Imagens
dos blogues “seniorcorrespondent” e “Perspectiva”
SOLIDARIEDADE
versus
CARIDADE
CPA
com a ANIMAR
O
mês de Dezembro, embora não seja propício a grandes tiradas de
opinião, não me impedirá de correr o risco de o fazer. É o mês
em que muitos se lamentam da miséria dos outros e clamam, SENTADOS,
contra a falta de intervenção do Estado para pôr cobro às imagens
de abandono de outros seres humanos. Possivelmente são os mesmos que
defendem menos Estado, mas que, incoerentes, são os que culpam esse
mesmo Estado por todos os dramas que os põem de mal com as
respectivas consciências.
É
neste mês de Dezembro que as organizações chamadas de
solidariedade social apelam aos sentimentos caritativos das pessoas
para obterem esmolas para os projectos que defendem. Será
legitimo questionar que percentagem dos donativos irá directamente
para os necessitados e que parte será destinada à administração e
aos vencimentos/ajudas de custo de cada uma das associações?
Evidentemente
que, com este estado das coisas, os mais desfavorecidos continuarão
mais desfavorecidos e estas acções de caridade das associações
impropriamente chamadas solidárias, além de não dignificarem os
mais pobres, também não contribuem para modificar o estatuto social
em que, infelizmente, se encontram. E não contribuem para alterar o
status quo das pessoas porque as mesmas acções são
essencialmente de natureza caritativa. São acções de mera
caridade.
A
grande, A ENORME DIFERENÇA ENTRE CARIDADE E SOLIDARIEDADE
assenta na atitude que se tem na prestação de uma ajuda imediata
(que é caridade) sem que de alguma forma desenvolvamos esforços
para transformar a situação do carente (que é solidariedade).
Praticarei
a caridade (e talvez fique de bem com a minha consciência) ao
dar a um pedinte uma moeda sem me voltar a preocupar com o problema e
sem que com a minha acção caritativa altere a vida daquela pessoa.
Serei
solidário se, para além da moeda, como forma de resolução
imediata de um problema, desenvolver todos os esforços ao meu
alcance para modificar a situação de carência, por forma a não
ser de novo abordado e ter de, de novo, praticar caridade.
A
moeda que dou (que antigamente se chamava esmola) apresenta-se agora
em novas formas: nos sacos de alimentos que nos pedem nos
supermercados, nas cantinas sociais (neologismo que substituiu a
antiga “sopa do Sidónio” ou noutras quaisquer formas de
caridade).
Não
afirmo, longe de mim, que a caridade não é importante para impedir
no imediato danos maiores. Mas chamemos-lhe exactamente isso:
caridade. Não sublimemos a acção esmoler (caridade), que não
altera a situação de carência e mantém a supremacia de quem dá e
a dependência de quem recebe por necessidade.
Como
mudar este estado de coisas? O
que tem
o autocaravanismo que
ver com isto?
Em
25 de Março de 2017 a Associação Autocaravanista de Portugal
aderiu à “ANIMAR – Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento Local” (ver
AQUI)
que
tem como objectivos, entre outros, os seguintes:
“Valorizar,
promover e reforçar o desenvolvimento local,
a cidadania ativa, a igualdade e a coesão social na sociedade
portuguesa, enquanto pilares
de uma sociedade
mais justa, equitativa, solidária
e sustentável.”
(Sublinhados
meus)
“Assumir
a sua identidade na diversidade de organizações,
indivíduos, territórios e contextos de atuação, e daí, destacar
a multiplicidade de modelos de desenvolvimento local”
(Sublinhados
meus)
“Acreditar
numa sociedade mais justa, equitativa e sustentável reconhecendo
que a Animar do futuro, terá em consideração o valor que
acrescentou no passado e pelo qual se destaca no presente, e por
aquele que ambiciona para o futuro.”
(Sublinhados
meus)
Estamos, pois, perante uma associação, a que o CPA aderiu e com cujos objectivos, obviamente, concorda, pois que se assim não fosse…
Possivelmente
muitos
autocaravanistas considerarão que a ANIMAR fica aquém da finalidade
de estripar da sociedade a miséria em que muitos cidadãos se
encontram, mas, ao valorizar
o desenvolvimento local como um dos pilares de uma sociedade justa,
equitativa, solidária e sustentável, não
nos
é permitido, se formos intelectualmente honestos, afirmar
que estamos perante a promoção da caridade, que, em
si mesma, como
é notório,
não
altera a vida das pessoas.
É
neste contexto que o CPA,
defensor
de
um
autocaravanismo promotor
do
desenvolvimento económico das populações (ver AQUI),
deve
apoiar a ANIMAR.
Apoiar,
por exemplo, através
de
Encontros autocaravanistas que
coincidam com eventos relevantes da
ANIMAR em que os autocaravanistas possam participar,
mas, sem esquecer nesses
Encontros autocaravanistas,
além da participação,
o convívio, o turismo, a cultura.
Aguardarei,
pois, que 2018 nos traga uma intervenção mais
activa
do CPA no
âmbito dos objectivos da ANIMAR, pois de outra forma seria
incompreensível a adesão do CPA a essa organização.
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) (AQUI)
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