quinta-feira, 22 de outubro de 2015

AUTOCARAVANISMO: FACTOS E CONJECTURAS



Imagem retirada de “kdfrases.com”


AUTOCARAVANISMO: FACTOS E CONJECTURAS


No meu artigo de opinião “2010: Um marco na história do autocaravanismo” (ver AQUI) da passada Quinta-feira (15 de Outubro de 2015) comprometi-me a abordar o que foi o envolvimento da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal na concretização dos conceitos então aprovados pela Direcção presidida por Fernando Cipriano que, também ainda no decorrer do seu mandato divulgou um parecer jurídico que em si mesmo condena a discriminação negativa do veículo autocaravana (ver AQUI).


O compromisso

No início de 2013 tomaram posse os actuais dirigentes da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que se candidataram sob o lema “Regionalizar e com as Associadas projectar o futuro”, candidatura feita na base de um Programa Eleitoral.

À data apoiei publicamente esta candidatura tendo em consideração o Programa que se dispunham concretizar e estando consciente que nem todos os objectivos seriam alcançados, nomeadamente naqueles propósitos que não dependeriam exclusivamente da FCMP.

Era também a minha mais profunda convicção que o associativismo, no âmbito das actividades tuteladas pela FCMP, estava a iniciar um novo e diferente caminho em que todos os que eram abrangidos por esta entidade se sentiriam ainda mais integrados e participativos. Esta consciência ficou ainda mais enraizada quando, em 11 de Janeiro de 2013, no Oficio-Circular 1/2013 da FCMP, assinado pelo Presidente da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, João Luís Queiroz, assumia publicamente que se comprometia com os objectivos que propusera enquanto candidato.

Realça-se do documento o seguinte trecho:

Também queremos sublinhar, mais uma vez, a nossa determinação em empreender o nosso trabalho com base nos Princípios Programáticos, que foram construídos com as Associadas, num debate permanente e que consideramos amplamente referendados.

É uma grande honra, conscientes da grande responsabilidade que assumimos, ter o privilégio de protagonizar tão aliciante projeto, sem deslumbramentos, com os pés assentes na terra e com responsabilidade.

Entretanto, passados quase 3 anos sobre o início do mandato dos actuais dirigentes da FCMP e a pouco mais de um ano para terminar esse mandato, é legítimo no que ao autocaravanismo concerne, fazermos um primeiro e provisório balanço.


O Balanço

No Programa de Candidatura dos actuais dirigentes da FCMP (ver AQUI) foram, no que ao autocaravanismo respeita (exclusivamente ou não) feitas as seguintes as promessas:

1 -

Estudar, aprofundar e dar resposta a legislação para suprir dificuldades encontradas pelos praticantes de algumas modalidades designadamente de Autocaravanismo.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP destinadas a suprir as dificuldades do autocaravanismo em Portugal, designadamente no que se refere à discriminação negativa do veículo autocaravana, excepto, talvez, a promoção do Colóquio / Encontro “O Autocaravanismo e a Sociedade” (ver AQUI) cujos resultados, 6 meses depois da sua realização, não tiveram a óbvia continuidade.

É significativo constatar que no Portal da FCMP as informações sobre autocaravanismo são inexoravelmente suprimidas após algum pouco tempo de publicitação, razão pela qual tenho que recorrer a textos de outras entidades.

2 –

Propor a representação da FCMP na Comissão Europeia de Autocaravanas da FICC

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP destinadas a ter uma representação na Comissão Europeia de Autocaravanas.

3 –

Desenvolver iniciativas (Conferências, Seminários, Jornadas, Encontros e/ou Workshops), em torno de temáticas sobre a prática de atividades campistas, Autocaravanistas e Caravanistas, ligadas ao Turismo e de conservação do Ambiente.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP promovendo, no que ao autocaravanismo respeita, Conferências, Seminários, Jornadas, Encontros e/ou Workshops, excepto o “Colóquio/Encontro" referido atrás, no ponto 1.

4 –

Criar no seio da FCMP uma Comissão de Autocaravanistas com funções essencialmente consultivas e de auscultação obrigatória no que ao Movimento Autocaravanista respeita.

A Comissão de Autocaravanismo foi criada a 29 de Outubro de 2013 e no respectivo Regulamento (ver AQUI) são transcritos os compromissos eleitorais com que os responsáveis da FCMP se candidataram. Apenas se conhecem publicamente (nos quase 2 anos de existência da Comissão de Autocaravanismo) a realização de alguns encontros Autocaravanistas, a organização do Colóquio/Encontro atrás referido, a divulgação de apoio logístico aos autocaravanistas que se deslocaram ao Rally FICC 2015 na Croácia e a participação em 3 reuniões da Comissão Europeia de Autocaravanismo da FICC. Se mais houve, não foi público. E, mesmo estas actividades, após algum tempo de publicitação, são eliminadas do Portal da FCMP.

5 –

Potenciar o Movimento Autocaravanista, dinamizando a sua Internacionalização junto das nossas congéneres, particularmente do sul da Europa, também com vista a promover parcerias que venham a garantir uma maior utilização dos equipamentos nacionais.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP promovendo, no que ao autocaravanismo respeita, parcerias internacionais.

6 –

Criar um órgão de apoio e informação Turística, Cultural e Legislativa, aos Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas que se deslocam para fora do país e aos mesmos Praticantes Estrangeiros que se desloquem a Portugal.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com o objectivo de criar qualquer órgão de apoio e informação turística, cultural e legislativa. Mesmo a Comissão de autocaravanismo da FCMP, que seja público, nunca promoveu informação turística, cultural e legislativa direcionada para os autocaravanistas, excepto o apoio logístico, pontual, aos autocaravanistas que se deslocaram ao Rally FICC 2015 na Croácia e o documento "O que é uma autocaravana e o seu funcionamento".

