quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A CONFIANÇA


Imagem obtida no Google+ de Liliane Arruda


A CONFIANÇA


Amo Portugal.

Seria estúlticia que me acusassem de não amar Portugal pelo facto de criticar um Presidente da República que tendo jurado cumprir e fazer cumprir a Constituição o não fizesse. Seria incompreensível que pelo facto de um Governo não cumprir as promessas eleitorais que fez eu fosse acusado, por o denunciar, de deixar de amar o meu País.

Confundir os governantes de um país com o país em si mesmo é uma aberração de quem tem uma visão maniqueísta da vida.

Também a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), instituição com história e com mais de 70 anos de existência, não pode ser reduzida à imagem e semelhança dos comportamentos políticos dos seus dirigentes e ser com eles confundida e comparada. “O estado sou eu” como dizia um qualquer Luís na França das monarquias absolutas não se aplica (não se pode aplicar) numa república democrática do século XXI.


PROMESSAS NÃO ESTÃO A SER CUMPRIDAS

Não obstante os responsáveis da FCMP terem sido democraticamente eleitos ou designados em conformidade com as normas estatutárias, é importante não esquecer que assumiram, pelo menos, o compromisso de que se fossem eleitos cumpririam as promessas eleitorais. Eu apoiei e votei nestes dirigentes da FCMP com base no Programa Eleitoral com que se candidataram, confiante que honrariam a promessa que assumiram e que exijo (como deve fazer qualquer associado ou associação responsável) que cumpram.

É compreensível e aceitável que qualquer cidadão eleito ou nomeado para qualquer cargo não tenha possibilidade de levar a bom termo as disposições com que se comprometeu por essas promessas dependerem de terceiros. Se, por exemplo, o compromisso de estabelecer contactos com um qualquer organismo público não for concretizado, porque esse organismo não se dispuser a aceitar esses contactos, não é intelectualmente honesto assacar responsabilidades pelo não cumprimento desse compromisso. Mas, se pelo contrário, nunca tiver sido solicitada essa reunião, torna-se evidente que se está perante um incumprimento de uma promessa.

São situações de incumprimento reiterado dos compromissos assumidos pelos dirigentes que minam a confiança dos eleitores nas instituições. No caso concreto do Presidente e da Direcção da FCMP é bem patente, quase 3 anos depois da tomada de posse e a pouco mais de 1 ano de fim de mandato, no que ao autocaravanismo respeita (e não só), que a maioria esmagadora dos compromissos não foi cumprida e dificilmente o será com qualidade devido ao pouco tempo que falta para o fim de mandato.


HÁ MAIS RESPONSÁVEIS

A inércia, a indiferença, o não assumir do cumprimento da palavra dada só responsabiliza o Presidente e a Direcção da FCMP?

NÃO! Não responsabiliza apenas o órgão Presidente da FCMP. Responsabiliza igualmente todas as restantes Listas candidatas ao abrigo da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, ou seja, também os membros dos Conselhos Regionais de cada uma das Regiões em que a FCMP se organiza, os Delegados à Assembleia Geral, os membros dos Conselhos Fiscal, de Disciplina, de Justiça e de Arbitragem e os membros da Mesa da Assembleia Geral. Mesmo os membros da Direção da Federação, que não são eleitos, mas nomeados pelo Presidente da Federação, não ignoram qual é o Programa de Candidatura que devem respeitar. Concluindo: Todos, eleitos ou designados, no âmbito da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro” são corresponsáveis pelo cumprimento do Programa de Candidatura.

Responsabiliza ainda todos os portadores da Licença Desportiva da FCMP e as instituições federadas que votaram no projecto apresentado pelo Presidente da FCMP.

Para se avaliar o sentido de responsabilidade de todos os referidos há, talvez, que aguardar pelas respectivas manifestações de vontade, que corajosamente decidam, a bem da FCMP, passar a expressar em reuniões, encontros e assembleias gerais. E, a pergunta que se põe, é se VOLTARÃO A DAR O SEU VOTO A QUEM SE COMPROMETEU E NÃO CUMPRE?


