quinta-feira, 19 de abril de 2018

CATIVAR OS AUTOCARAVANISTAS



Imagem obtida no blog “EMEF CALDAS JUNIOR”



CATIVAR OS AUTOCARAVANISTAS


Segundo alguns estudiosos Portugal tem o mais baixo índice de associativismo por habitante de toda a Europa o que parece ser contraditório com o facto de o número de colectividades ter aumentado, conforme os dados da “Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto” que estima haver 7 mil associações com um total de um milhão de associados e 18 mil clubes e colectividades com mais de três milhões de associados.

Em 2005 um conhecido autocaravanista português (Luís Almeida) afirmava: “Sejamos ou não associados de um qualquer clube, a verdade é que as coisas só funcionam quando existe união, convergência de esforços, dinâmica de grupo, espírito de sacrifício, enfim um conjunto de condições que, infelizmente, quer queiramos ou não admitir, não estão minimamente reunidas no caso autocaravanimo português.(ver AQUI)

Em 2012 afirmei que “A Pedagogia Autocaravanista é imprescindível exercê-la junto dos autocaravanistas para que exista um referencial que conduza a uma melhor prática. O grau de associativismo autocaravanista em Portugal não permite que essa pedagogia seja tão eficiente quanto deveria ser, nomeadamente junto da maioria dos autocaravanistas que não estão associados.”(ver AQUI)

Como, pois, trazer ao seio das organizações associativas autocaravanistas de base e com personalidade jurídica os milhares de autocaravanistas que não estão associados?

É aqui que emerge a indiscutível responsabilidade da “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA”, na medida em que, até segundo Henrique Fernandes (autocaravanista, pedestrianista, campista e ex-caravanista), “O mais antigo e maior clube português de autocaravanas é o CPA-Clube Português de Autocaravanas, atualmente designado por Associação Autocaravanista de Portugal-CPA, ou AAP-CPA (com sede em Lisboa).” (ver AQUI) Logo, sendo o mais antigo e maior, tem a obrigação de ser o que melhor deve “Promover uma Pedagogia Autocaravanista”, “Divulgar o conceito de Estacionar e Acampar em Autocaravana” e “Protestar contra a Discriminação Negativa”.

É uma realidade que o elevado número de associados do CPA se deve essencialmente à parceria que tem há já muitos anos com a Castelo & Veludo (ver AQUI) no âmbito do seguro de autocaravanas que é, numa relação custo/serviço, do melhor que se proporciona em Portugal. Contudo, esta realidade, só por si, não é suficiente, nem desejável que seja única. Evidentemente que o CPA tem muitos outros polos de atracção, mas nenhum será tão importante como o de proporcionar Encontros Autocaravanistas em que estejam compreendidas acções turísticas, campistas, culturais, desportivas e lúdicas ou, resumindo, em que o convívio seja primordial.

Infelizmente em 2017 o CPA só organizou dois Encontros Autocaravanistas que coincidiram com as Assembleias Gerais obrigatórias. Tudo aponta para que em 2018 serão também apenas 2 os Encontro que o CPA organize. A ver vamos.

(Quero aqui ressalvar e exaltar a iniciativa de alguns associados que no âmbito do CPA organizaram o percurso “Faro/Penacova pela EN2” para se deslocarem à Assembleia Geral do CPA. São iniciativas assim que contribuem para promover e cimentar o associativismo no CPA)

É imprescindível, para promover o associativismo autocaravanista, para aumentar os polos de interesse do CPA e o consequente aumento de associados e, o que não é menos importante, para dinamizar uma Pedagogia Autocaravanista, divulgando as mensagens que são imprescindíveis, que a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” organize pelo menos 4 Encontros Autocaravanistas anuais para…

CATIVAR OS AUTOCARAVANISTAS

(Segue-se um trecho extraído do Livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-exupéry” no qual o Principezinho dialoga com a Raposa sobre o significado de “cativar”. Deixe correr a imaginação e experimente, neste trecho, substituir “Principezinho” por “CPA” e “Raposa” por “Autocaravanista” - Os interessados podem aceder AQUI ao texto integral do Livro)


E foi então que apareceu a raposa:

- Boa dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
 - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?

- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incómodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?

- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?
- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua ideia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.

O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

(Sublinhados da minha responsabilidade)


PERGUNTA: Encontra no trecho alguma relação entre a necessidade de os Encontros Autocaravanistas organizados pelo CPA serem precisos para CATIVAR OS AUTOCARAVANISTAS?




(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)



2 comentários:

  1. Uma leitura mais atenta ao relatório e contas 2017, aprovado na AG do CPA de março passado, esclarece que para além dos dois Encontros organizados pelo CPA, outros houve onde o CPA foi chamado a participar e aos quais os sócios não deram importância. Corrijo a informação sobre a organização do percurso Faro/Penacova pela EN2: foi organizada pela direção do CPA e não por iniciativa de alguns associados.

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    1. Companheiro Autocaravanista Paulo MB,

      Como talvez se não tenha apercebido, no meu artigo de opinião, o que está escrito e até sublinhado é que “Infelizmente em 2017 o CPA só organizou dois Encontros Autocaravanistas”. As outras actividades não foram ORGANIZADAS pelo CPA, mas noticiadas.

      Relativamente ao percurso “Faro/Penacova pela EN2” o mesmo nasceu publicamente, ainda antes de o CPA o ter divulgado, no seio do Grupo “Espaço Autocaravanista Algarvio”. Por esta divulgação ter precedido a informação do CPA para mim tornou-se uma evidência que foi, inicialmente, uma iniciativa de alguns ou (admito-o) de apenas um associado. Mesmo que assim não seja, embora surpreendido por a divulgação não ter sido primeiramente feita pelo CPA, continuo a louvar o evento.

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