Imagem obtida no Google+ de Liliane Arruda
A CONFIANÇA
Amo Portugal.
Seria estúlticia que me acusassem
de não amar Portugal pelo facto de criticar um Presidente da República que
tendo jurado cumprir e fazer cumprir a Constituição o não fizesse. Seria
incompreensível que pelo facto de um Governo não cumprir as promessas
eleitorais que fez eu fosse acusado, por o denunciar, de deixar de amar o meu
País.
Confundir os governantes de um
país com o país em si mesmo é uma aberração de quem tem uma visão maniqueísta
da vida.
Também a Federação de Campismo e
Montanhismo de Portugal (FCMP), instituição com história e com mais de 70 anos
de existência, não pode ser reduzida à imagem e semelhança dos comportamentos
políticos dos seus dirigentes e ser com eles confundida e comparada. “O estado
sou eu” como dizia um qualquer Luís na França das monarquias absolutas não se
aplica (não se pode aplicar) numa república democrática do século XXI.
PROMESSAS
NÃO ESTÃO A SER CUMPRIDAS
Não obstante os responsáveis da
FCMP terem sido democraticamente eleitos ou designados em conformidade com as
normas estatutárias, é importante não esquecer que assumiram, pelo menos, o
compromisso de que se fossem eleitos cumpririam as promessas eleitorais. Eu
apoiei e votei nestes dirigentes da FCMP com base no Programa Eleitoral com que
se candidataram, confiante que honrariam a promessa que assumiram e que exijo
(como deve fazer qualquer associado ou associação responsável) que cumpram.
É compreensível e aceitável que
qualquer cidadão eleito ou nomeado para qualquer cargo não tenha possibilidade
de levar a bom termo as disposições com que se comprometeu por essas promessas
dependerem de terceiros. Se, por exemplo, o compromisso de estabelecer
contactos com um qualquer organismo público não for concretizado, porque esse
organismo não se dispuser a aceitar esses contactos, não é intelectualmente
honesto assacar responsabilidades pelo não cumprimento desse compromisso. Mas,
se pelo contrário, nunca tiver sido solicitada essa reunião, torna-se evidente
que se está perante um incumprimento de uma promessa.
São situações de incumprimento
reiterado dos compromissos assumidos pelos dirigentes que minam a confiança dos
eleitores nas instituições. No caso concreto do Presidente e da Direcção da
FCMP é bem patente, quase 3 anos depois da tomada de posse e a pouco mais de 1
ano de fim de mandato, no que ao autocaravanismo respeita (e não só), que a
maioria esmagadora dos compromissos não foi cumprida e dificilmente o será com
qualidade devido ao pouco tempo que falta para o fim de mandato.
HÁ
MAIS RESPONSÁVEIS
A inércia, a indiferença, o não
assumir do cumprimento da palavra dada só responsabiliza o Presidente e a
Direcção da FCMP?
NÃO! Não responsabiliza apenas o órgão Presidente da FCMP.
Responsabiliza igualmente todas as restantes Listas candidatas ao abrigo da
sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”, ou seja,
também os membros dos Conselhos Regionais de cada uma das Regiões em que a FCMP
se organiza, os Delegados à Assembleia Geral, os membros dos Conselhos Fiscal,
de Disciplina, de Justiça e de Arbitragem e os membros da Mesa da Assembleia
Geral. Mesmo os membros da Direção da Federação, que não são eleitos, mas
nomeados pelo Presidente da Federação, não ignoram qual é o Programa de
Candidatura que devem respeitar. Concluindo: Todos, eleitos ou designados, no
âmbito da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar o Futuro”
são corresponsáveis pelo cumprimento do Programa de Candidatura.
Responsabiliza ainda todos os portadores da Licença
Desportiva da FCMP e as instituições federadas que votaram no projecto
apresentado pelo Presidente da FCMP.
Para se avaliar o sentido de responsabilidade de todos
os referidos há, talvez, que aguardar pelas respectivas manifestações de
vontade, que corajosamente decidam, a bem da FCMP, passar a expressar em reuniões,
encontros e assembleias gerais. E, a pergunta que se põe, é se VOLTARÃO A DAR O
SEU VOTO A QUEM SE COMPROMETEU E NÃO CUMPRE?
