NOBEL DA LITERATURA
e
AUTOCARAVANISTA
“ (…) escrevi para a
sede de uma grande companhia que fabrica camiões. Especifiquei o meu objectivo
e as minhas necessidades. Queria uma camioneta de três quartos de tonelada,
capaz de ir fosse onde fosse sob as condições o mais rigorosas possível, e
queria que fosse construída nesta camioneta uma casa pequena, como a cabine de
um barco pequeno. Um reboque é difícil de manobrar nas estradas de montanha. É
impossível e frequentemente ilegal o seu estacionamento, e está sujeito a
muitas restrições. Em devido tempo, vieram as especificações de um veículo
forte, rápido, confortável, equipado com um habitáculo de acampamento – uma
pequena casa com cama suficiente para duas pessoas, um fogão de quatro bocas,
um calorífico, frigorífico e luzes funcionando a butano, uma retrete química,
espaço para arrumação, espaço para armazenagem, janelas com redes contra os insectos
– exactamente o que eu pretendia.“
(in “Viagens com Charley” de John Steibeck)
No decorrer da minha viagem ao
longo da Costa Atlântica da Europa, pernoitei numa pequena localidade
(Consolação) perto de Peniche (Portugal) tendo adquirido, por mero acaso e
entre outros, o livro “Viagens com o Charley” de onde transcrevo o trecho com
que inicio este escrito.
O autor, John Steinbeck, escreveu
este livro em 1962, ano em que lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura.
Confesso que do autor apenas conhecia “As Vinhas da Ira”, obra que li há já
muitos anos, pelo que a leitura destas “Viagens com o Charley” contribuiu para
me surpreender com a profunda capacidade de observação e conhecimento do género
humano patenteados por John Steinbeck, talento que eventualmente fizeram (e
fazem) dele um escritor de dimensão universal.
Algumas das situações com que os
autocaravanistas se deparam nos nossos dias são aflorados no livro e
progressivamente o leitor constata como o autor vai aprendendo a solucionar as
situações com que se depara.
Li com um sorriso algumas das
soluções que John Steinbeck encontra no decorrer da viagem com Charley para
situações com que muitos autocaravanistas também se deparam. Registe-se o
método que o escritor inventou para lavar a roupa em andamento.
Os que ainda não leram o livro
não deixarão (quando o lerem) de se deliciarem com as atitudes, as reações e,
atrevo-me a dizê-lo, com os “sentimentos” de Charley.
Curioso é também a denominação
com que Steinbeck baptiza a autocaravana: Rocinante.
Não obstante Rocinante, nome do
cavalo de D. Quixote, significar Pileca, não sendo portanto o mais apropriado
para identificar a forte autocaravana mandada construir pelo John Steinbeck,
entendo que a denominação é uma alusão à personagem de Cervantes, D. Quixote,
esse idealista desfasado da realidade. Significativo, não é?
John Steinbeck
“John Ernst Steinbeck, Jr. (Salinas, 27 de fevereiro de 1902 —
Nova Iorque, 20 de dezembro de 1968) foi um escritor estadunidense.
As suas obras principais são A Leste do Paraíso
(PT) ou A Leste do Éden (BR) (East of Eden, 1952) e As Vinhas da Ira
(The Grapes of Wrath,1939). Foi membro da Ordem DeMolay. Recebeu o Nobel de
Literatura de 1962.
Ainda muito jovem, por influência dos pais, leu
Dostoiévski, Milton, Flaubert e George Eliot. Terminou o curso secundário no
Salinas High School, em 1919. No ano seguinte, ingressou na Universidade de
Stanford, exercendo várias profissões para custear os estudos. Em 1925,
empregou-se no jornal American de Nova York, e vasculhou a cidade em busca de
um editor para seus livros ainda não escritos. Estreou na literatura com A Taça
de Ouro (1929), biografia romanceada do bucaneiro Henry Morgan, já marcada por
seu característico estilo alegórico.
Publicou em seguida Pastagens do céu (1932) e A Um
Deus Desconhecido (1933). Esses primeiros livros não lhe asseguraram a
profissionalização como escritor. Em 1935 firmou-se como autor de prestígio com
Boêmios Errantes, que recebeu a medalha de ouro do Commonwealth Club de São
Francisco como melhor livro californiano do ano. Os três mais importantes
romances de Steinbeck foram escritos entre 1936 e 1938: Luta Incerta (1936),
descreve uma greve de trabalhadores agrícolas na Califórnia; Ratos e Homens
(1937), que seria transportado para o cinema e para o teatro, analisa as
complexas relações entre dois trabalhadores migrantes; As Vinhas da Ira (1939),
considerado sua obra-prima, conta a exploração a que são submetidos os
trabalhadores itinerantes e sazonais, através da história da família Joad, que
migra para a Califórnia, atraída pela ilusória fartura da região. Essa trágica
odisséia recebeu o prêmio Pulitzer e foi levada à tela por John Ford em 1940.
A obra de Steinbeck inclui ainda Caravana de Destinos
(1944), A Pérola (1945/47), O Destino Viaja de Ônibus (1947), Doce Quinta-feira
(1954),O Inverno de Nossa Desesperança (1961), Viagens com Charley (1962).
Steinbeck teve 17 de suas obras adaptadas para filme
por Hollywood. Alcançou também grande sucesso como escritor para filmes, tendo
sido indicado em 1944 ao Óscar de melhor história* pelo filme Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat) de Alfred
Hitchcock.
* - Categoria descontinuada em 1957,
sendo substituída pela de melhor roteiro original”
Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre
Parabens por esta transcrição...deveras muito interessante
ResponderEliminar