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obtida no blogue “Baú dos Livros”
UMA
FPA MORTA
Quando
nasceu a FPA os progenitores depositaram nela todas as esperanças na
solução dos problemas que afectavam o Movimento Autocaravanista de
Portugal. Quase 6 anos depois da criação da FPA os problemas
agravaram-se, a “vaga de fundo” do apoio porque esperavam não se
verificou e o número de aderentes ao associativismo autocaravanista
diminuiu, até na medida em que o eventual aumento
de sócios em cada clube é ilusório, pois que muitos
autocaravanistas se associam em mais que um.
Mais
grave, no entanto, porque contribuiu para a diminuição do associativismo, foram as políticas e contradições com que ao
longo destes quase 6 anos a FPA brindou os autocaravanistas e que os
dividiram. Na realidade a criação da FPA veio dividir os
autocaravanistas e contribuiu para a desconfiança latente que existe
no seio do Movimento Autocaravanista de Portugal que, além de
separar os autocaravanistas, os empurrou para fora do associativismo
organizado e com personalidade jurídica.
A
FPA, gerada (em segredo) contra o CPA (Associação Autocaravanista
de Portugal), apressou-se, ainda sem existência legal (ainda no
ventre materno), a alistar-se na FICM (Fédération Internationale
des Clubs de Motorhomes) que o CPA tinha abandonado pouco tempo antes.
Mas,
que fez a FPA ao longo destes quase 6 anos?
O
negativismo que levou à criação da FPA reflectiu-se nas tentativas bastante erradas de encontrar um caminho que aliciasse os autocaravanistas:
A
FPA apoiou propostas de legislação que discriminavam negativamente
os veículos autocaravanas, para, algum tempo depois, talvez constatando que tinha metido a pata na poça, veio dar o dito por
não dito;
A
FPA esqueceu o estatuto institucional de federação (em representação de outras
entidades) e na ânsia de se evidenciar respondeu a opiniões
manifestadas em fóruns, em blogues, onde quer que seja, “pôs-se
em bicos de pés”, disparou em todas as direcções;
A
FPA culpou os autocaravanistas por se não querem organizar em Clubes
e a federarem-se, alijando, assim, as responsabilidades que lhe cabiam nesse propósito;
A
FPA não clarificou, nos seus comunicados, o que entende por
discriminação negativa do veículo autocaravana e federou-se
numa instituição que alegadamente apoia a Rede de Acolhimento de
Autocaravanas no Algarve, onde, segundo os promotores da Rede, as
autocaravanas devem pernoitar obrigatoriamente;
A
FPA promove as Festas da FICM, mas não divulga as propostas e acções
(se é que existem) desta entidade e que promovam a defesa ou o apoio ao autocaravanismo;
A
FPA não hesitou, com intenções alegadamente divisionistas em apelar, através de comunicado, à rebelião de sócios de associações autocaravanistas para que obrigassem as
respectivas Direcções a aderirem à FPA, numa clara (e nada ética!) ingerência na vida dessas associações;
A
FPA promoveu uma Petição Pública com vista à promulgação de uma
legislação autocaravanista, sem que nessa petição concretize o
que pretende; contudo, em comunicado, defende que os autocaravanistas
não devem poder estacionar fora de parques especializados por períodos
superiores a 48 horas, ou seja, concorda com a discriminação
negativa do estacionamento dos veículos autocaravanas quando estejam estacionados para além de 48 horas;
A
FPA, assim, concorda, no comunicado referido anteriormente, com a
política da CCDR-Algarve que defende a proibição do estacionamento
de autocaravanas fora de locais destinados para o efeito;
A
FPA admitiu, em comunicado e referindo-se à Petição Pública, que
“tem que haver cedências de parte a parte”, esquecendo-se
que os
direitos fundamentais que definem a nossa civilização não se
vendem, não se trocam, não se dão e
que
o princípio da
não discriminação negativa é um direito fundamental.
A
FPA promoveu confusões e contradições ao emitir comunicados que,
posteriormente, algum dos respectivos dirigentes sentiram necessidade de vir
publicamente negar através de interpretações altamente rebuscadas;
A
FPA não pratica uma política de transparência perante o Movimento
Autocaravanista de Portugal ao não divulgar os respectivos
“Relatórios e Contas”;
A
FPA tentou promover umas “Jornadas Autocaravanistas” que, no meio
do desnorte em que se encontrava, lhe indicassem o caminho, mas, nem
isso conseguiu concretizar porque não obteve qualquer resposta aos
convites que fez;
A
FPA deslocou-se à Assembleia da República, olvidando os reais problemas que ainda se colocam aos autocaravanistas e desaproveitando a oportunidade excepcional de os divulgar a nível nacional, para passar
quase
todo o
tempo a criticar outra instituição; por
outras palavras, a FPA foi
à Assembleia da
República fazer “queixinhas”;
A
FPA, 6 anos depois da sua criação, continua a não representar mais que uns
300
autocaravanistas e mantém apenas as 3 associações que a fundaram.
Todas
as trapalhadas desta "pseudofederação" (que podem ser aprofundadas
AQUI) devem-se à inexistência de
princípios orientadores que definam a política autocaravanista da
FPA para Portugal. Não há revolução, não há mudanças
consistentes e coerentes, sem uma prévia definição dos objectivos
a atingir. A não ser (digo eu)
que os objectivos sejam de natureza pessoal e que se resumam à
obtenção do poder pelo poder.
Na
realidade a FPA é criada sem ter subjacente um Projecto Político
Autocaravanista que a defina. E porque assim continua, sem qualquer
Projecto, a FPA está ao nível de qualquer outra associação de
base, dedicando-se, de forma bem visível, essencialmente, aos
aspectos lúdicos do autocaravanismo (que também são importantes!)
mas que não podem ser a razão principal e muito menos única, pelos
quais se justifica a existência de uma Federação.
Alguns
autocaravanistas de boa-vontade apercebendo das insuficiências da
FPA foram, ao longo destes quase 6 anos, promovendo alterações, já
através do afastamento de intervenientes que alegadamente queriam
obter dividendos pessoais, já tentando substituir os dirigentes
menos aptos ou egocêntricos (o que nem sempre conseguiram
plenamente), já promovendo alterações pontuais, mas insuficientes,
dos estatutos.
Verifica-se,
porque é uma evidência, que todas as alterações efectuadas não
foram as suficientes para retirar a FPA da letargia em que se
encontra, subsistindo graças à aparência que o nome “federação”
lhe proporciona no exterior e que esconde a realidade daquilo que
realmente é: UMA FPA MORTA.
Muitos
(acredito que com as melhores intenções) já se estão a esforçar para
ressuscitar a FPA. Se o conseguirão, é a dúvida que se coloca. No
entanto, admito que com medidas apropriadas, com algum trabalho e persistência, com honestidade política, com uma mente liberta de fantasmas e com uma clara definição de
objectivos, poderão, talvez, conseguir que a FPA surja das trevas.
Como RESSUSCITAR a FPA será o tema do meu próximo
artigo de opinião.
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) – AQUI)
Obrigado pela crítica! Tenho seguido às notícias com entusiasmo e preocupação! Obrigado!
ResponderEliminarSem qualquer laivo de modéstia quem agradece que acompanhe os meus escritos sou eu e permito-me enaltecer o interesse que demonstra pelo tema.
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