Pastoral
Todos os dias, quando morre o
dia,
pões-te a
chamar os patos p'ra os contar.
E os patos, conhecendo quem os
cria,
vêem p'ra ti
de longe a esvoaçar.
E logo te
acompanham. Que alegria
anima o teu
rebanho singular I
Parece ser
dum conto que eu ouvia,
- “Era uma
vez...“ -, à gente do meu lar.
“Filha de
rei, com iras de criança,
guardando
patos na ribeira mansa,
foi coisa de
pasmar que nunca vi!”
Pois é a
história da princesa loura
que tu me
fazes recordar, Senhora,
assim com
essa côrte ao pé de ti!
(António Sardinha – 1887-1925)
António Maria de Sousa Sardinha (Monforte, 9 de
Setembro de 1887 — Elvas, 10 de Janeiro de 1925) foi um político,
historiador e poeta português.
Destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador,
produzindo uma obra que se afirmou como a principal referência doutrinária
do Integralismo Lusitano. A sua defesa de
uma monarquia tradicional, orgânica, antiparlamentar ou anticonstitucional e antiliberal serviu
de inspiração a uma influente corrente do pensamento político português da
primeira metade do século XX. Apesar de ter falecido prematuramente,
conseguiu afirmar-se como referência incontornável para os monárquicos que
recusaram condescender com o salazarismo.
António Sardinha foi um adversário da Monarquia da Carta (1834 -1910) chegando,
no tempo de estudante na Universidade de Coimbra, a defender a
implantação de uma república em Portugal. Depois de 5 de
Outubro de 1910, durante a Primeira República ficou profundamente
desiludido com ela e acabou por se converter ao ideário realista
da monarquia orgânica, tradicionalista, antiparlamentar do "Integralismo Lusitano", de que foi um
dos mais destacados defensores.
Em 1911 já estava formado em Direito pela respectiva universidade e
no final do ano de 1912,
escrevia a comunicar a sua «conversão à Monarquia e ao Catolicismo — "as
únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda
aceitar". E abençoava "esta República trágico-cómica que (o vacinara)
a tempo pela lição da experiência...".
Imediatamente juntou-se a Hipólito
Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito
Rebelo, para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação
de filosofia política, a partir da qual foi lançado o referido movimento
monárquico do Integralismo Lusitano .
A lusitana antiga liberdade do verso de Luís de Camões era uma referência dos
integralistas, tendo no municipalismo e no sindicalismo duas palavras-chave de
um ideário político que não dispensava o Rei, entendido como o Procurador
do Povo e o melhor garante e defensor das liberdades republicanas.
António Sardinha era anti-maçónico e
na sua sequência anti-iberista, em 1915, tendo
prenunciar-se na Liga Naval de Lisboa uma
conferência onde alertava para o perigo de uma absorção de Portugal por
Espanha. Em
vez da fusão dos estados desses dois países, propunha uma forte liga entre
todos os povos hispânicos, a lançar por intermédio de uma aliança entre os
dois, ambos reconduzidos à monarquia. A Aliança Peninsular entre as duas e
seus reinos seria, na sua perspectiva, o ponto de partida para a constituição
de uma ampla Comunidade Hispânica (dos povos de língua portuguesa e espanhola),
a base mais firme onde assentaria a sobrevivência da civilização ocidental.
Durante o breve consulado de Sidónio
Pais, foi eleito deputado na lista da minoria monárquica.
Após o assassinato desse presidente da República, em 1919, exilou-se em
Espanha após a sua participação na fracassada da tentativa restauracionista de
Monsanto e da "Monarquia do Norte".
Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director
do diário A Monarquia
.
António Sardinha morreu jovem, com apenas 37 anos.
Fonte: Wikipédia
– A enciclopédia livre
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