quinta-feira, 6 de abril de 2017

PARA QUE SERVEM OS COLÓQUIOS?


Imagem obtida em CPA-Autocaravanismo (Facebook)



PARA QUE SERVEM OS COLÓQUIOS?


Promover encontros de autocaravanistas (e não só) para debater as questões relacionadas com o turismo em autocaravana e as situações de discriminação negativa de que os veículos autocaravanas são vítimas parece-me um bom ponto de partida para, além de se consciencializar toda a sociedade, se promover o associativismo como uma das melhores formas de mudar comportamentos e de proteger os autocaravanistas (e não só).

Algumas associações vocacionadas para o autocaravanismo têm vindo a promover colóquios (mais restritos ou mais abertos) nos quais, diga-se em abono da verdade, a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” tem sido um exemplo. Neste particular o CPA distingue-se da maioria das associações congéneres que, normalmente, se dedicam a promover aspectos lúdicos, gastronómicos e culturais quanto baste, nos encontros autocaravanistas que promovem. Ultimamente até começa a proliferar o, erradamente denominado, autocaravanismo solidário. Erradamente, porque, nada tendo de solidário, promove apenas o exercício da caridade.

Para que não subsistam dúvidas acerca do meu conceito de solidariedade e de caridade transcrevo uma minha opinião que, embora já datada de 2004, mantenho:

(A grande, a enorme diferença entre caridade e solidariedade assenta na atitude que se tem na prestação de uma ajuda imediata (caridade) sem que de alguma forma desenvolvamos esforços para transformar a situação do carente (solidariedade).

Praticarei a caridade (e talvez fique de bem com a minha consciência) ao dar a um pedinte uma moeda sem me voltar a preocupar com o problema, excepto quando outro pedinte me voltar a confrontar com a miséria.

Serei solidário se, para além da moeda, como forma de resolução imediata de um problema, desenvolver todos os esforços ao meu alcance para modificar a situação de carência, por forma a não ser de novo abordado e ter de praticar caridade.

Passando do exemplo restrito, individual, para uma aplicação ao nível de uma instituição que se reclama da “solidariedade” teremos de considerar que, para além da intervenção imediata possível, também está obrigada a acções que alterem a situação dos indivíduos a quem se dirige, nomeadamente através de acções de natureza política.

A não ser que a nossa política se limite à caridade.)

Como, por vezes, “a conversa é como as cerejas” afastei-me do cerne da questão que aqui quero equacionar (ou seja, para que servem os colóquios sobre as questões relacionadas com o autocaravanismo) pelo que peço que me desculpem esta minha prolixidade e regresso de imediato ao tema.

As associações que promovem debates sobre autocaravanismo (entre as quais se encontra o CPA) têm todo o interesse em que as questões debatidas se tornem públicas e que, pelo menos, as intervenções dos oradores sejam divulgadas para além da sala onde foram proferidas. Como é óbvio, aos debates a maioria dos autocaravanistas não comparece e, mesmo que todos desejassem estar presentes, não seria física, financeira e logisticamente viável encontrar um local que albergasse mais de 5000 pessoas.

A impossibilidade atrás referida justifica que os colóquios sejam participados pelos autocaravanistas mais activistas e que, posteriormente, a organização divulgue publicamente as intervenções e, até, eventuais conclusões se as houver. Mas, se as entidades promotoras dos colóquios não divulgam as intervenções e eventuais conclusões que neles têm lugar, a questão, a dúvida, a pergunta que se coloca pode ser a seguinte: PARA QUE SERVEM OS COLÓQUIOS?

Recentemente foram promovidos dois colóquios por duas entidades entidades distintas e, sem pôr em causa o direito que lhes assiste de manterem confidencial (?) o teor da matéria tratada, interrogo-me para que terão servido a prévia e pública publicidade dos eventos, o gasto de tempo… de dinheiro… Que mensagem foi passada?… Que contributo para o autocaravanismo?! Ou, o que se pretendia, realmente, com a concretização desses colóquios?


Termino com uma nota de apreço à Direcção da “Associação Autocaravanista de Portugal - CPA” que, estando representada através do respectivo Presidente num dos colóquios referidos, não deixou de divulgar, para conhecimento do Movimento Autocaravanista de Portugal, a intervenção que proferiu e que pode ser lida AQUI.



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) -AQUI)



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