Que caminho quer a FPA? NIM
Em 3 anos que Relatórios e
que Contas?
No texto de opinião “O PODER POPULAR CHEGOU À FPA” (ver AQUI)
comprometi-me a abordar de novo as chamadas “Jornadas Autocaravanistas” que são
referidas pela FPA no Comunicado 001/2015 de 31 de Janeiro (ver AQUI).
Antes porém, porque não é menos importante, há que realçar
que esse Comunicado, o primeiro de 2015, ao invés de projectar o futuro, mais
não é que um “mar de lamentações” que, na ponta final, desperta para umas
“jornadas” que supõe poderem salvar a FPA do descrédito e estagnação.
Em três anos de existência a FPA ainda não divulgou
publicamente nem os Planos de Actividade, nem os Orçamentos e, muito menos, os
Relatórios e Contas. Que no primeiro ano de actividade o não tivesse feito
seria compreensível, mas não apresentar à comunidade autocaravanista o que
pretende concretizar em 2015 (ou seja o Plano de Actividade) é demonstrativo
que não sabe o que quer. E, espero vir a estar enganado, parece-me que também
não vai apresentar publicamente o Relatório e Contas de 2014.
Petição Pública – Uma “ondinha
de fundo”
Ainda antes de avançar com as “Jornadas Autocaravanistas” a
FPA apostou em ser envolvida numa “vaga de fundo” com a apresentação de uma
“Petição Pública” (ver AQUI). Só que a “vaga” não passou de uma
“ondinha”, pois desde a publicação da Petição (em Junho/Julho de 2014),
passados que são cerca de 6/7 meses, só cerca de 500 pessoas subscreveram o
documento. Tenha-se consciência que dessas cerca de 500 pessoas só
previsivelmente são autocaravanistas umas 200, pois as restantes são familiares
e amigos. Considerando que existem, também previsivelmente, 6/7 mil
autocaravanistas a percentagem é muito diminuta.
É possivelmente por não conseguir os resultados esperados e,
muito principalmente por não saber o que quer que a FPA avança com as tais
“Jornadas” que irão depositar nas mãos de uma Comissão de Redacção as
conclusões que grupos, sem personalidade jurídica, e autocaravanistas, sem
filiação associativa, determinarão o futuro e os projectos que as associações
federadas na FPA não conseguem ou não querem definir.
As Jornadas da FPA e o
passado
É curioso como a convocação destas futuras “Jornadas” vêm
dar razão a propostas feitas no passado, antes da constituição da FPA, para que
se realizasse um encontro de associações autocaravanistas, sem ordem de trabalhos
e apenas tendo em comum serem contra a discriminação negativa do veículo
autocaravana. Contudo, na época, houve quem optasse pela criação, em segredo,
de uma federação. A tal que viria resolver todos os problemas dos
autocaravanistas e que, afinal, agora, em desespero, os mesmos que não se
dispuseram para uma reunião avançam por caminhos desconhecidos.
Quando se estabelece uma estratégia, no caso as tais
“Jornadas Autocaravanistas”, os responsáveis (se o forem) devem imaginar os
cenários possíveis para melhor providenciarem o futuro
Hipotéticos cenários
Primeiro cenário:
Os Grupos (sem e com personalidade jurídica) e os
autocaravanistas (sem e com filiação associativa) concluem que não existem
condições para a constituição de mais associações e, consequentemente, a FPA se
irá manter exactamente como está e quanto muito auscultando anualmente os
autocaravanistas individualmente considerados.
Esta será uma situação que não trará quaisquer mais-valias
para o associativismo, não passará qualquer mensagem de afirmação positiva
perante a sociedade em geral e poderá não trazer à FPA dividendos financeiros
imprescindíveis para que atinja alguns objectivos de política (?)
autocaravanista.
Neste cenário, para se não desvanecer nas brumas da memória,
a FPA será obrigada a comportar-se como um qualquer Clube e fazer o que, por
exemplo, faz a federação internacional (a FICM) em que está filiada: Turismo e
Comezainas.
Segundo cenário:
Os Grupos (sem
personalidade jurídica) e os autocaravanistas (sem filiação associativa)
avançam respectivamente com a promessa de se constituírem em associações e de se
inscreverem em Clubes.
No entanto, este será um cenário pelo qual se terá que aguardar
algum tempo para se poder constatar se os resultados serão consequentes com a
promessa feita.
