Floriram por Engano as
Rosas Bravas
Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De
mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos..
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze _quanta flor! _do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
(Camilo Pessanha – 1867-1926)
Aceda-se a duas formas distintas de interpretar (e
eventualmente sentir) o mesmo poema.
Interpretação
alegadamente clássica:
Interpretação
alegadamente moderna:
Camilo de Almeida Pessanha nasceu como filho ilegítimo de
Francisco António de Almeida Pessanha, um estudante de direito de aristocracia,
e Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, sua empregada, em 7 de setembro de
1867, às 11.00 horas, na Sé Nova, Coimbra, Portugal. O
casal teria mais quatro filhos.
Tirou o curso de direito em Coimbra.
Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado em Óbidos, em
1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia
Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido
nomeado, em 1900, conservador do registro predial em Macau e depois juiz de
comarca. Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas
vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando
Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, apreciador da sua
poesia.
Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu
único livro Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação
(pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e
recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se
salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de Castro Osório,
ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram
encontrados. Essas edições foram publicadas em 1945, 1954 e 1969.
Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos
poetas mais importantes da língua portuguesa. Camilo Pessanha morreu no
dia 1 de Março de 1926 em Macau, devido ao uso
excessivo de Ópio.
Fonte: Wikipédia
– A enciclopédia livre
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