Autocaravanismo
solidário
(Exemplos do norte da Europa)
Os
autocaravanistas que defendem que se não deve comprar nas grandes
superfícies comerciais aos Domingos e dias feriados estão a ser
coerentes porque são solidários com o pequeno comércio, além de
irem ao encontro de quem tem preocupações sociais e não se revê
numa economia que tem como objectivo prioritário o lucro. Lucro de
que apenas uma minoria é beneficiária.
NA DEFESA DA FAMÍLIA E DA SAÚDE
Por outro lado, a opção de se não fazerem compras nas grandes superfícies comerciais aos Domingos insere-se, também, na luta contra a obrigatoriedade de trabalhar ao Domingo e para a defesa do direito à conciliação da vida em família e da vida profissional, mas, igualmente, para preservar a saúde física e mental dos trabalhadores.
Por outro lado, a opção de se não fazerem compras nas grandes superfícies comerciais aos Domingos insere-se, também, na luta contra a obrigatoriedade de trabalhar ao Domingo e para a defesa do direito à conciliação da vida em família e da vida profissional, mas, igualmente, para preservar a saúde física e mental dos trabalhadores.
Realço
que, de acordo com o Código do Trabalho, numa empresa
que esteja autorizada a laborar ao Domingo os respectivos
trabalhadores, que se enquadrem no horário de trabalho normal, não
têm direito a compensação remuneratória ou a descanso por
trabalharem ao Domingo. São, no mínimo, duplamente prejudicados:
Não convivem com com a família e os amigos que por norma só estão
mais disponíveis ao Domingo e não recebem qualquer remuneração
suplementar.
HÁ PREJUÍZO PARA OS CONSUMIDORES?
HÁ PREJUÍZO PARA OS CONSUMIDORES?
Outra questão que se coloca tem a ver um alegado prejuízo dos consumidores. Trata-se de uma falsa questão. A abertura das grandes superfícies comerciais de Segunda a Sábado, normalmente até às 22 horas, permite que qualquer cidadão, por mais atarefado, disponha de tempo suficiente para optar nesse período por uma grande superfície comercial para fazer as compras. A opção de não comprar aos Domingos e feriados nas grandes superfícies comerciais, não é só um apoio aos comércios locais, é também um forte estímulo aos relacionamentos sociais.
A FALSA QUESTÃO DO DESEMPREGO
Alguns,
com menos informação sobre esta problemática, contraporão que não
comprar nas grandes superfícies comerciais aos Domingos e feriados
promove o encerramento nesses dias destas unidades comerciais com o
consequente despedimento de trabalhadores.
Princípio
por referir que países como, por exemplo, a Alemanha, a Áustria, a
Holanda e a Suíça não permitem a abertura ao Domingo de serviços
não essenciais, enquanto que há países que reduziram os direitos
dos trabalhadores como são o caso da Espanha, da Grécia e da
Rússia. Constata-se, no entanto, que as taxas de desemprego nos
países que permitem horários de abertura livres não produzem um
desenvolvimento significativo nem, sequer, a criação exponencial de
postos de trabalho.
Segundo
dados (Eurostat) do ano passado o desemprego na Alemanha foi de 3,6%,
na Áustria de 5,5%, na Holanda de 4,2% e na Suíça de 3,1%. E nos
países que permitem a abertura das grandes superfícies comerciais
ao Domingo? Em Espanha de 16,3%, em Itália de 11,1% e em Portugal de
8%. Os números comprovam que a abertura das grandes superfície
comerciais não aumentam o emprego e, na minha opinião, prejudicam a
qualidade do mesmo.
É POSSÍVEL ALTERAR A SITUAÇÃO ACTUAL?
É POSSÍVEL ALTERAR A SITUAÇÃO ACTUAL?
Por
ser oportuno recordo que a Polónia em 2017 aprovou uma Lei cuja
implementação irá progressivamente impedindo o comércio ao
Domingo até 2020, data em que será totalmente banido.
Citando
Carlos Frederico Cunha, economista e professor no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFSC-RS,
Erechim) pergunto se a
abertura das grandes superfícies aos Domingos e feriados não
consubstancia um projecto em que estejam a ser substituídas as
atribuições de um Estado de Bem-Estar Social por um Estado
Neoliberal, em que se reduzam os gastos sociais com o desemprego pelo
subemprego ou emprego de baixa remuneração.
UMA REALIDADE DIFERENTE NUM PAÍS DESENVOLVIDO
UMA REALIDADE DIFERENTE NUM PAÍS DESENVOLVIDO
Sugiro,
a crentes e ateus, uma reflexão sobre o que diz Claudete
Beise Ulrich, professora de Teologia no Programa de Pós-Graduação
em Ciências das Religiões na Faculdade Unida, em Vitória/ES, que
viveu na Alemanha durante seis anos e fala sobre os horários de
funcionamento do comércio na Alemanha e reflecte sobre a necessidade do
descanso.
OPTAR
PELOS MAIS FRACOS E POR MELHOR QUALIDADE DE VIDA
Nesta questão (Não comprar aos Domingos e feriados nas grandes superfícies comerciais) optei estar ao lado dos pequenos comerciantes (que são os que mais dão emprego) e dos trabalhadores das grandes superfícies comerciais. Porquê? Porque não vendo as minhas convicções por um punhado de Áreas de Serviço de Autocaravanas, implementadas por uma qualquer superfície comercial, independentemente de nelas reconhecer uma mais valia. Uma mais valia, TAMBÉM, para as superfícies comerciais que as implementam (as Áreas de Serviço) e que procuram, assim, captar o nicho de mercado que é o autocaravanismo. Porque não há almoços grátis.
SOZINHO? NÃO! ACOMPANHADO COM OS BISPOS DE ROMA
Mas, felizmente, não estou sozinho (a dar tiros nos pés) nesta opção de assumir o Domingo como o dia em que a solidariedade autocaravanista com o pequeno comércio seja evidente. Foi o Papa Francisco que disse: “Mesmo que os pobres necessitem de trabalho, abrir as lojas e outros negócios aos Domingos como forma de criar empregos não é benéfico para a sociedade” . Também Bento XVI, numa visita à Áustria, afirmou que é bom e faz bem ao ambiente reencontrar o sentido do descanso de domingo. Será que estes Bispos de Roma andaram (andam) a “dar tiros nos pés”?
NÃO
COMPRAR NAS GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
AOS
DOMINGOS E FERIADOS
É
MUITO MAIS DO QUE SER SOLIDÁRIO COM O PEQUENO COMÉRCIO
NOTA: Ver também "Autocaravanismo solidário (Com a tradição de não trabalhar ao Domingo)
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