Por coincidência, a menos de 10 metros, estava um enorme estabelecimento comercial a que, em Portugal, chamamos “Loja do Chinês”.

Com o redutor antigo na mão, o tal que tinha comprado numa loja especializada em Santander, o tal que tinha sido analisado numa oficina de autocaravanas em Bilbão, entrei na “Loja do Chinês”. Expliquei o assunto no meu elaborado “espanholês” e, sem muita convicção, aguardei. O empregado olhou para o redutor antigo, foi buscar outro e disse-me: Esse está estragado. Experimente este. Se não funcionar devolva-mo.

Sai da “Loja do Chinês” com o coração aos pulos, corri para a autocaravana, coloquei o redutor novo, abri a garrafa, liguei o fogão e… MILAGRE!!! FUNCIONAVA!!!

Desde então deixei de dizer com desdém:

Foi comprado na “Loja do Chinês”!


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) – AQUI)



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