segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Poesia de… Carlos Eurico dos Santos


Imagem do Blogue “Poetas Apaixonados


Os carnívoros


Os corpos repousam para amar. Sob a superfície volante das mesas as sombras transparecem. São asas mergulhadas nas cavernas. São poços de pequenos astros.

Pensaremos no peixe alado no símbolo erótico na força nas mais tenebrosas angústias desta existência de carícias de medo – este porvir anunciador de mais verdadeiras idades.

Paramos nas mergulhadas estradas do limite como se rápidas viessem ao nosso encontro sobrenaturais chamas.


Paramos olhando perdidos sangrentos carnívoros que temem o fluir do sangue.




Carlos Eurico da Costa (Viana do Castelo, 1928 — Lisboa 1998) foi um escritor surrealista português , com actividade destacada na área do jornalismo e na indústria da publicidade.

É filho do escritor e jornalista Severino Costa. Trabalhou nos jornais "Diário de Lisboa" e Diário Ilustrado1 (1956-) do qual viria a ser afastado num processo político que ficou famoso na história do jornalismo português. Colaborou em publicações como a Seara Nova, Árvore, Serpente, Diário de Notícias, etc. Teve intensa actividade como crítico cinematográfico e foi dirigente cineclubista.

O seu nome ficou ligado à história do Surrealismo português. Integrou, em 1949, com os desenhos "Grafoautografias" a primeira Exposição dos Surrealistas portugueses, com nomes como Henrique Risques Pereira, Mário Cesariny de Vasconcelos, Oom, F. J. Francisco, A. M. Lisboa, Mário Henrique Leiria, Fernando Alves dos Santos, Artur do Cruzeiro Seixas, Artur da Silva, A. P. Tomaz e Calvet. Em 1951, foi um dos protagonistas da ruptura dentro do movimento surrealista português, ao subscrever a resposta a Alexandre O'Neill no panfleto colectivo Do Capítulo da Probidade.

Oposicionista ao Estado Novo, chegou a estar preso por motivos políticos enquanto cumpria serviço militar obrigatório. Manteve uma constante atitude de intervenção cívica, ligado aos meios oposicionistas à ditadura portuguesa. Foi membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Escritores e presidente da Associação da Imprensa Diária. Entre muitas actividades na área do associativismo, foi fundador, em 1979, da Associação de Cooperação com as Nações Unidas em Portugal.

Desenvolveu destacada actividade profissional na área das relações públicas e da publicidade, com responsabilidades de direcção na empresa CIESA-NCK e no grupo empresarial "Sociedade Nacional de Sabões".

Obras publicadas

A sua obra poética está recolhida nos volumes

  • Sete Poemas da Solenidade e um Requiem (Lisboa: Edições Árvore, 1952. Prólogo de Mário Cesariny de Vasconcelos: "A volta do filho prólogo"),
  • Aventuras da Razão (Lisboa: Livraria Morais Editora, Col. "Círculo de Poesia", 1965),
  • A Fulminada Imagem (Lisboa: Editorial Estampa, Col. "Poesia, Ensaio, Teatro". Prólogo de Alberto Ferreira, 1968), e
  • A Cidade de Palagüin (Lisboa: & etc, 1979).



Organizou as antologias

  • Doze Jovens Poetas Portugueses (Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1953, de parceria com Alfredo Margarido) e
  • Os Melhores Contos Fantásticos (Lisboa: Editora Arcádia, 1ª ed., 1959, 2ª ed., 1967).



A sua obra está incluída, entre outras, nas antologias

  • Surreal-abjeccion (ismo) (Lisboa: Editorial Minotauro, 1963; reed., *Surreal-abjeccion (ismo). Lisboa: Edições Salamandra, s.f.),
  • Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito (Lisboa: Guimarães Editores, 1961; reed.,
  • Antologia do Cadáver Esquisito. Lisboa, Assírio & Alvim, 1989),
  • A Intervenção Surrealista (Lisboa: Ed. Ulisseia, 1966; reed.,
  • A Intervenção Surrealista. Lisboa, Assírio & Alvim, 1997),
  • O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Lisboa: Publicações Europa-América, 1973),
  • You are welcome to Elsinore (Santiago de Compostela, Edicións Laiovento, 1996),
  • A Única Real Tradição Viva (Lisboa, Ed. Assírio & Alvim, 1998),
  • Antologia da Poesia Portuguesa 1940-1977 (Lisboa: Moraes Editores, 1979, 1º vol.) e
  • Antologia da Poesia Erótica (Lisboa: Universitária Editora, 1999).


Há uma antologia bilingue em português e espanhol da sua obra poética: A Cidade de Palagüin/La ciudad de Palagüin. Edición y traducción de Perfecto E. Cuadrado. Badajoz, Junta de Extremadura [Col. "La Estirpe de los Argonautas-Cuadernos de Poesía", nº 2], 2001.

Carlos Eurico da Costa dirigiu e coordenou o livro "A Caça em Portugal" (Ed. Estampa, Lisboa, 1963; 2ª edição, 1988, 3ª edição 1994)

Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

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