IDEAL
Onde moras? Onde moras?
Se adivinhasse onde moras
- Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela,
Veria
passar as horas,
As minhas últimas horas.
Sem ti a vida que importa?
A vida, nem penso nela...
Veria passar as horas,
As minhas últimas horas,
Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela...
Onde moras? Onde moras?
É num castelo roqueiro?
Se é num castelo roqueiro,
Erguido na penedia,
Sobre o rochedo mais alto
À beira-mar sobranceiro,
Com a minha fantasia
Irei tomá-lo de assalto,
Esse castelo roqueiro,
Erguido na penedia,
Sobre o rochedo mais alto,
À beira-mar sobranceiro...
É nos abismos do mar?
Se é nos abismos do mar,
Sob a múrmura corrente,
No teu leito de amaranto
Irei também descansar,
Ficando perpetuamente
Naquele perpétuo encanto
Do Rei Hárald Horfagar...
No teu leito de amaranto
Irei também descansar,
Naquele perpétuo encanto
Do Rei Hárald Horfagar.
É numa
estrela, ilha de ouro?
Se é numa estrela, ilha de ouro,
- A Via-láctea é uma ponte,
Subirei por ela ao céu...
Para achar o meu tesouro
Não há remoto horizonte,
Nem Sagitário ou Perseu...
Onde moras? Onde moras?
Se adivinhasse onde moras
- Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela,
Veria passar as horas,
As minhas últimas horas.
Sem ti a vida que importa?
A vida, nem penso nela...
Veria passar as horas,
As minhas últimas horas,
Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela
Numa extasiada emoção.
Dize-me pois onde moras,
Se porventura não moras
Dentro do meu coração...
(António Feijó – 1859-1917)
António de Castro Feijó (Ponte
de Lima, 1 de Junho de 1859 - Estocolmo, 20 de Junho de 1917) foi um poeta e
diplomata português.
Fez os estudos liceais em Braga e
estudou Direito na Universidade de Coimbra, concluindo o curso
em 1883.
Em 1886 ingressou na carreira diplomática.
Exerceu cargos diplomáticos no Brasil (consulados
nos estados de Pernambuco e do Rio
Grande do Sul) e, a partir de 1895, na Suécia, assim
como na Noruega e
na Dinamarca.
Desposou em 24 de
Setembro de 1900 a sueca Maria Luísa Carmen Mercedes Joana Lewin
(nascida em 19 de agosto de 1878), cuja morte
prematura, em 21 de setembro de 1915, o viria a
influenciar numa temática fúnebre, patente na sua obra.
Como poeta, António Feijó é habitualmente ligado ao Parnasianismo.
Fonte: Wikipédia
– A enciclopédia livre
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