UM POSSÍVEL ÚNICO CAMINHO

Como sempre faço, assumindo a minha quota parte de responsabilidade, consciente de que “Ter um “lado” é mais do que estar ao lado” e que o facto de ter um “lado” não (me) obriga a respeitar ideias e procedimentos se com isso não concordar. Ter um “lado” não pode ser um pretexto para a irracionalidade, para a incoerência, para a mesma irracionalidade e incoerência que tantas e tantas vezes se concretiza, por exemplo, nos Estádios de Futebol. Ter um “lado” é ter uma causa, é ter um objectivo, é ter consciência e responsabilidade da opção que fizermos, mas, sobretudo, ter um elevado sentido critico. O nosso “lado” será tão melhor defendido e maiores êxitos poderá obter se de forma assertiva não perdermos o sentido crítico e dispusemo-nos a lutar contra os desvios de percurso. Os apoios irracionais dos indefectíveis conduzem tantas e tantas vezes aos desastres.

Considerando a inércia dos actuais responsáveis da FCMP sobre a dinâmica e implementação real de políticas autocaravanistas e considerando igualmente a falta de credibilidade da FPA, o Movimento Autocaravanista de Portugal poderá vir a estar confrontado com um possível único caminho:

Criação de uma Plataforma de Entendimento

Esta opção, que passa por reuniões de todas as associações vocacionadas para o autocaravanismo, com personalidade jurídica e com vista a alcançar políticas autocaravanistas comuns, é, em si mesma, um caminho que a FPA já vetou e que a FCMP alegadamente teme que venha a dar origem, como aconteceu em Espanha, a uma Federação Autocaravanista de Portugal que se filie na Federation Internationale de Camping, Caravanning et Autocaravaning.

Recordo que durante alguns meses o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA clamou nas redes sociais que tudo faria que estivesse ao seu alcance para promover essa Plataforma, mas, passados tantos meses (atrever-me-ia a referir mais de 12) não são publicamente conhecidos quaisquer resultados conducentes a esse objectivo.

Existem fortes indícios que esse objectivo foi travado pelo Presidente da FPA. Leia-se o que escrevi num artigo intitulado “Galos à Bulha” e que pode ser acedido AQUI.
                                                                           
O futuro esclarecerá se a criação de uma Plataforma de Entendimento será o melhor e único caminho. Enquanto assim se não verificar deverá continuará a ser no seio da FCMP que as associações vocacionadas essencialmente para o autocaravanismo devem continuar.


A COMISSÃO DE AUTOCARAVANISMO

É importante que faça algumas referências à Comissão de Autocaravanismo da FCMP que foi criada em 29 de Outubro de 2013 e que eu tinha a convicção que iria contribuir positivamente para implementar as políticas autocaravanistas. Nesse sentido foram transcritos para o Regulamento da Comissão (ver AQUI) todos (ou quase todos) os compromissos eleitorais dos actuais dirigentes da FCMP.

E, perguntarão os autocaravanistas interessados, quais foram as actividades da Comissão Autocaravanista da FCMP tornadas públicas?

A acreditarmos no Relatório de 2013 da FCMP (ver AQUI) verificou-se a constituição da Comissão de Autocaravanismo, o acompanhamento de Municípios e de particulares na feitura de Áreas de Serviço e, curiosamente, nesse Relatório realça-se (APENAS) a inauguração da Área de Serviço de Autocaravanas da Marateca. Também é referido que foram remetidas cartas a entidades municipais e particulares para serem estabelecidas parcerias importantes. Será legitimo perguntar a que entidades e que parcerias?

