(Imagem obtida na internet de autor desconhecido)
Os
incómodos deles
Há quem, ao longo dos tempos, procure
branquear os factos que ocorreram num país, numa cidade, num
partido, numa associação. É da responsabilidade dos que prezam a
verdade dos factos não permitir que tal ocorra e manter viva a
memória.
Não é um facto de menor importância
que uma associação seja recebida em audiência na Assembleia da
República e ainda mais relevante se torna esse facto quando o
objectivo pretendido for o de propor alterações significativas na
legislação. Seria, pois, normalíssimo que a Federação de
Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) difundisse à exaustão a
audição pelo “Grupo
de Trabalho de Turismo da Comissão de Economia, Inovação e Obras
Públicas da Assembleia da República” (ver AQUI)
que teve lugar no dia 23 de Junho de 2016. Tal não se verificou e só
em princípios de Agosto, pela mão da FPA, os autocaravanistas se
aperceberam que as propostas da FCMP na Assembleia da República
conduziam à discriminação negativa dos veículos autocaravanas e
contrariavam todos os compromissos a que os dirigentes desta
federação se tinham comprometido.
O que já se disse sobre as propostas
legislativas da FCMP, sobre a quebra de compromissos dos respectivos
dirigentes, sobre o “assobiar para o lado” da Comissão de
Autocaravanismo da FCMP e sobre a desfiliação da “Associação
Autocaravanista de Portugal – CPA”, evidencia que a FCMP deixou
de ter qualquer significado para o Movimento Autocaravanista de
Portugal. No entanto, sabe-se lá porquê, os dirigentes da FCMP
divulgaram na passada semana a Newsletter 4 de 2016 (ver AQUI)
que, na interpretação que dela faço, manifesta o incómodo que
sentem face à incapacidade que têm de justificar junto dos
autocaravanistas as propostas legislativas que apresentaram na
Assembleia da República.
Os
compromissos deles
O editorial da atrás referida
Newsletter, que se intitula “O NOSSO COMPROMISSO”, faz-me
reflectir sobre o valor das palavras. Um título pomposo que lembra
outros compromissos da FCMP relacionados com o autocaravanismo e que,
além de não terem sido cumpridos, foram renegados ao ponto de os
dirigentes da FCMP defenderem exactamente o contrário do que se
comprometeram
O Presidente da FCMP fala do passado
escrevendo “Claro
que nos candidatamos com um programa ambicioso e exequível e, apesar
das críticas despeitadas, temos tido o apoio inequívoco da
generalidade dos Clubes e, particularmente, dos seus dirigentes.”
A ser verdade (e não me permito duvidar) os Clubes e particularmente
os dirigentes apoiam quem não cumpriu os compromissos relacionados
com o autocaravanismo, apoiam quem defendeu propostas que
contrariavam esses compromissos e apoiam quem não teve a coragem de
vir publicamente justificar as propostas..
“O NOSSO COMPROMISSO”,
considerando o que se sabe sobre as posições relacionadas com os
compromissos autocaravanistas anteriores, não passa de um chavão.
Mas, o incómodo dos dirigentes da FCMP é tão ou mais evidenciado
na Newsletter ao ponto de dedicarem duas páginas à saída do CPA da
FCMP. As posições coerentes de uma pequena associação perturbam o
gigante.
As
contradições deles
O texto intitulado “As contradições
do associativismo autocaravanista”, a páginas 4 e 5 da Newsletter,
está pleno de lugares comuns e “cantos de sereia”,
cuidadosamente elaborados para criar a simpatia dos associados que
estiveram presentes na Assembleia Geral do CPA que votou
favoravelmente a saída da FCMP. Mas, este texto, lido na Assembleia
Geral, não convenceu os associados. Não os convenceu porque não
esclarecia que razões tinham levado os dirigentes da FCMP a proporem
legislação lesiva dos interesses dos autocaravanistas sem sequer a
prévia auscultação do CPA que segundo a Newsletter é “ (…) a
associação que se encontra melhor apetrechada, pela experiencia dos
seus dirigentes e pela capacidade de mobilidade, a melhor resposta à
necessidade de associar, esclarecer e formar consciências no seio do
movimento Auto caravanista.”
demonstrando que se trata de uma afirmação contraditória, para não
dizer hipócrita.
Não vale pois a pena escalpelizar
todos os parágrafos deste específico texto da Newsletter, contudo
não me é possível deixar de transcrever o que entendo ser o mais
absurdo:
“Não
duvidamos que, nós como eles, caminhamos com um objetivo comum.
Servir com as melhores soluções os associados que representamos. E
para isso contamos com a CPA.“.
Mas,
isto é sério?! O CPA e a FCMP têm um objectivo comum? E para o
alcançar esse objectivo a FCMP conta com o CPA? Mas não é a FCMP
que quer que constitua um “(...)
acampamento
ocasional, nomeadamente, a pernoita no interior de caravana,
autocaravana ou outro veículo automóvel estacionado na via pública
ou em terreno de que o utilizador do veículo não seja proprietário”
(ver
AQUI)? E
não sabe a FCMP que o CPA sempre se opôs a este conceito de
campismo?
A
facilidade com que o presidente da FCMP informa que o CPA e a FCMP
têm um objectivo comum e que conta com o CPA para o alcançar é, no
mínimo, uma afirmação anedótica. Ou está o presidente da FCMP a
falar de quê? Não está a falar das razões que motivaram a saída
do CPA da federação?
E
as respostas deles?
Senhor
presidente da FCMP, assuma a responsabilidade da intervenção que
fez na Assembleia da República e tenha a coragem de a mandar
divulgar no Portal da FCMP.
Senhor
presidente da FCMP, na próxima Newsletter, aborde a substância do
tema e explique aos autocaravanistas quais foram concretamente as
razões porque propôs uma legislação que obriga as autocaravanas e
todos os restantes veículos a pernoitarem em Parques de Campismo.
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) – AQUI)
Enquanto dirigente do CPA subscrevo o conteúdo desta crónica e continuo a aguardar que o presidente da FCMP explique a razão da sua proposta que remete todas as autocaravanas para os parques de campismo durante a noite.
ResponderEliminarAté lá os objetivos do CPA e os da FCMP são, no mínimo, antagónicos.
Parabéns Rui pelo seu excelente texto. Parabéns Rui pelas questões que coloca ao Presidente da FCMP e que, como se sabe, ele não vai responder. E não vai responder porque isso, como se diz na gíria, seria a morte do artista! Se me permite eu acrescentaria uma outra, que seria a seguinte; é ou não verdade que o sr.Presidente da FCMP " rasgou, violou e tripudiou os compromissos assumidos com o CPA genericamente consubstãnciados no respeito pela Declaração de Princípios"? Um abraço autocaravanista.
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente tudo que esta escrito nesta cronica.Enquanto a FCMP continuar a querer remeter os Autocaravanistas para os parques de campismo durante as "pernoitas",será sempre um inimigo publico do Autocaravanismo.
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