7 –

Dinamizar a aplicação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade subscrita pela FCMP em 31 de Maio de 2010.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com o objectivo atrás referido, excepto, se assim o quisermos entender, o Colóquio/Encontro bastas vezes citado neste texto que, contudo, como já referi, não teve continuidade para levar à prática as conclusões desse mesmo Colóquio.

8 –

Promover encontros e percursos regulares que estimulem o convívio, a partilha de conhecimentos e deem a conhecer Portugal e o Turismo itinerante.

A Comissão de Autocaravanismo da FCMP promoveu uns 3 Encontros Autocaravanistas cuja descrição não consta do Portal da FCMP, pois, conforme parece ser a política de comunicação da Federação as actividades relativas ao Autocaravanismo são suprimidas, enquanto, como se pode constatar, outras se mantêm por períodos de meses. De notar que não obstante os Encontros Autocaravanistas serem importantes para que se estabeleçam laços de convívio entre os participantes não pode ser este o objectivo primeiro de uma federação, sob pena de se poder vir a estar em actividades concorrenciais com as associações federadas. Já no que respeita à promoção de percursos regulares em autocaravanas, previstos no programa de candidatura dos responsáveis da FCMP, o silêncio é total. Porquê?

9 –

Promover a busca de melhores condições para o Turismo automobilizado, seja por sinalética rodoviária adequada, instalações e infraestruturas de apoio locais e promovendo os espaços onde se possa estacionar e pernoitar em segurança.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com o objectivo de encontrar melhores condições para o Turismo automobilizado, como o comprova o facto de não ter sido promovida, que se saiba, qualquer parceria com qualquer organização turística. No que respeita à sinalética rodoviária não é feita no Portal da FCMP qualquer referência ao registo da mesma que a anterior Direcção da FCMP fez e também a promoção dos espaços onde as autocaravanas possam estacionar e pernoitar não consta que tenham sido feitos.

A existência destes espaços de pernoita (nomeadamente as Áreas de Serviço) nem sequer são promovidas através da divulgação que deveria ser acessível aos autocaravanistas no Portal da federação, o que pode passar a mensagem de que não estando a ser divulgados é porque a FCMP quer, com isso, beneficiar os Parques de Campismo, não apoiando o autocaravanismo.

10 –

Promover melhores condições para Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas bem como os seguros específicos às atividades e veículos com necessidades de deslocamento diferente.

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com o objectivo referido neste ponto. Curiosamente no Portal da FCMP foi divulgada (e posteriormente retirada) a informação que o Camping Card International (CCI) emitido pela Federação Internacional de Campismo, Caravanismo e Autocaravanismo (FICC) tinha um seguro de responsabilidade civil que se aplicava nos Parques de Campismo, quando, num esclarecimento tornado público pelo Presidente da FICC, o mesmo seguro abrangia os portadores do CCI desde a saída da respectiva residência até ao regresso. No pressuposto que a informação que foi divulgada pela FCMP não tinha qualquer propósito escondido resta-nos perguntar se estaremos perante uma situação que pode ser adjectivada como um lapso ou como uma demonstração de incompetência? 

11 –

Sensibilizar e envolver todos os operadores para este mercado de Campistas, Autocaravanistas, Caravanistas e Montanheiros que em si mesmo promove o desenvolvimento turístico (ACAP, PRP, Gasolineiras, Poder Publico e Local, equipamentos, etc)

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com o objectivo referido neste ponto, excepto um relativamente recente acordo com uma gasolineira, mas, realce-se, sem uma aprofundada explicação desse acordo e das condições do mesmo. A falta de informação ou informação deficiente parece ser apanágio da FCMP.

Como não é publico é oportuno perguntar que sensibilização foi feita junto das entidades que podem ter uma intervenção positiva contra a discriminação negativa do veículo autocaravana, ou da promoção turística em autocaravana, ou…

12 –

Envolver os Municípios e Distritos no Campismo, Autocaravanismo e Caravanismo com premiação anual


Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP neste objectivo que constava do Programa de Candidatura.

13 –

"Promover protocolos com Empresas e Organizações ligadas à produção e comercialização de equipamentos e outros produtos associados ao Campismo, Autocaravanismo, Caravanismo e Montanhismo."

Não são conhecidas publicamente (em 3 anos de mandato) iniciativas da Direcção da FCMP com este objectivo e que constava do Programa de Candidatura.


O Futuro 
  • Após 3 anos de mandato da Direcção da FCMP e 2 anos de existência da Comissão de Autocaravanismo da FCMP que perspectiva de futuro se coloca ao Movimento Autocaravanista de Portugal? 
  • Irá a Direcção da FCMP concretizar, no ano de mandato que ainda lhe falta cumprir, os compromissos eleitorais com que se candidatou? 
  • Terá a Comissão de Autocaravanismo da FCMP vontade política para avançar com propostas tendentes a defender e concretizar o que é o essencial das preocupações dos autocaravanistas?

Sem a ajuda de uma “Bola de Cristal”, baseado exclusivamente nos factos (destes 3 últimos anos) relatados neste meu artigo de opinião, torna-se um imperativo de consciência reflectir sobre o futuro e dar conhecimento dessa reflexão (o que farei) na próxima semana.



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI).


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