COISAS DO… ZECA
“Não confundo canção de intervenção com panfleto partidário. Embora, em determinada altura, eu tenha incorrido nesse erro. Para que exista canção de intervenção é preciso um certo voluntarismo dos intervenientes e uma coordenação de esforços que pode exprimir-se através de formas de organização como cooperativas, atentas às diversas solicitações. A canção de intervenção implica, também, espírito de renúncia a um triunfalismo fácil, bem como ao vedetismo; implica a noção de que estamos a fazer música mais como serviço público do que como forma de averbar glórias. Estamos numa fase em que a canção política apenas já é apreciada como produto comercial, à margem de qualquer compromisso político e ético. É uma atitude em que se está a incorrer e que considero muito grave. Considero incorrecto que a canção de intervenção apenas se deve reger pela sua qualidade. A canção política não se esgota num perfeccionismo que reduz a sua capacidade mobilizadora.”.
25 de Maio de 1982
Em “Jornal de Letras”, numa entrevista concedida a António Duarte
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