quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

QUEM NASCE TORTO...



Imagem obtida no espaço “FabioCruz.com”



QUEM NASCE TORTO...



Disse Jesus aos seus discípulos: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.”

(Mateus 6:24)



Mesmo para os não crentes o trecho acima afirma-se pela clareza do princípio de lealdade que os cidadãos devem assumir.

No passado fim-de-semana foram concretizadas eleições para os Corpos Gerentes da FPA (ver AQUI) e, como se pode constatar, foi eleito Ruy Batista Figueiredo para Secretário da Mesa da Assembleia Geral e Eduardo Pinto da Costa para Vice-presidente da Direcção.

Ruy Batista Figueiredo foi Presidente do Conselho Fiscal do CPA (2000/2003) e Presidente da Direcção do CPA (2004/2009);

Eduardo Pinto da Costa foi, até ao passado dia 29 de janeiro, Delegado do CPA de Viana do Castelo e ainda é Secretário da Direcção do CPA, eleito para o mandato de 2017/2019.

Estes atrás citados associados do CPA não podem alegar que desconhecem as políticas autocaravanistas defendidas pelo CPA e aprovadas em sucessivas Assembleias Gerais desde 2010, pelo que antes de se terem candidatado e aceitado serem eleitos para os Corpos Gerentes da FPA se deveriam, até por uma questão de coerência e, acrescento, de ética, terem-se demitido de sócios do CPA. Não o fizeram e fica a dúvida se querem “servir a dois senhores”.

No entanto, enquanto que Ruy Batista Figueiredo é formalmente um associado do CPA, sem quaisquer funções estatutárias, já Eduardo Pinto da Costa não goza do mesmo estatuto. Contudo, tenho para mim, que Ruy Batista Figueiredo terá sido solicitado a fazer parte dos Corpos Gerentes da FPA apenas porque no passado foi Presidente da Direcção do CPA e, supostamente, por também ter granjeado muitas simpatias entre os sócios do CPA, o que lhe permitiria, hipoteticamente, se o quisesse, aliciá-los para que esses mesmo sócios pressionassem a Direcção do CPA com vista à adesão à FPA. Estarei a exagerar? Bem, recordo que este objectivo já foi definido no Comunicado 004/2014 da FPA em que se exorta os sócios de associações não federadas na FPA a exercerem “a sua força de voto para, nas respectivas Assembleias Gerais, os conduzirem para a Federação que representa em exclusivo o autocaravanismo em Portugal”. Efectivamente já passaram 3 anos sobre este propósito da FPA, mas não me consta que até à presente data tenha sido desmentido, contrariado ou anulado.

Já, politicamente, a adesão de Eduardo Pinto da Costa aos princípios estatutários da FPA, sem que se tenha ATEMPADAMENTE demitido das funções de Secretário da Direcção do CPA, revelam pouca ou nenhuma honestidade intelectual e uma deslealdade para com os companheiros da Direcção que não desejo adjectivar.

Desonestidade intelectual porque se candidatou numa Lista cujas linhas programáticas são distintas das preconizadas pela FPA ao longo dos tempos, nomeadamente no que respeita à aceitação do autocaravanismo em todas as vertentes e do Código da Estrada como lei bastante para regular os veículos autocaravanas.

Deslealdade para com os companheiros da Direcção do CPA porquanto os manteve, até ao último minuto, na ignorância da atitude que iria assumir, ou seja, aceitar fazer parte da Direcção de uma instituição – a FPA – que além de ter sido gerada (em segredo) contra o CPA, se apressou, ainda sem existência legal (ainda no ventre materno), a alistar-se na FICM (Fédération Internationale des Clubs de Motorhomes) que o CPA tinha abandonado pouco tempo antes.

Ruy Batista Figueiredo e Eduardo Pinto da Costa decidiram (mal) dar a cara por uma instituição, a FPA:

- que apoiou propostas de legislação que discriminavam negativamente os veículos autocaravanas, para, algum tempo depois, talvez constatando que tinha metido a pata na poça, vir dar o dito por não dito;

- que esqueceu o estatuto institucional de federação (em representação de outras entidades) e na ânsia de se evidenciar respondeu a opiniões manifestadas em fóruns, em blogues, onde quer que seja, “pôs-se em bicos de pés”, disparou em todas as direcções;

- que culpou os autocaravanistas por se não querem organizar em Clubes e a federarem-se, alijando, assim, as responsabilidades que lhe cabiam nesse propósito;

- que não clarificou, nos seus comunicados, o que entende por discriminação negativa do veículo autocaravana e federou-se numa instituição que alegadamente apoia a Rede de Acolhimento de Autocaravanas no Algarve, onde, segundo os promotores da Rede, as autocaravanas devem pernoitar obrigatoriamente;

- que promove as Festas da FICM, mas não divulga as propostas e acções (se é que existem) desta entidade e que promovam a defesa ou o apoio ao autocaravanismo;

- que não hesitou, com intenções alegadamente divisionistas, em apelar, através de comunicado, à rebelião de sócios de associações autocaravanistas para que obrigassem as respectivas Direcções a aderirem à FPA, numa clara (e nada ética!) ingerência na vida dessas associações;

- que promoveu uma Petição Pública com vista à promulgação de uma legislação autocaravanista, sem que nessa petição concretize o que pretende; contudo, em comunicado, defende que os autocaravanistas não devem poder estacionar fora de parques especializados por períodos superiores a 48 horas, ou seja, concorda com a discriminação negativa do estacionamento dos veículos autocaravanas quando estejam estacionados para além de 48 horas;

- que concorda, no comunicado referido anteriormente, com a política da CCDR-Algarve que defende a proibição do estacionamento de autocaravanas fora de locais destinados para o efeito;

- que admitiu, em comunicado e referindo-se à Petição Pública, que “tem que haver cedências de parte a parte”, esquecendo-se que os direitos fundamentais que definem a nossa civilização não se vendem, não se trocam, não se dão e que o princípio da não discriminação negativa é um direito fundamental.

- que promoveu confusões e contradições ao emitir comunicados que, posteriormente, algum dos respectivos dirigentes sentiram necessidade de vir publicamente negar através de interpretações altamente rebuscadas;

- que não pratica uma política de transparência perante o Movimento Autocaravanista de Portugal ao não divulgar os respectivos “Relatórios e Contas”;

- que tentou promover umas “Jornadas Autocaravanistas” que, no meio do desnorte em que se encontrava, lhe indicassem o caminho, mas, nem isso conseguiu concretizar porque não obteve qualquer resposta aos convites que fez;

- que deslocou-se à Assembleia da República, olvidando os reais problemas que ainda se colocam aos autocaravanistas e desaproveitando a oportunidade excepcional de os divulgar a nível nacional, para passar, quase todo o tempo, a criticar outra instituição; por outras palavras, a FPA foi à Assembleia da República fazer “queixinhas”;

- que no ano de 2017 se remeteu na Página oficial a um “misterioso” silêncio.

Todas as trapalhadas desta "pseudofederação" devem-se à inexistência de princípios orientadores que definam a política autocaravanista da FPA para Portugal. Não há revolução, não há mudanças consistentes e coerentes, sem uma prévia definição dos objectivos a atingir. A não ser que os objectivos sejam de natureza pessoal e que se resumam à obtenção do poder pelo poder.

No meio disto tudo só falta virem-me dizer que agora é que é, agora é que  a FPA se vai endireitar!… Diz o povo, na sua sabedoria de experiência feita, que “Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)




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