segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Poesia de … Ana Hatherly


Foto do Bligue “O Marrare”


Esta Gente / Essa Gente


O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
                                                                      
Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente
                                                                      
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
                                                                      
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente
                                                                      
O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente
                                                                      
Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente
                                                                      
NENHUMA!
                                                                      
A gente
só é dominada por essa gente

quando não sabe que é gente




Ana Hatherly é uma professora, escritora e artista plástica portuguesa.

Professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde co-fundou o Instituto de Estudos Portugueses, é diplomada em Cinema, pela London Film School, licenciada em Filologia Germânica, pela Universidade de Lisboa, e doutorada em Estudos Hispânicos, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Anteriormente leccionou na Escola de Cinema do Conservatório Nacional, e no AR.CO, em Lisboa. Existem cópias dos seus filmes no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e no Arquivo da Cinemateca Portuguesa.

Paralelamente desenvolveu uma carreira como artista plástica, iniciada na década de 1960, com um extenso número de exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro
.
Foi membro da Direcção da Associação Portuguesa de Escritores e ajudou a fundar o P.E.N. Clube Português, ao qual presidiu. Foi ainda membro destacado do grupo da poesia experimental, nas décadas de 1960 e 70, além de se ter dedicado à investigação e divulgação da literatura portuguesa barroca, fundando as revistas Claro-Escuro e Incidências. Em 1978foi agraciada pela Academia Brasileira de Filologia do Rio de Janeiro, com a Medalha Oskar Nobiling; em 1998 obteve o Grande Prémio de Ensaio Literário da Associação Portuguesa de Escritores; em 1999 o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português; em 2003 o Prémio de Poesia Evelyne Encelot, em França, e o Prémio Hannibal Lucic, na Croácia.

Encontra-se colaboração da sua autoria na revista 57 (1957-1962) (ver AQUI)

Poesia

  • Um Ritmo Perdido. Lisboa: Ed. Aut. (1958)
  • As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural (1959)
  • A Dama e o Cavaleiro. Lisboa: Guimarães Editores (1960)
  • Sigma. Lisboa: Ed. Aut. (1965)
  • Estruturas Poéticas - Operação 2. Lisboa: Ed. Aut. (1967)
  • Eros Frenético. Lisboa: Moraes Editores (1968)
  • 39 Tisanas. Porto: Colecção Gémeos, 2 (1969)
  • Anagramático. Lisboa: Moraes Editores (1970)
  • 63 Tisanas: (40-102). Lisboa: Moraes Editores (1973)
  • Poesia: 1958-1978. Prefácio de Lúcia Helena da Silva Pereira - Lisboa: Moraes Editores (1980)
  • Ana Viva e Plurilida. in Joyciana (ob. colec.), Lisboa: &etc. (1982)
  • O Cisne Intacto. Porto: Limiar (1983)
  • A Cidade das Palavras. Lisboa: Quetzal (1988)
  • Volúpsia. Lisboa: Quimera (1994)
  • 351 Tisanas. Lisboa: Quimera (1997)
  • Rilkeana. Apresentação de João Barrento e Elfriede Engelmayer - Lisboa: Assírio & Alvim (Prémio de Poesia do PEN Clube Português) (1999)
  • Um Calculador de Improbabilidades. Lisboa: Quimera (2001)
  • O Pavão Negro. Prefácios da Autora e de Paulo Cunha e Silva, Lisboa: Assírio & Alvim (Prémio de Consagração da Associação Portuguesa de Críticos Literários) (2003)
  • Itinerários. Vila Nova de Famalicão: Edições Quasi (2003)
  • Fibrilações. Edição bilingue. Tradução para castelhano de Perfecto E. Cuadrado, Lisboa: Quimera (2005)
  • A Idade da Escrita e outros poemas. Antologia com org. e pról. de Floriano Martins, São Paulo: Escrituras (2005)
  • 463 Tisanas. Prefácio da Autora, Lisboa: Quimera (2006)
  • A Neo-Penélope. Lisboa: &etc. (2007)


Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre


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