quinta-feira, 16 de março de 2017

DE NOVO A CENSURA



Imagem do blogue “Brasil de Longe”



DE NOVO A CENSURA


Barafustam os órgãos de Comunicação Social, barafusta o Presidente da República, barafusta a direita (a mesma que antes do 25 de Abril ficava muda e queda perante a censura arbitrária de salazar), barafusta muito boa gente sobre a decisão do director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa de cancelar/suspender uma conferência com Jaime Nogueira Pinto.

Outros, como Raquel Varela (ver AQUI), protestam contra a forma aligeirada como o tema é tratado e adiantam argumentos que me parecem suficientemente coerentes para ter dúvidas em classificar a decisão do director da Faculdade de Ciências como um acto de censura.

O fundo da questão resume-se tão somente a saber se é aceitável o direito a uma entidade que presta serviço público de impedir (suspender?) uma conferência e se esse facto consubstancia censura. Mas, também é importante reflectir se a liberdade de expressão é um direito absoluto.

Esta introdução, ligeira e aligeirada, permite recordar que também nas redes sociais se verificam actos de censura arbitrários, mais frequentes do que seria desejável, por parte de muitas personalidades gestoras de Grupos ou Fóruns.

Talvez seja uma boa altura para recordar que em Outubro de 2014 os donos do CampingCar Portugal bloquearam o Papa Léguas por uma semana(…) para que reflita e adeque a sua postura e modo de atuação a este fórum (…). (ver AQUI).

Os pretextos dos donos do CampingCar sintetizavam-se, então, na afirmação que (…) evitamos que aqui sejam feitas (no CampingCar) referências depreciativas em relação a instituições (…) referindo-se, obviamente, às críticas comprovadas que fazia e faço à FPA e chegando ao ponto de terem procedimentos intelectualmente desonestos ao darem a entender que os factos que apresentava não eram verdadeiros, por serem analisados à luz de uma opinião e interpretação pessoal. Evidentemente que eram analisados à luz da minha opinião pessoal e os factos eram e continuam a ser verdadeiros (por muito que custe aos donos do CampingCar admiti-lo) e as interpretações eram legitimas e só a mim responsabilizavam. (ver AQUI)

Os censores, muitas vezes, procuram desculpar-se dos actos que praticam. Nesse alegado sentido os donos do campingCar afirmaram:

As polémicas nunca são por nós desejadas, desejável é procurar manter um ambiente saudável, foi com esse objetivo que o fórum foi criado, nem é isso que nos motiva a continuar os nossos esforços para manter este espaço a funcionar.”

Só que infelizmente, por vezes é impossível manter as polémicas longe deste espaço, e aí temos de ter uma resposta firme.

É só isto que pedimos a todos sem exceção, um esforço para se voltar ao ambiente cordial habitual neste fórum.

Ou seja, digo eu, queiram fazer o favor de se auto-censurarem, pois naquele espaço (o fórum do CampingCar Portugal), não é para polémicas, falem apenas daquilo com que estejamos de acordo porque, caso contrário, poderão ser silenciados. (ver AQUI).

Evidentemente e para que fique bem clara a minha posição sobre a censura, esclareço que só por falta de honestidade intelectual se pode considerar um acto de censura o facto de alguém não querer manter quaisquer contactos pessoais com outrem e muito principalmente com quem usa o insulto pessoal e familiar como forma de contestar as opiniões e factos comprovados. Infelizmente o insulto é a arma mais usada pelos inseguros para contestar os factos e a argumentação que eles não conseguem refutar. Afastar do relacionamento quem nos insulta (não quem nos critica!) não é, pois, um acto de censura. 


Contudo, infelizmente, nas redes sociais, a maioria dos intervenientes não coloca mensagens com ideias próprias, limitando-se a transcrever as opiniões dos outros. Infelizmente, as redes sociais, estão a ser utilizadas por muitos como uma forma de trazer às respectivas consciência estados afectivos e as lembranças recalcadas no inconsciente, libertando as emoções ou tensões reprimidas. Uma espécie de terapia em que muitas vezes o insulto é a expressão máxima de uma pacificação que se não consegue porque alicerçada num faz de conta permanente

Evidentemente que além dos donos do CampingCar Portugal (que é apenas um exemplo pessoal usado para uma melhor compreensão do que escrevo) outros promoveram (promovem?) a censura de forma muito suave, quase imperceptível, como forma de silenciar as vozes incómodas. Mas, esses não me merecem nem comentários, nem relevância.

Tenhamos consciência (e a anulação/suspensão da conferência com Jaime Nogueira Pinto para isso contribuiu) que a censura é algo que respeita a cada um de nós e é um dos elementos fundamentais que urge combater num estado de direito democrático. Apoiar a censura passa, também, por fingir que é um não assunto as matéria que nos não dizem directamente respeito. Mas, quando um dia a censura lhes "bater à porta", então...

Felizmente em Portugal, com a Constituição da Republica, foi consagrada a liberdade de expressão. Mas, o facto de estar consagrada em Lei não é por si só garantia de que não exista censura. Além do alegado caso de censura de que foi vítima José Saramago, outras personalidades também terão alegadamente sido objecto de censura. Personalidades como Herman José, Augusto Cid, José Vilhena e Marcelo Rebelo de Sousa estão entre os alegados casos de censura após o 25 de abril. A ser verdade, são poucos, dirão. Um só seria muito, porque o mal, está em começar. E mais do que o mal estar em começar, está ainda mais mal em não haver um claro repúdio por todas as tentativas, mesmo que incipientes, de censurar, de impedir a liberdade de expressão. Os cidadãos democratas e com consciência cívica não toleram actos de censura, criticam-nos e repudiam-nos. Os cidadãos e as instituições.


NOTA: Os meus textos relacionados com CENSURA podem ser acedidos AQUI



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) -AQUI)




2 comentários:

  1. Completamente de acordo. Por detrás de um ato censório, estão interesses inqualificáveis

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    1. Companheiro Autocaravanista Manuel Cruz,

      Enquanto houver alguém que resista, alguém que diga não… a esperança numa sociedade melhor continuará a alimentar muitos corações.

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