quinta-feira, 7 de setembro de 2017

AINDA HÁ CAMPISTAS?



Imagem de “fuiacampar.com.br/blogs-campistas”


AINDA HÁ CAMPISTAS?


O dicionário “Houaiss” da Língua Portuguesa define “campista” como a “pessoa que pratica o campismo” e “campismo” como o “hábito turístico e/ou desportivo de excursionar e acampar ao ar livre fazendo uso de barraca, tenda, reboque móvel ou outros equipamentos”.

A “Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” (FCMP), no respectivo Portal (ver AQUI), não se afasta muito da definição que atrás transcrevo.

Já a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” (ver AQUI) especifica que se pratica “campismo” quando se verifica a “imobilização da autocaravana, ocupando um espaço superior ao seu perímetro, em consequência da abertura de janelas para o exterior, uso de toldos, mesas, cadeiras e similares, para a prática de campismo”.

Uma reportagem de “O Público” de 17 de Agosto passado, da autoria de André Vieira, (ver AQUI) fez-me questionar o que é ser campista na actualidade e se o que se verifica em muitos Parques ditos de campismo corresponde às definições referidas no dicionário “Houaiss” da Língua Portuguesa e no Portal da FCMP.

Para melhor se compreender o que afirmo permito-me transcrever alguns trechos da referida reportagem (sublinhados meus):

É um convite a quem “vem por bem” e uma mensagem que resume aquilo que é ser campista, diz o proprietário da caravana, (que é) a sua “segunda casa (...)”;

Nada de muito diferente do que acontece noutros parques onde o sentido de comunidade dos campistas continua a ser um dos “motivos principais” para se optar por este “estilo de vida”. “É uma cidade dentro de outra cidade (...)”;

Há um espaço de menor dimensão reservado para tendas, “cada vez menos habituais”, 16 bungalows e os sucessores destes e “o futuro” dos parques de campismo, oito mobile-homes, (...)”;

“(...) não falta nada. Numa espécie de alpendre com piso em pedra usada para pavimento de rua e com um tapete verde a simular relva está o fogareiro usado para os grelhados. Há lá um armário com um compartimento para guardar o carvão e outro para as pinhas que apanha no pinhal que fica encostado ao parque.”;

Na lateral da caravana há uma pequena horta que Lúcia mostra com vaidade. Plantou lá alface, tomate, morangos e maracujás. “Há sempre alguma coisa para fazer. Se não há inventa-se” (...)” ;

Dos caminhos de alcatrão que existem por todo o parque vêem-se centenas de caravanas. Há jardins decorados com gnomos e conchas do mar e antenas parabólicas enterradas no chão. (...)”;

Os alvéolos eram em areia e estavam suportados por tábuas aplicadas pelos campistas para não cederem. Se agora o piso é de pedra, na altura lembra-se de comprar dois escudos e 50 centavos de caruma todos os anos para espalhar na entrada da tenda. Não consegue esconder a saudade que tem dos primeiros anos que ali passou: “Hoje isto não é campismo, é parquismo”, diz (um utente do Parque).“;

(…) paga cerca de 1200 euros (por ano). “É o valor que muita gente gasta para ir de férias no Verão para outro destino”, afirma, sublinhando que actualmente os hotéis já concorrem com os parques de campismo, com as promoções “acessíveis” que têm. (...)”.


As perguntas que faço são muito simples:

Os Parques de Campismo ainda são locais onde se pratica campismo” como um hábito turístico e/ou desportivo de excursionar e acampar ao ar livre fazendo uso de barraca, tenda, reboque móvel ou outros equipamentos”, como refere o dicionário “Houaiss”?

Ou são ainda os Parques de Campismo locais de “(…) lazer para quem procura contacto directo com a natureza em todas as suas variantes e (...) uma excelente opção para o turismo e apoio à prática de desportocomo explicita a Federação de Campismo (FCMP)?

Ou, pelo contrário, concordamos com o que afirma um dos entrevistados na reportagem de “O Público” referindo-se aos Parques de Campismo? Hoje isto não é campismo, é parquismo


Salvaguardando algumas diferenças estéticas, de conforto e de custos, vejo muitas semelhanças entre os actuais Parques de Campismo e os Condomínios Fechados destinados a habitação de férias.

Sim, ainda há campistas. Só não sei por onde eles andam.



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