quinta-feira, 24 de março de 2016

PRESSÕES



PRESSÕES


As minhas divergências acerca da política autocaravanista, melhor dizendo, as divergências acerca da inexistente política autocaravanista dos actuais responsáveis da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) são públicas. Divergências que se centram, essencialmente, no não cumprimento das medidas autocaravanistas constantes do Programa Eleitoral com que se candidataram ou no âmbito do qual foram designados.

Essas críticas não me impedem, contudo, de ter alguma contenção e reconhecer, sempre que seja oportuno, o que de bom se faz na FCMP, como são exemplos as actividades relacionadas com o Montanhismo. Nas conversas que mantenho com diversos autocaravanistas, muitos dos quais me abordam sem que eu tantas vezes sequer os conheça e identifique, tem sido uma preocupação não ser injusto ao criticar a política autocaravanista dos dirigentes da FCMP, recordando sempre o apreço que deve merecer uma instituição com mais de 70 anos de existência.

Para melhor se perceber o que nesta “Opinião das Quintas-feiras” aqui me trás é necessário, porém, recuar alguns largos meses.

A Comissão de Autocaravanismo da FCMP (da qual fiz parte) aprovou um Projecto de Áreas de Serviço de Autocaravanas, trabalho executado por um também ex-membro dessa Comissão, com o objectivo de ser divulgado através do Portal da FCMP. Um excelente trabalho a que não faltava sequer uma memória descritiva. Ao longo de meses foi insistentemente questionado o Coordenador da Comissão de Autocaravanismo e Vice-Presidente da FCMP, das razões subjacentes à não divulgação do Projecto através do Portal da Federação, sem que tenham sido obtidas respostas esclarecedoras.

A necessidade da publicação do Projecto de Áreas de Serviço de Autocaravanas assentava em três pressupostos: 
  • Porque a “Declaração de Princípios”, subscrita pela FCMP em 2010, diz: “Considerar que a implementação de Áreas de Serviço para Autocaravanas, em pelo menos uma por Concelho, preferencialmente de iniciativa autárquica, contribui, não só para o desenvolvimento económico das populações, como para a proteção ambiental e o melhor ordenamento do trânsito automóvel. 
  • Porque o Programa de Candidatura dos actuais dirigentes da FCMP, divulgado em 2012, diz que se deve “Promover a busca de melhores condições para o Turismo automobilizado, seja por sinalética rodoviária adequada, instalações e infraestruturas de apoio locais e promovendo os espaços onde se possa estacionar e pernoitar em segurança.” e compromete-se também a “Dinamizar a aplicação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade subscrita pela FCMP em 31 de Maio de 2010.” 
  • Porque, finalmente, estaria com a publicação do Projecto a ser passada uma mensagem de inequívoco apoio ao “turismo de ar livre” em autocaravana. 
No entanto, estes três pressupostos parecem não ser suficientes para que o Projecto aprovado pela Comissão de Autocaravanismo da FCMP seja divulgado no Portal da Federação.

Fala-se, no seio dos autocaravanistas, que a principal razão da não divulgação se prende com o desconforto que os Parques de Campismo poderiam ter com um alegado apoio à implementação de estruturas dirigidas às autocaravanas. Também se cochicha que as associadas da Federação, especialmente as gestoras de Parques de Campismo, pressionam os dirigentes da FCMP para não tomarem quaisquer medidas favoráveis ao autocaravanismo não campista e ao combate à discriminação negativa do veículo autocaravana.

Este “diz-se que diz-se”, estes boatos que informalmente se sussurram em encontros autocaravanistas ou em conversas de café, são intoleráveis e há que trazê-los à luz do dia para que tudo seja clarificado. O boato só se destrói com a transparência postas nos procedimentos e nas explicações racionais que se impõem. E esse é o meu propósito: destruir o boato.

Não acredito que os responsáveis da MINHA FEDERAÇÃO possam ceder a pressões para, à pala das eleições que se avizinham na federação, garantirem uma reeleição. Não acredito sequer que tenha havido pressões!

(No entanto, a dúvida banal – não a dúvida metódica de Descartes – delicera terrivelmente as minhas certezas. E se (SE) tiverem havido mesmo pressões? E se (SE) as pessoas forem falsas? E se (SE) estiver a ser enganado? E se…)

As razões objectivas, para quase dois anos depois de ter sido aprovado pela Comissão de Autocaravanismo o Projecto de Áreas de Serviço de Autocaravanas ainda não ter sido disponibilizado no Portal da FCMP, são, seguramente, outras. Possivelmente mais simples e de mais fácil explicação.

O MELHOR, O MAIS ELOQUENTE DESMENTIDO, SERIA A PUBLICAÇÃO NO PORTAL DA FCMP DO PROJECTO ESTRUTURAL DE ÁREAS DE SERVIÇO DE AUTOCARAVANAS.

Assim o queiram os dirigentes da FCMP.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)

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