quinta-feira, 1 de outubro de 2015

NOBEL DA LITERATURA e AUTOCARAVANISTA




NOBEL DA LITERATURA
e
AUTOCARAVANISTA


“ (…) escrevi para a sede de uma grande companhia que fabrica camiões. Especifiquei o meu objectivo e as minhas necessidades. Queria uma camioneta de três quartos de tonelada, capaz de ir fosse onde fosse sob as condições o mais rigorosas possível, e queria que fosse construída nesta camioneta uma casa pequena, como a cabine de um barco pequeno. Um reboque é difícil de manobrar nas estradas de montanha. É impossível e frequentemente ilegal o seu estacionamento, e está sujeito a muitas restrições. Em devido tempo, vieram as especificações de um veículo forte, rápido, confortável, equipado com um habitáculo de acampamento – uma pequena casa com cama suficiente para duas pessoas, um fogão de quatro bocas, um calorífico, frigorífico e luzes funcionando a butano, uma retrete química, espaço para arrumação, espaço para armazenagem, janelas com redes contra os insectos – exactamente o que eu pretendia.

(in “Viagens com Charley” de John Steibeck)


No decorrer da minha viagem ao longo da Costa Atlântica da Europa, pernoitei numa pequena localidade (Consolação) perto de Peniche (Portugal) tendo adquirido, por mero acaso e entre outros, o livro “Viagens com o Charley” de onde transcrevo o trecho com que inicio este escrito.

O autor, John Steinbeck, escreveu este livro em 1962, ano em que lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura. Confesso que do autor apenas conhecia “As Vinhas da Ira”, obra que li há já muitos anos, pelo que a leitura destas “Viagens com o Charley” contribuiu para me surpreender com a profunda capacidade de observação e conhecimento do género humano patenteados por John Steinbeck, talento que eventualmente fizeram (e fazem) dele um escritor de dimensão universal.

Algumas das situações com que os autocaravanistas se deparam nos nossos dias são aflorados no livro e progressivamente o leitor constata como o autor vai aprendendo a solucionar as situações com que se depara.

Li com um sorriso algumas das soluções que John Steinbeck encontra no decorrer da viagem com Charley para situações com que muitos autocaravanistas também se deparam. Registe-se o método que o escritor inventou para lavar a roupa em andamento.

Os que ainda não leram o livro não deixarão (quando o lerem) de se deliciarem com as atitudes, as reações e, atrevo-me a dizê-lo, com os “sentimentos” de Charley.

Curioso é também a denominação com que Steinbeck baptiza a autocaravana: Rocinante.


Não obstante Rocinante, nome do cavalo de D. Quixote, significar Pileca, não sendo portanto o mais apropriado para identificar a forte autocaravana mandada construir pelo John Steinbeck, entendo que a denominação é uma alusão à personagem de Cervantes, D. Quixote, esse idealista desfasado da realidade. Significativo, não é?




John Steinbeck


“John Ernst Steinbeck, Jr. (Salinas, 27 de fevereiro de 1902 — Nova Iorque, 20 de dezembro de 1968) foi um escritor estadunidense.

As suas obras principais são A Leste do Paraíso (PT) ou A Leste do Éden (BR) (East of Eden, 1952) e As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath,1939). Foi membro da Ordem DeMolay. Recebeu o Nobel de Literatura de 1962.

Ainda muito jovem, por influência dos pais, leu Dostoiévski, Milton, Flaubert e George Eliot. Terminou o curso secundário no Salinas High School, em 1919. No ano seguinte, ingressou na Universidade de Stanford, exercendo várias profissões para custear os estudos. Em 1925, empregou-se no jornal American de Nova York, e vasculhou a cidade em busca de um editor para seus livros ainda não escritos. Estreou na literatura com A Taça de Ouro (1929), biografia romanceada do bucaneiro Henry Morgan, já marcada por seu característico estilo alegórico.

Publicou em seguida Pastagens do céu (1932) e A Um Deus Desconhecido (1933). Esses primeiros livros não lhe asseguraram a profissionalização como escritor. Em 1935 firmou-se como autor de prestígio com Boêmios Errantes, que recebeu a medalha de ouro do Commonwealth Club de São Francisco como melhor livro californiano do ano. Os três mais importantes romances de Steinbeck foram escritos entre 1936 e 1938: Luta Incerta (1936), descreve uma greve de trabalhadores agrícolas na Califórnia; Ratos e Homens (1937), que seria transportado para o cinema e para o teatro, analisa as complexas relações entre dois trabalhadores migrantes; As Vinhas da Ira (1939), considerado sua obra-prima, conta a exploração a que são submetidos os trabalhadores itinerantes e sazonais, através da história da família Joad, que migra para a Califórnia, atraída pela ilusória fartura da região. Essa trágica odisséia recebeu o prêmio Pulitzer e foi levada à tela por John Ford em 1940.

A obra de Steinbeck inclui ainda Caravana de Destinos (1944), A Pérola (1945/47), O Destino Viaja de Ônibus (1947), Doce Quinta-feira (1954),O Inverno de Nossa Desesperança (1961), Viagens com Charley (1962).

Steinbeck teve 17 de suas obras adaptadas para filme por Hollywood. Alcançou também grande sucesso como escritor para filmes, tendo sido indicado em 1944 ao Óscar de melhor história* pelo filme Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat) de Alfred Hitchcock.

* - Categoria descontinuada em 1957, sendo substituída pela de melhor roteiro original”


Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

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