Mas, mesmo que se venham a criar mais uns dois ou três ou
mesmo cinco Clubes irão todos eles ter a quantidade mínima de associados que
contribuam para fazer da FPA uma federação verdadeiramente representativa do
Movimento Autocaravanista de Portugal? E as quotizações que aufiram serão
suficientes para trazer os tais dividendos financeiros imprescindíveis para que
se atinjam alguns objectivos de política (?) autocaravanista?
Este é um cenário pleno de incertezas e a FPA precisa de
algo muito concreto num muito curto espaço de tempo.
Terceiro cenário:
O cenário mais previsível consistirá em passar a aceitar
inscrições individuais para obstar à dificuldade bem evidente de criar, mesmo
que artificialmente como já foi feito pelos apoiantes da FPA, outros clubes. Mas,
esta opção cria um problema de participação institucional na medida em que não seria
curial equiparar os votos de associações com os votos de autocaravanistas
individualmente considerados.
Possivelmente a FPA foi “beber” a solução na “Fédération
Française des Associations et Clubs de Camping-Cars” (FFACCC) que - além dos 23
Clubes “Regionais”, dos 4 Clubes Nacionais e dos 3 Clubes Nacionais de Marcas
de Autocaravanas (o que é pouco para um país como a França) – criou um Clube
Nacional que agrupa todos os autocaravanistas inscritos individual e directamente
nessa federação francesa. Esta solução permite contornar a questão que se
colocava com a representatividade do voto individual dos autocaravanistas que
se não querem inscrever em qualquer um dos Clubes já existentes, mas, no
entanto, levanta outras questões que, de momento, prefiro não abordar.
Não me admiraria que a FPA viesse a plagiar a associação
criada pela FFACCC (“Union des Camping Caristes de France” (UCCF-FFACCC))
constituindo a “União dos Autocaravanistas de Portugal” (UAP-FPA).
Não obstante esta opção permitir o apoio e a continuação da
existência de Grupos informais de autocaravanistas poderia contribuir igualmente
para aglutinar algumas dezenas de anti campistas autocaravanistas e, talvez,
TALVEZ, dar algum alento às finanças e ao não-projecto autocaravanista da FPA.
Um não-cenário
Um “não-cenário” seria a FPA enveredar por querer discutir e
aprovar Princípios Autocaravanistas que há já muito estão definidos e que são
consensuais.
Mas, as Jornadas podem realmente acabar num “não-cenário” em
que o que se analise sejam questões meramente pessoais, incidindo nas pessoas
dos Corpos Gerentes da FPA e, muito particularmente, no Presidente da
federação. Porque este “não-cenário” seria o que de pior poderia acontecer à
FPA só lhe restaria desviar-se do tema criando para o efeito um inimigo. Quando
se quer unir diferentes protagonistas que nada ou pouco têm em comum uma das
formas de o fazer é encontrar um inimigo que a todos satisfaça. Pelo menos
durante algum tempo essa unidade/unicidade negativa fará esquecer a enormidade
que foi a constituição da FPA.
O inimigo querido Nº 1
Não se considere que esta estratégia (criação de um inimigo
comum) para unir em torno de um objectivo quem não tem objectivos comuns é
assim tão sem propósito, No Comunicado 1/2015 da FPA já esteve a ser preparada
essa opção, embora de forma subtil, ao ser dito que há
quem infiltre as instituições e consegue impor a sua vontade às outras dezenas
de associados ou ainda que há quem em nome
de um apregoado amor ao autocaravanismo, com as suas escrituras vai causando um
enorme estrago, talvez irreparável, mas, com um despudor total,
nesse mesmo comunicado, pode ler-se que na Federação de Campismo e Montanhismo
de Portugal (reportando-se especificamente à Comissão de Autocaravanismo) há quem mantem uma situação contra natura e ajuda a
dividir o autocaravanismo ou talvez possa ser como que uma sala de espera para
poleiros mais altos e remunerados, pois na FPA, diz o
comunicado, trabalha-se “pro bono”.
Nunca nenhuma instituição, que saiba, se afirmou tão pela
negativa e, o que não acontece na FPA, um DIRIGENTE de qualquer associação sabe
sempre apontar um caminho que põe à consideração dos seus pares.
Que caminho para os autocaravanistas
quer a FPA? NIM
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)