Em
Coimbra não havia necessidade...
A
NOTÍCIA
O Clube de
Campismo e Caravanismo de Coimbra (CCCC) pretendia receber em
Coimbra, cidade que detém um património da UNESCO, cerca de 30
autocaravanas a que correspondem, grosso modo, 60 autocaravanistas.
Estando o
“CCCC” sediado em Coimbra nada mais normal que procurar
junto da Câmara Municipal apoios, nomeadamente a indicação de um
local que permitisse o estacionamento destas 30 autocaravanas no
primeiro fim-de-semana de Abril. Contudo e contrariamente aos desejos
do “CCCC”, a edilidade “descartou-se
da possibilidade de ser hospitaleira e acolhedora perante cidadãos
de outras cidades e até de outros países”
apontando-lhes o caminho do Parque de Campismo que fica longe de
quaisquer locais que na cidade são uma atracção para os
visitantes. Segundo o jornal “Campeão das Províncias” (ver
AQUI) teria também sido colocada, pela Câmara Municipal, a
opção de um estacionamento pago e oferecidas visitas guiadas em
Coimbra.
Esta
situação não agradou, ao que parece, ao “CCCC” que
transferiu o Encontro Autocaravanista para Águeda.
É o jornal
“Campeão das Províncias” que diz (não sei se reflectindo o
pensamento do “CCCC”)
que há autarquias que “recebem,
de bom grado, estes turistas
itinerantes e não campistas,
que preservam a natureza, a cultura, as tradições, imergem na
comunidade onde são recebidos e contribuem para a economia e
desenvolvimento locais”.
(Sublinhado da
minha responsabilidade).
A
OPINIÃO
No seio do
Movimento Autocaravanista de Portugal é por demais evidente que a
política autocaravanista deve ser o reflexo da “Declaração de
Princípios” (ver AQUI) subscrita por diversas entidades
ligadas ao autocaravanismo e suportada em pareceres de muitas
entidades oficiais, nomeadamente entidades governamentais.
Não tenho
conhecimento que no Concelho de Coimbra exista qualquer acção
persecutória relativamente ao estacionamento (diurno e nocturno) dos
veículos autocaravanas (com ou sem pessoas no interior) que
consubstancie discriminação negativa comparativamente a outros
veículos de igual gabarito. Note-se que no Parque Verde da cidade,
paredes meias com o Mondego, estacionam (de dia e de noite) dezenas
de autocaravanas não sendo (que eu saiba) incomodadas pelo facto.
Também, note-se, a notícia não refere que tenham as 30
autocaravanas sido proibidas de estacionar em igualdade de
circunstâncias com outros veículos de idêntica envergadura.
A não
existência de uma Estação de Serviço no Concelho, designadamente
no Parque Verde, pode ser lamentada pelos autocaravanistas, mas não
é curial que seja criticada. A política de implementação de
mobiliário público concerne principalmente à edilidade e,
admitamo-lo, também aos residentes no concelho. Compete, porém, aos
autocaravanistas e às respectivas associações, influenciarem os
autarcas sobre os benefícios da implementação de Áreas de Serviço
para autocaravanas.
A crítica
que é feita, no jornal “Campeão das Províncias”, à política
da Câmara Municipal por “empurrar” as autocaravanas para o
Parque de Campismo, é a mesma política que é seguida pela
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), federação
na qual o “CCCC” se insere. Não tenho conhecimento que o
“CCCC” se tenha pronunciado contra as posições que a
federação a que pertence tomou, por exemplo, na Assembleia da
República (ver AQUI) quando exigiu uma lei que impedisse as
autocaravanas de permanecerem à noite na via pública e se referiu
aos autocaravanistas de forma pouco própria.
Recordo que
quando a FCMP “rasgou” na prática a “Declaração de
Princípios” que tinha subscrito, a única associação nela
federada que o denunciou foi a “Associação Autocaravanista de
Portugal – CPA”, tendo, posterior e coerentemente, abandonado
esta federação.
O Clube
de Campismo e Caravanismo de Coimbra pode criticar (se
assim o entender) a Câmara Municipal de Coimbra, mas deve,
para ser coerente, criticar igualmente a Federação de Campismo e
Montanhismo de Portugal que defende políticas que, além de
prejudiciais ao autocaravanismo, fornecem argumentos que “justificam”
a discriminação negativa praticada por algumas autarquias.
NOTA
FINAL
Porque neste
meu artigo de opinião não o transparece, não quero deixar de aqui
realçar a minha solidariedade com o Clube de Campismo e Caravanismo
de Coimbra, pela forma (que poderia ser diferente), como a sua
pretensão de abrir amplamente as portas de Coimbra aos
autocaravanistas convidados foi, de alguma maneira e parcialmente,
restringida pela Câmara Municipal.
Na minha terra. O parque de campismo de Coimbra foi uma coisa fantástica saída da cabeça do meu professor e pioneiro do campismo, o engenheiro Rocha Fontes. Imagine-se que ficava situado dentro do Estádio Municipal. Era um espaço fantástico. Quando foi encerrado abriu o que é atualmente designado por Parque de Campismo, mas que é tão só de caravanismo e autocaravanismo. Fica no Alto de São João, hoje zona central e com serviço de transporte público à porta. Claro que o Parque Verde, espaço sem par em qualquer outra cidade permite aos autocaravanistas uma facilidade única. É aí que fico quando regresso à minha terra. Mas vamos lá a ver, pretender organizar uma iniciativa numa terra que é única em oferta de espaço para nós, tendo à disposição o parque do Alto de São João, é um exercício de estupidez.
ResponderEliminarCompanheiro Autocaravanista Manuel Cruz,
ResponderEliminarPermita-me que discorde quando afirma que é um exercício de estupidez pretender organizar uma iniciativa numa terra que é única para nós quando se tem um Parque de Campismo disponível.
Disponível, mas pago. Cerca de 20 euros dia (autocaravana, 2 pessoas, sem energia). Há ainda que acrescentar a despesa do transporte público se se pretender visitar de forma autónoma a cidade. A livre circulação, inclusive à noite, fica cerceada. E Coimbra à noite é muito bonita.
O que está em causa é a intenção de a Câmara Municipal querer impor o Parque de Campismo como a melhor solução. O CCCC não hesitou e mudou o Encontro para Águeda. Os autocaravanistas perderam por não visitarem Coimbra, mas Coimbra e o respectivo comércio também perderam.
Considero também que não existe da sua parte a intenção de ofender quem quer que seja quando refere que se trata de um exercício de estupidez, mas que se refere à situação em si e não às pessoas.
Concordo plenamente consigo PapaLéguas. Por experiência própria, a distancia a que se encontra o Parque de campismo do centro da cidade é sem dúvida um entrave para visitar o centro histórico , mas são opções de autarquias que vêm curto . Precisam de óculos com forte graduação.
ResponderEliminarCompanheiro Autocaravanista Anónimo,
EliminarAgradeço o comentário, que publico a título excepcional, pois não é política deste “blogue” aceitar comentários anónimos.
Um Abraço
Peço desculpa por utilizar "anónimo" mas não tinha chave de acesso. o meu nick name , nos foruns é " Golfinho Autocaravanista ".
ResponderEliminarBem Haja