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do blog SFILEN
ELEIÇÕES
AUTÁRQUICAS
E
ESTRATÉGIA
AUTOCARAVANISTA
O
PODER
São
muitos os cidadãos portugueses que consideram a respectiva
participação cívica terminada quando periodicamente exercem o
direito de voto. Votei, dizem, agora eles é que sabem. Estão
errados. O exercício da democracia não se confina ao mero acto de
votar. A participação cívica é, mais que um direito, uma
obrigação.
O
poder autárquico influência as nossas vidas quotidianas aos mais
diversos níveis. É na perspectiva de termos diferentes ou melhor
saneamento básico, jardins, locais de lazer e de práticas desportivas, escolas, creches, mercados, segurança, ordenamento
urbano, transportes, regulação do trânsito automóvel,
desenvolvimento económico e muito mais, que transferimos
periodicamente o poder de gestão desses objectivos para grupos
específicos: as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia.
O
poder autárquico não é um direito divino. É obtido com o “empréstimo” (concedido através do voto) que os cidadãos fazem periodicamente, em
determinadas condições (definidas em lei), a quem se oferece para gerir um
Concelho ou uma Freguesia. Continua, pois, a ser nos cidadãos que
está o verdadeiro poder. Logo, o direito de participar, de intervir,
não se esgota no exercício do voto. Terem disto consciência os
cidadãos que devem recordar, frequentemente, aos gestores autárquicos que o
poder que têm não é absoluto, mas, repito, um “empréstimo”
temporário que tem que ser devolvido com “juros" (o cumprimento do prometido) aos “credores” (que são os cidadãos). A participação só fortalece a democracia.
O
ASSOCIATIVISMO
A participação cívica de um único cidadão é louvável, mas, em
princípio, não altera o “status quo” que se pretenda mudar. Sem
pôr em causa que a intervenção de um único individuo pode fazer a
diferença, por si só, não faz a mudança. As mudanças fazem-se
pela intervenção de grupos, de preferência organizados, e com
objectivos. Ou seja: é através do associativismo que existem
melhores possibilidades de se alcançarem objectivos.
O
associativismo autocaravanista peca por a maioria das associações
promoverem apenas (ou quase só) eventos lúdicos, esquecendo que o
mais importante, para que inclusive esses eventos se realizem em liberdade, reside na defesa dos direitos, interesses e garantias
dos autocaravanistas em todas as vertentes desta actividade. Sem
dúvida que os eventos lúdicos são importantes, mas também sem
dúvida que um qualquer grupo (sem personalidade jurídica) pode
promover esse tipo de actividades e, muitas vezes, com menores
custos. Esta “competição” entre "grupos de autocaravanistas" e "associações de autocaravanistas" só penderá a favor das
associações se estas, além de eventos lúdicos, prestarem outros
serviços, entre os quais o exercerem pressão política junto das
entidades que podem “regular” o autocaravanismo (autarquias e não
só) e, SEMPRE numa perspectiva do NÃO À DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA dos veículos autocaravanas.
A
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, que poderia ter
tido um papel importante e interventivo na prática do
autocaravanismo enquanto actividade turística, contrariou as
próprias deliberações, que são públicas, deu o dito por não
dito, e aliou-se, ao que tudo indica de alma e coração, aos objectivos das entidades comerciais campistas. Já a FPA que não veio criar, antes pelo contrário, qualquer tipo de
unidade entre os autocaravanistas, numa tentativa, que se revelou vã,
de absorver o CPA, lançou
Petições Públicas inócuas, aderiu e paga a uma federação
internacional que promove umas passeatas para meia dúzia de
autocaravanistas portugueses, apoia e desapoia, consoante as ocasiões, uma mesma proposta de
legislação e, cúmulo dos cúmulos, desaproveitou o tempo em que esteve numa audiência na
Assembleia da República para fazer “queixinhas”. Por último, esta FPA, não consta que tenha qualquer actividade desde Março de 2016 e
continua a ter apenas 3 associações representando, talvez, muito
menos de 400 autocaravanistas.
Nestas circunstâncias resta às associações autocaravanistas desenvolverem
“de per si” ou conjugando esforços, acordados numa
Plataforma inorgânica constituída por associações de base, as
iniciativas que suprimam a discriminação negativa dos veículos
autocaravanas.
A
MENSAGEM
Os autarcas irão tomar posse dentro de dias para
cumprimento do novo mandato para que foram eleitos. A todos esses autarcas, independentemente de já o conhecerem, é necessário recordar-lhes a temática
autocaravanista na perspectiva da NÃO DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA dos
veículos autocaravanas. Impõe-se, pois, que as associações
autocaravanistas participem civicamente na construção de uma
prática autocaravanista responsável. Podem fazê-lo através de uma participação
conjugada no seio de uma Plataforma inorgânica de associações de
base ou (o que tiraria força ao Movimento Autocaravanista de
Portugal) numa intervenção feita
isoladamente por cada associação.
Porque
os problemas dos autocaravanistas estão perfeitamente equacionados,
as associações autocaravanistas, em conjunto ou isoladamente, têm
a obrigação de transmitir por escrito aos eleitos das 308 Câmaras
Municipais e logo após a tomada de posse, as posições que consideram correctas sobre as temáticas
seguintes:
-
O conceito do que é acampar em autocaravana;
- O conceito do que é estacionar / pernoitar em autocaravana;
- O conceito de que turismo itinerante em autocaravana pode ser um factor de desenvolvimento económico para as populações;
- O conceito de que turismo itinerante em autocaravana pode ser um factor de desenvolvimento económico para as populações;
-
A penalização pecuniária feita no local e, se necessário, com recurso à imobilização da
autocaravana, de quem acampar na via pública;
- A penalização pecuniária feita no local dos autocaravanistas que infrinjam legislação sobre o ruído, o ambiente e outras aplicáveis;
- A penalização pecuniária feita no local dos autocaravanistas que infrinjam legislação sobre o ruído, o ambiente e outras aplicáveis;
-
O Código da Estrada como legislação bastante para a regulamentação
dos veículos autocaravanas na interpretação sobre estacionamento
que lhe dá “Direção
de Operações da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da
GNR”, da “Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária” e do
Governo
de Portugal através do “Ministério da Administração Interna”;
-
O
respeito das autarquias pela implementação de sinalética legalmente instituída;
-
O direito à igualdade de tratamento que implica o repúdio por diplomas municipais (e não só) que
legislem de forma negativamente discriminatória, impedindo especificamente os veículos autocaravanas de estacionar onde outros veículos de igual ou
semelhante gabarito o podem fazer;
-
O
benefício que pode resultar para os municípios da existência de Áreas de Serviço de Autocaravanas
(equiparadas a equipamentos municipais) que são um factor de proteção ambiental e de melhor ordenamento do trânsito automóvel.
O
FUTURO
Se
os homens, se os autocaravanistas, estiverem unidos na acção, lutarem,
trabalharem,
então os objectivos estarão
mais perto de serem alcançados e o Movimento Autocaravanista de
Portugal avançará..
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) - AQUI)
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