sábado, 6 de abril de 2019

Em Coimbra não havia necessidade...




Em Coimbra não havia necessidade...


A NOTÍCIA

O Clube de Campismo e Caravanismo de Coimbra (CCCC) pretendia receber em Coimbra, cidade que detém um património da UNESCO, cerca de 30 autocaravanas a que correspondem, grosso modo, 60 autocaravanistas.

Estando o “CCCC” sediado em Coimbra nada mais normal que procurar junto da Câmara Municipal apoios, nomeadamente a indicação de um local que permitisse o estacionamento destas 30 autocaravanas no primeiro fim-de-semana de Abril. Contudo e contrariamente aos desejos do “CCCC”, a edilidade “descartou-se da possibilidade de ser hospitaleira e acolhedora perante cidadãos de outras cidades e até de outros países” apontando-lhes o caminho do Parque de Campismo que fica longe de quaisquer locais que na cidade são uma atracção para os visitantes. Segundo o jornal “Campeão das Províncias” (ver AQUI) teria também sido colocada, pela Câmara Municipal, a opção de um estacionamento pago e oferecidas visitas guiadas em Coimbra.

Esta situação não agradou, ao que parece, ao “CCCC” que transferiu o Encontro Autocaravanista para Águeda.

É o jornal “Campeão das Províncias” que diz (não sei se reflectindo o pensamento do “CCCC”) que há autarquias que “recebem, de bom grado, estes turistas itinerantes e não campistas, que preservam a natureza, a cultura, as tradições, imergem na comunidade onde são recebidos e contribuem para a economia e desenvolvimento locais”. (Sublinhado da minha responsabilidade).


A OPINIÃO

No seio do Movimento Autocaravanista de Portugal é por demais evidente que a política autocaravanista deve ser o reflexo da “Declaração de Princípios” (ver AQUI) subscrita por diversas entidades ligadas ao autocaravanismo e suportada em pareceres de muitas entidades oficiais, nomeadamente entidades governamentais.

Não tenho conhecimento que no Concelho de Coimbra exista qualquer acção persecutória relativamente ao estacionamento (diurno e nocturno) dos veículos autocaravanas (com ou sem pessoas no interior) que consubstancie discriminação negativa comparativamente a outros veículos de igual gabarito. Note-se que no Parque Verde da cidade, paredes meias com o Mondego, estacionam (de dia e de noite) dezenas de autocaravanas não sendo (que eu saiba) incomodadas pelo facto. Também, note-se, a notícia não refere que tenham as 30 autocaravanas sido proibidas de estacionar em igualdade de circunstâncias com outros veículos de idêntica envergadura.

A não existência de uma Estação de Serviço no Concelho, designadamente no Parque Verde, pode ser lamentada pelos autocaravanistas, mas não é curial que seja criticada. A política de implementação de mobiliário público concerne principalmente à edilidade e, admitamo-lo, também aos residentes no concelho. Compete, porém, aos autocaravanistas e às respectivas associações, influenciarem os autarcas sobre os benefícios da implementação de Áreas de Serviço para autocaravanas.

A crítica que é feita, no jornal “Campeão das Províncias”, à política da Câmara Municipal por “empurrar” as autocaravanas para o Parque de Campismo, é a mesma política que é seguida pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), federação na qual o “CCCC” se insere. Não tenho conhecimento que o “CCCC” se tenha pronunciado contra as posições que a federação a que pertence tomou, por exemplo, na Assembleia da República (ver AQUI) quando exigiu uma lei que impedisse as autocaravanas de permanecerem à noite na via pública e se referiu aos autocaravanistas de forma pouco própria.

Recordo que quando a FCMP “rasgou” na prática a “Declaração de Princípios” que tinha subscrito, a única associação nela federada que o denunciou foi a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA”, tendo, posterior e coerentemente, abandonado esta federação.

O Clube de Campismo e Caravanismo de Coimbra pode criticar (se assim o entender) a Câmara Municipal de Coimbra, mas deve, para ser coerente, criticar igualmente a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal que defende políticas que, além de prejudiciais ao autocaravanismo, fornecem argumentos que “justificam” a discriminação negativa praticada por algumas autarquias.


NOTA FINAL

Porque neste meu artigo de opinião não o transparece, não quero deixar de aqui realçar a minha solidariedade com o Clube de Campismo e Caravanismo de Coimbra, pela forma (que poderia ser diferente), como a sua pretensão de abrir amplamente as portas de Coimbra aos autocaravanistas convidados foi, de alguma maneira e parcialmente, restringida pela Câmara Municipal.



5 comentários:

  1. Na minha terra. O parque de campismo de Coimbra foi uma coisa fantástica saída da cabeça do meu professor e pioneiro do campismo, o engenheiro Rocha Fontes. Imagine-se que ficava situado dentro do Estádio Municipal. Era um espaço fantástico. Quando foi encerrado abriu o que é atualmente designado por Parque de Campismo, mas que é tão só de caravanismo e autocaravanismo. Fica no Alto de São João, hoje zona central e com serviço de transporte público à porta. Claro que o Parque Verde, espaço sem par em qualquer outra cidade permite aos autocaravanistas uma facilidade única. É aí que fico quando regresso à minha terra. Mas vamos lá a ver, pretender organizar uma iniciativa numa terra que é única em oferta de espaço para nós, tendo à disposição o parque do Alto de São João, é um exercício de estupidez.

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  2. Companheiro Autocaravanista Manuel Cruz,

    Permita-me que discorde quando afirma que é um exercício de estupidez pretender organizar uma iniciativa numa terra que é única para nós quando se tem um Parque de Campismo disponível.

    Disponível, mas pago. Cerca de 20 euros dia (autocaravana, 2 pessoas, sem energia). Há ainda que acrescentar a despesa do transporte público se se pretender visitar de forma autónoma a cidade. A livre circulação, inclusive à noite, fica cerceada. E Coimbra à noite é muito bonita.

    O que está em causa é a intenção de a Câmara Municipal querer impor o Parque de Campismo como a melhor solução. O CCCC não hesitou e mudou o Encontro para Águeda. Os autocaravanistas perderam por não visitarem Coimbra, mas Coimbra e o respectivo comércio também perderam.

    Considero também que não existe da sua parte a intenção de ofender quem quer que seja quando refere que se trata de um exercício de estupidez, mas que se refere à situação em si e não às pessoas.

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  3. Concordo plenamente consigo PapaLéguas. Por experiência própria, a distancia a que se encontra o Parque de campismo do centro da cidade é sem dúvida um entrave para visitar o centro histórico , mas são opções de autarquias que vêm curto . Precisam de óculos com forte graduação.

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    1. Companheiro Autocaravanista Anónimo,

      Agradeço o comentário, que publico a título excepcional, pois não é política deste “blogue” aceitar comentários anónimos.

      Um Abraço

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  4. Peço desculpa por utilizar "anónimo" mas não tinha chave de acesso. o meu nick name , nos foruns é " Golfinho Autocaravanista ".
    Bem Haja

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