UM POSSÍVEL ÚNICO CAMINHO
Como sempre faço, assumindo a minha quota parte de
responsabilidade, consciente de que “Ter um
“lado” é mais do que estar ao lado” e que o facto de ter um
“lado” não (me) obriga a respeitar ideias e procedimentos se com isso não
concordar. Ter um “lado” não pode ser um pretexto para a irracionalidade, para
a incoerência, para a mesma irracionalidade e incoerência que tantas e tantas
vezes se concretiza, por exemplo, nos Estádios de Futebol. Ter um “lado” é ter
uma causa, é ter um objectivo, é ter consciência e responsabilidade da opção
que fizermos, mas, sobretudo, ter um elevado sentido critico. O nosso “lado”
será tão melhor defendido e maiores êxitos poderá obter se de forma assertiva
não perdermos o sentido crítico e dispusemo-nos a lutar contra os desvios de
percurso. Os apoios irracionais dos
indefectíveis conduzem tantas e tantas vezes aos desastres.
Considerando
a inércia dos actuais responsáveis da FCMP sobre a dinâmica e implementação
real de políticas autocaravanistas e considerando igualmente a falta de
credibilidade da FPA, o Movimento Autocaravanista de Portugal poderá vir a
estar confrontado com um possível único caminho:
Criação de uma Plataforma de Entendimento
Esta
opção, que passa por reuniões de todas as associações vocacionadas para o
autocaravanismo, com personalidade jurídica e com vista a alcançar políticas
autocaravanistas comuns, é, em si mesma, um caminho que a FPA já vetou e que a
FCMP alegadamente teme que venha a dar origem, como aconteceu em Espanha, a uma
Federação Autocaravanista de Portugal que se filie na Federation
Internationale de Camping, Caravanning et Autocaravaning.
Recordo que
durante alguns meses o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPA clamou nas
redes sociais que tudo faria que estivesse ao seu alcance para promover essa Plataforma,
mas, passados tantos meses (atrever-me-ia a referir mais de 12) não são
publicamente conhecidos quaisquer resultados conducentes a esse objectivo.
Existem fortes
indícios que esse objectivo foi travado pelo Presidente da FPA. Leia-se o que
escrevi num artigo intitulado “Galos à Bulha” e que pode ser acedido AQUI.
O futuro esclarecerá se a
criação de uma Plataforma de Entendimento será o melhor e único caminho.
Enquanto assim se não verificar deverá continuará a ser no seio da FCMP que as
associações vocacionadas essencialmente para o autocaravanismo devem continuar.
A COMISSÃO DE AUTOCARAVANISMO
É
importante que faça algumas referências à Comissão de Autocaravanismo da FCMP
que foi criada em 29 de Outubro de 2013 e que eu tinha a convicção que iria
contribuir positivamente para implementar as políticas autocaravanistas. Nesse
sentido foram transcritos para o Regulamento da Comissão (ver AQUI)
todos (ou quase todos) os compromissos eleitorais dos actuais dirigentes da
FCMP.
E,
perguntarão os autocaravanistas interessados, quais foram as actividades da
Comissão Autocaravanista da FCMP tornadas públicas?
A
acreditarmos no Relatório de 2013 da FCMP (ver AQUI) verificou-se a constituição da
Comissão de Autocaravanismo, o acompanhamento de Municípios e de particulares
na feitura de Áreas de Serviço e, curiosamente, nesse Relatório realça-se
(APENAS) a inauguração da Área de Serviço de Autocaravanas da Marateca. Também
é referido que foram remetidas cartas a entidades municipais e particulares
para serem estabelecidas parcerias importantes. Será legitimo perguntar a que
entidades e que parcerias?