Já o Relatório reportado ao que a FCMP fez em 2014 (ver AQUI) refere que foi apresentada uma definição para o autocaravanismo que (salvo erro) só foi colocada no Portal da FCMP em 2015; refere a elaboração em 2014 de um projecto e memória descritiva de uma Estação de Serviço para Autocaravanas que, quase no fim de 2015 não se encontra, por mais que se procure, no Portal da FCMP; são ainda referidos, a representação da FCMP na reunião da Comissão Europeia de Autocaravanismo da FICC, também é mencionada a participação num Encontro Autocaravanista no âmbito do projecto Eco Solidário e uma Reunião com os responsáveis do projecto Portugal Tradicional. Mas, se atentarmos no Programa de Actividades para 2014 (ver AQUI), a páginas 18 e 19, constatamos que foi delegado na Comissão de Autocaravanismo todas as actividades programadas e que, na sua maioria esmagadora, não constam do Relatório referente a 2014. Se não constam é porque se não realizaram. E se não se realizaram é porque o Coordenador da Comissão (que é também Vice-Presidente da Direcção da FCMP) não promoveu a dinâmica necessária para as concretizar e / ou porque os membros da Comissão se recusaram e / ou porque a Direcção da FCMP não colaborou e / ou respectivo Presidente não terá disponibilizado o necessário apoio político. Todas as opções ficam em aberto e mais as que cada um queira adiantar.

A Comissão de Autocaravanismo da FCMP não está a desenvolver trabalho, nomeadamente o mais importante, que deveria, podia e tinha a obrigação de fazer, pelo que se coloca a pergunta: Para que tem servido a Comissão de Autocaravanismo da FCMP? A essa pergunta já dois dos respectivos membros responderam… demitindo-se.


É POSSÍVEL RECOMEÇAR DE NOVO? TALVEZ

Todos estes protelamentos, estas “anomalias” que aqui constato, até poderiam ser “esquecidas” pelos autocaravanistas e pelas associações essencialmente vocacionadas para o autocaravanismo, se o principal problema do Movimento Autocaravanista de Portugal, o problema que ocupa pelo menos 95% das preocupações, fosse satisfatoriamente resolvido.

O principal problema do Movimento Autocaravanista de Portugal, que foi fruto de análise do Colóquio / Encontro promovido pela FCMP em Salvaterra de Magos a 18 de Abril de 2015 (ver AQUI), reporta-se à discriminação negativa do veículo autocaravana. Sanado esse problema tudo o resto é secundário.

É obrigação dos dirigentes da FCMP não só darem cumprimento ao respectivo Programa de Candidatura como, depois da realização do Colóquio / Encontro atrás referido e considerando o que nele foi dito, desenvolverem sem delongas todas as iniciativas que puderem para acabar com a discriminação negativa do veículo autocaravana. Não é igualmente menos importante que todas as associações federadas que apoiaram a candidatura dos actuais dirigentes da FCMP e o respectivo Programa se sintam na obrigação de serem solidários no compromisso que assumiram e lutarem para que os autocaravanistas não continuem a ser discriminados negativamente quando estacionam as respectivas autocaravanas em igualdade de circunstâncias com veículos de igual gabarito.

Através da Solidariedade, que deve ser manifestada publicamente pelas associações federadas na FCMP, para cada situação concreta, é que esta Federação dará uma demonstração de unidade na diversidade de opiniões e de modalidades. É, no entanto, imprescindível que o Presidente MANIFESTE PUBLICAMENTE A VONTADE POLÍTICA correspondente a cada situação concreta e MANTENHA INFORMAÇÃO ACTUALIZADA PERMANENTEMENTE sobre as diligências que forem sendo desenvolvidas pela FCMP para cada caso. E no caso do autocaravanismo é premente que assim seja.


NOTA - Relacionado com este tema também pode ler os seguintes artigos de opinião: 
  • 2010: Um marco na história do autocaravanismo (ver AQUI) 
  • Autocaravanismo: Factos e Conjecturas (ver AQUI)
  • É tempo de agir (ver AQUI)                                    



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI).

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