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de “fuiacampar.com.br/blogs-campistas”
AINDA
HÁ CAMPISTAS?
O
dicionário “Houaiss” da Língua Portuguesa define “campista”
como a “pessoa que pratica o campismo”
e “campismo” como o “hábito turístico
e/ou desportivo de excursionar e acampar ao ar livre fazendo uso de
barraca, tenda, reboque móvel ou outros equipamentos”.
A
“Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal” (FCMP), no
respectivo Portal (ver AQUI), não se afasta muito da
definição que atrás transcrevo.
Já
a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” (ver AQUI)
especifica que se pratica “campismo” quando se verifica a
“imobilização da autocaravana, ocupando
um espaço superior ao seu perímetro, em consequência da abertura
de janelas para o exterior, uso de toldos, mesas, cadeiras e
similares, para a prática de campismo”.
Uma
reportagem de “O Público” de 17 de Agosto passado, da autoria de
André Vieira, (ver AQUI) fez-me questionar o que é ser
campista na actualidade e se o que se verifica em muitos Parques
ditos de campismo corresponde às definições referidas no
dicionário “Houaiss” da Língua Portuguesa e no Portal da FCMP.
Para
melhor se compreender o que afirmo permito-me transcrever alguns
trechos da referida reportagem (sublinhados meus):
“É
um convite a quem “vem por bem” e uma mensagem que resume aquilo
que é ser campista, diz o proprietário da caravana, (que é) a sua “segunda
casa”
(...)”;
“Nada
de muito diferente do que acontece noutros parques
onde o sentido de comunidade dos campistas continua a ser um dos
“motivos principais” para se optar por este “estilo de vida”.
“É
uma cidade dentro de outra cidade”
(...)”;
“Há
um espaço de menor dimensão reservado para tendas, “cada vez
menos habituais”, 16 bungalows e
os sucessores destes e “o futuro” dos parques de campismo, oito
mobile-homes,
(...)”;
“(...) não falta nada. Numa espécie de alpendre
com piso em pedra usada para pavimento de rua e com um tapete verde a
simular relva está
o fogareiro usado para os grelhados. Há
lá um armário com um compartimento para guardar o carvão e outro
para as pinhas
que apanha no pinhal que fica encostado ao parque.”;
“Na
lateral da caravana há
uma pequena horta
que Lúcia mostra com vaidade. Plantou
lá alface, tomate, morangos e maracujás.
“Há sempre alguma coisa para fazer. Se não há inventa-se”
(...)”
;
“Dos
caminhos de alcatrão que existem por todo o parque vêem-se centenas
de caravanas. Há
jardins decorados com gnomos e conchas do mar e
antenas parabólicas enterradas no chão.
(...)”;
“Os
alvéolos eram em areia e estavam suportados por tábuas aplicadas
pelos campistas para não cederem. Se
agora o piso é de pedra,
na altura lembra-se de comprar dois escudos e 50 centavos de caruma
todos os anos para espalhar na entrada da tenda. Não consegue
esconder a saudade que tem dos primeiros anos que ali passou: “Hoje
isto não é campismo, é parquismo”,
diz (um utente do Parque).“;
“
(…)
paga
cerca de 1200 euros (por
ano).
“É o valor que muita gente gasta para ir de férias no Verão para
outro destino”, afirma, sublinhando que actualmente
os hotéis já concorrem com os parques de campismo,
com as promoções “acessíveis” que têm. (...)”.
As
perguntas
que faço são
muito simples:
Os
Parques de Campismo ainda são locais onde se pratica “campismo”
como um
“hábito
turístico e/ou desportivo de excursionar e acampar ao ar livre
fazendo uso de barraca, tenda, reboque móvel ou outros
equipamentos”,
como
refere o dicionário “Houaiss”?
Ou
são ainda os Parques de Campismo locais de “(…) lazer
para quem procura contacto directo com a natureza em todas as suas
variantes e
(...)
uma
excelente opção para o turismo e apoio à prática de desporto”
como
explicita
a
Federação de Campismo (FCMP)?
Ou,
pelo contrário, concordamos com o que afirma um dos entrevistados na
reportagem
de “O Público” referindo-se
aos Parques de Campismo? “Hoje
isto não é campismo, é parquismo”
Salvaguardando
algumas diferenças estéticas, de conforto e de custos, vejo
muitas semelhanças entre os actuais Parques de Campismo e os
Condomínios Fechados destinados a habitação de férias.
Sim,
ainda há campistas. Só
não sei por onde eles andam.
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