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OS
SÍMBOLOS
Um
só homem pode fazer a diferença, mas não faz a mudança.
Afirmava
Aristóteles que o homem, para viver isolado,
só se for um bruto ou um deus. Desde tempos imemoriais que o homem
se relaciona, se une, pelos mais diversos meios a outros homens para
juntos alcançarem o que pretendem, nomeadamente para modificar o
meio ou a forma como vivem.
O
viver em sociedade obriga a ter uma forma organizativa e objectivos
comuns. As associações são pequenas (?) formas de colectivamente
se alcançar um ou mais objectivos comuns que o homem individualmente
não consegue. Assim, a união em torno de associações
autocaravanistas, organizadas, contribui para que melhor sejam
defendidos os direitos, interesses e regalias da modalidade e se
alcancem as mudanças inovadoras a que as sociedades modernas
obrigam.
Já
a não associação pode corresponder (e normalmente corresponde) a
uma forma de individualismo egoísta de quem não participando
activamente nas soluções se vem, no futuro, aproveitar do trabalho
desenvolvido por outros. Mas, são esses mesmos, que “de fora”
não hesitam em criticar de forma soez as derrotas, mas que correm
para as primeiras filas aplaudindo os êxitos, como se deles fossem,
e para os quais não contribuíram minimamente
Dar
a vida por um símbolo
Contudo,
o homem não é só um animal social. É também um ser para quem a
simbologia é importante, tão importante que dá a vida para
defender os símbolos que representam um “bem superior”. Ao longo
da história da humanidade temos exemplos desses martírios em
pessoas que (por exemplo) preferem a morte a cuspir numa cruz
(enquanto símbolo cristão) ou que para não perderem para o inimigo
a bandeira (enquanto símbolo da pátria) se deixam decepar até à
morte.
Mesmo
pondo de lado as situações extremas, os símbolos estão sempre
presentes nas sociedades, mesmo nas mais modernas. A aliança (anel
que simboliza casamento), as flores (e os diferentes significados),
os gatos pretos (e as superstições azarentas), as marchas, os hinos
e muitos, muitos mais símbolos, mesmo os mais prosaicos (sinais de
trânsito, proibição de fumar, está a ser filmado, sorria…) são
uma presença constante nas sociedades.
É
por essa necessidade de ter símbolos que alguns são aprovados e
consignados em normas de cariz mundial, nacional, regional e, até,
associativo.
A
Marcha do CPA
A
“Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” não é,
relativamente ao que atrás é dito, uma excepção.
O
CPA nasce, embora possa não parecer, INICIALMENTE pela necessidade
de colectrivamente melhor se criarem condições à práctica do
campismo em autocaravana e, POSTERIORMENTE, de forma organizada,
evoluiu para desenvolver formas de turismo em autocaravana. No
entanto, aplauda-se o facto de nunca os dirigentes do CPA, ao longo
dos anos, terem renegado as origens da associação, conforme o
comprovam os Estatutos revistos e aprovados em 2012 que consideram
que o campismo é TAMBÉM um dos objectivos da associação.
E
o CPA não é também excepção quando aprova em Assembleia Geral
dois símbolos: a bandeira e o símbolo identificativo da associação.
No entanto, até à presente data, o CPA não tem, pois nunca o
aprovou em Assembleia Geral e, tanto quanto sei nunca foi aprovado em
reunião de Direcção, um outro importante simbolo: o Hino do CPA
Embora
não seja dessa época, em data que desconheço, foi criada a MARCHA
DO CPA,
salvo erro com música
de Júlio Costa
e letra
de Rosa Maria
(ver o vídeo mais abaixo). A Marcha, nitidamente datada e que marca
uma época do CPA, foi cantada em muitos dos eventos e tem a seguinte
letra:
Vamos
todos sobre rodas,
as
rodas nos vão levar
por
esses caminhos fora,
vem
connosco acampar.
Vamos
pela estrada fora,
nesta
senda caminhemos,
e
à noite, junto ao fogo,
ao
CPA cantaremos.
Ao
frio, à chuva e ao sol,
estaremos
com certeza
convivendo
como irmãos
e
amando a natureza.
Amigo
e companheiro,
junta-te
a nós e verás
como
é bom viver a vida
que
o campismo nos traz.
Vamos
todos sobre rodas,
as
rodas nos vão levar
por
esses caminhos fora,
vem
connosco acampar.
Vamos
pela estrada fora,
nesta
senda caminhemos,
e
à noite, junto ao fogo,
ao
CPA cantaremos.
Lá,
lá, lá …………………..
…………………………….
…………………………….
Vamos
pela estrada fora,
nesta
senda caminhemos,
e
à noite, junto ao fogo,
ao
CPA cantaremos.
Os
hinos são imutáveis?
Dirão
os puristas do autocaravanismo que a letra está desadequada ao que,
pelo menos desde 2010, o CPA é. Admitamos que sim. Que as palavras
“acampar” e “campismo”, que constam da letra da marcha, já
não representam a essência do novo CPA. Mas, não é verdade que os
hinos são muitas vezes datados, porque escritos numa determinada
época e num determinado contexto?
Tomemos
como exemplo o Hino Nacional, ”A Portuguesa”, aprovado após a
implementação da República, em 1911 pela Assembleia Constituinte,
mas que foi composto 20 anos antes, em 1890, como reação dos
republicanos ao Ultimato Inglês e à humilhação sofrida por
Portugal.
O
que muitos portugueses ignoram é que a parte final do actual Hino
Nacional tinha a seguinte redacção:
Às
armas, às armas!
Sobre
a terra, sobre o mar,
Às
armas, às armas!
Pela
pátria lutar!
Contra
os Bretões!
marchar,
marchar!
(Sublinhado meu)
(Sublinhado meu)
“Bretões”,
nome dado aos ingleses, foi posteriormente substituído por
“canhões”. Aliás, o Hino Nacional, já na letra, já na música,
veio sendo alterado até à versão actual aprovada em 1957, versão
que é consignada na actual Constituição da República.
Se
mesmo os Hinos Nacionais de um País podem ser adaptados, sem
perderem a carga simbólica que tiveram junto das gerações que os
viram nascer, porque não pode a “Marcha do CPA” ser alterada e
aprovada em Assembleia Geral como “Hino do CPA”? Porque
não substituir “acampar” por “passear” e “campismo” por
“turismo”?
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) – AQUI)
Muito interessante. Parabéns!
ResponderEliminarNão sendo um fundador do Clube Português de Autocaravanas, já que a sigla CPA só surgiu aprovada em AG em 17 de novembro de 2012 associada à nova designação Associação Autocaravanista de Portugal - CPA, nada terei a opor à alteração proposta no texto acima. Aliás, que eu saiba, o hino nunca foi submetido à aprovação da AG, pelo que vejo agora uma boa oportunidade para que tal seja proposto.
ResponderEliminarCompanheiro Autocaravanista Paulo Moz Barbosa,
EliminarAgradeço o comentário e sobre o mesmo só se me oferece dizer que qualquer proposta sobre a matéria em apreço só pode ser feita em termos prácticos pela inclusão de um ponto na Ordem de Trabalhos de uma qualquer Assembleia Geral do CPA.
No entanto é importante que esse ponto da ordem de trabalhos, se vier a existir, seja precedido da abertura a todos os associados da oportunidade de poderem apresentar proposta de hinos e/ou de alteração à chamada Marcha do CPA a serem votados, posteriormente, na Assembleia Geral.