sábado, 23 de setembro de 2023

COISAS DO… ZECA (5)


 

COISAS DO… ZECA

Não confundo canção de intervenção com panfleto partidário. Embora, em determinada altura, eu tenha incorrido nesse erro. Para que exista canção de intervenção é preciso um certo voluntarismo dos intervenientes e uma coordenação de esforços que pode exprimir-se através de formas de organização como cooperativas, atentas às diversas solicitações. A canção de intervenção implica, também, espírito de renúncia a um triunfalismo fácil, bem como ao vedetismo; implica a noção de que estamos a fazer música mais como serviço público do que como forma de averbar glórias. Estamos numa fase em que a canção política apenas já é apreciada como produto comercial, à margem de qualquer compromisso político e ético. É uma atitude em que se está a incorrer e que considero muito grave. Considero incorrecto que a canção de intervenção apenas se deve reger pela sua qualidade. A canção política não se esgota num perfeccionismo que reduz a sua capacidade mobilizadora.”.

25 de Maio de 1982

Em “Jornal de Letras”, numa entrevista concedida a António Duarte

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