Já o Relatório reportado ao que a FCMP fez em 2014
(ver AQUI)
refere que foi apresentada uma definição para o autocaravanismo que (salvo
erro) só foi colocada no Portal da FCMP em 2015; refere a elaboração em 2014 de
um projecto e memória descritiva de uma Estação de Serviço para Autocaravanas
que, quase no fim de 2015 não se encontra, por mais que se procure, no Portal
da FCMP; são ainda referidos, a representação da FCMP na reunião da
Comissão Europeia de Autocaravanismo da FICC, também é mencionada a participação
num Encontro Autocaravanista no âmbito do projecto Eco Solidário e uma Reunião
com os responsáveis do projecto Portugal Tradicional. Mas, se atentarmos no
Programa de Actividades para 2014 (ver AQUI), a páginas 18 e 19, constatamos que foi
delegado na Comissão de Autocaravanismo todas as actividades programadas e que,
na sua maioria esmagadora, não constam do Relatório referente a 2014. Se não
constam é porque se não realizaram. E se não se realizaram é porque o
Coordenador da Comissão (que é também Vice-Presidente da Direcção da FCMP) não promoveu a dinâmica necessária para as
concretizar e / ou porque os membros da Comissão se recusaram e / ou porque a
Direcção da FCMP não colaborou e / ou respectivo Presidente não terá
disponibilizado o necessário apoio político. Todas as opções ficam em aberto e
mais as que cada um queira adiantar.
A Comissão de Autocaravanismo da FCMP não está a
desenvolver trabalho, nomeadamente o mais importante, que deveria, podia e
tinha a obrigação de fazer, pelo que se coloca a pergunta: Para que tem servido
a Comissão de Autocaravanismo da FCMP? A essa pergunta já dois dos respectivos
membros responderam… demitindo-se.
É POSSÍVEL RECOMEÇAR DE NOVO? TALVEZ
Todos estes protelamentos, estas “anomalias” que aqui
constato, até poderiam ser “esquecidas” pelos autocaravanistas e pelas associações
essencialmente vocacionadas para o autocaravanismo, se o principal problema do
Movimento Autocaravanista de Portugal, o problema que ocupa pelo menos 95% das
preocupações, fosse satisfatoriamente resolvido.
O principal problema do Movimento Autocaravanista de
Portugal, que foi fruto de análise do Colóquio / Encontro promovido pela FCMP
em Salvaterra de Magos a 18 de Abril de 2015 (ver AQUI), reporta-se à discriminação
negativa do veículo autocaravana. Sanado esse problema tudo o resto é
secundário.
É obrigação dos dirigentes da FCMP não só darem
cumprimento ao respectivo Programa de Candidatura como, depois da realização do
Colóquio / Encontro atrás referido e considerando o que nele foi dito,
desenvolverem sem delongas todas as iniciativas que puderem para acabar com a
discriminação negativa do veículo autocaravana. Não é igualmente menos
importante que todas as associações federadas que apoiaram a candidatura dos
actuais dirigentes da FCMP e o respectivo Programa se sintam na obrigação de
serem solidários no compromisso que assumiram e lutarem para que os
autocaravanistas não continuem a ser discriminados negativamente quando
estacionam as respectivas autocaravanas em igualdade de circunstâncias com
veículos de igual gabarito.
Através da Solidariedade, que deve ser manifestada publicamente
pelas associações federadas na FCMP, para cada situação concreta, é que esta
Federação dará uma demonstração de unidade na diversidade de opiniões e de
modalidades. É, no entanto, imprescindível que o Presidente MANIFESTE
PUBLICAMENTE A VONTADE POLÍTICA correspondente a cada situação concreta e MANTENHA
INFORMAÇÃO ACTUALIZADA PERMANENTEMENTE sobre as diligências que forem sendo
desenvolvidas pela FCMP para cada caso. E no caso do autocaravanismo é premente
que assim seja.
NOTA - Relacionado com este tema também pode ler os seguintes
artigos de opinião:
- 2010: Um marco na história do autocaravanismo (ver AQUI)
- Autocaravanismo: Factos e Conjecturas (ver AQUI)
- É tempo de agir (ver AQUI)
(O autor, todas as
Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre
assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI).
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