quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Que caminho quer a FPA? NIM


Imagem do blogue “Papo universitário


Que caminho quer a FPA? NIM


Em 3 anos que Relatórios e que Contas?

No texto de opinião “O PODER POPULAR CHEGOU À FPA” (ver AQUI) comprometi-me a abordar de novo as chamadas “Jornadas Autocaravanistas” que são referidas pela FPA no Comunicado 001/2015 de 31 de Janeiro (ver AQUI).

Antes porém, porque não é menos importante, há que realçar que esse Comunicado, o primeiro de 2015, ao invés de projectar o futuro, mais não é que um “mar de lamentações” que, na ponta final, desperta para umas “jornadas” que supõe poderem salvar a FPA do descrédito e estagnação.

Em três anos de existência a FPA ainda não divulgou publicamente nem os Planos de Actividade, nem os Orçamentos e, muito menos, os Relatórios e Contas. Que no primeiro ano de actividade o não tivesse feito seria compreensível, mas não apresentar à comunidade autocaravanista o que pretende concretizar em 2015 (ou seja o Plano de Actividade) é demonstrativo que não sabe o que quer. E, espero vir a estar enganado, parece-me que também não vai apresentar publicamente o Relatório e Contas de 2014.


Petição Pública – Uma “ondinha de fundo”

Ainda antes de avançar com as “Jornadas Autocaravanistas” a FPA apostou em ser envolvida numa “vaga de fundo” com a apresentação de uma “Petição Pública” (ver AQUI). Só que a “vaga” não passou de uma “ondinha”, pois desde a publicação da Petição (em Junho/Julho de 2014), passados que são cerca de 6/7 meses, só cerca de 500 pessoas subscreveram o documento. Tenha-se consciência que dessas cerca de 500 pessoas só previsivelmente são autocaravanistas umas 200, pois as restantes são familiares e amigos. Considerando que existem, também previsivelmente, 6/7 mil autocaravanistas a percentagem é muito diminuta.

É possivelmente por não conseguir os resultados esperados e, muito principalmente por não saber o que quer que a FPA avança com as tais “Jornadas” que irão depositar nas mãos de uma Comissão de Redacção as conclusões que grupos, sem personalidade jurídica, e autocaravanistas, sem filiação associativa, determinarão o futuro e os projectos que as associações federadas na FPA não conseguem ou não querem definir.


As Jornadas da FPA e o passado

É curioso como a convocação destas futuras “Jornadas” vêm dar razão a propostas feitas no passado, antes da constituição da FPA, para que se realizasse um encontro de associações autocaravanistas, sem ordem de trabalhos e apenas tendo em comum serem contra a discriminação negativa do veículo autocaravana. Contudo, na época, houve quem optasse pela criação, em segredo, de uma federação. A tal que viria resolver todos os problemas dos autocaravanistas e que, afinal, agora, em desespero, os mesmos que não se dispuseram para uma reunião avançam por caminhos desconhecidos.

Quando se estabelece uma estratégia, no caso as tais “Jornadas Autocaravanistas”, os responsáveis (se o forem) devem imaginar os cenários possíveis para melhor providenciarem o futuro


Hipotéticos cenários

Primeiro cenário:

Os Grupos (sem e com personalidade jurídica) e os autocaravanistas (sem e com filiação associativa) concluem que não existem condições para a constituição de mais associações e, consequentemente, a FPA se irá manter exactamente como está e quanto muito auscultando anualmente os autocaravanistas individualmente considerados.

Esta será uma situação que não trará quaisquer mais-valias para o associativismo, não passará qualquer mensagem de afirmação positiva perante a sociedade em geral e poderá não trazer à FPA dividendos financeiros imprescindíveis para que atinja alguns objectivos de política (?) autocaravanista.

Neste cenário, para se não desvanecer nas brumas da memória, a FPA será obrigada a comportar-se como um qualquer Clube e fazer o que, por exemplo, faz a federação internacional (a FICM) em que está filiada: Turismo e Comezainas.

Segundo cenário:

 Os Grupos (sem personalidade jurídica) e os autocaravanistas (sem filiação associativa) avançam respectivamente com a promessa de se constituírem em associações e de se inscreverem em Clubes.

No entanto, este será um cenário pelo qual se terá que aguardar algum tempo para se poder constatar se os resultados serão consequentes com a promessa feita.

Mas, mesmo que se venham a criar mais uns dois ou três ou mesmo cinco Clubes irão todos eles ter a quantidade mínima de associados que contribuam para fazer da FPA uma federação verdadeiramente representativa do Movimento Autocaravanista de Portugal? E as quotizações que aufiram serão suficientes para trazer os tais dividendos financeiros imprescindíveis para que se atinjam alguns objectivos de política (?) autocaravanista?

Este é um cenário pleno de incertezas e a FPA precisa de algo muito concreto num muito curto espaço de tempo.

Terceiro cenário:

O cenário mais previsível consistirá em passar a aceitar inscrições individuais para obstar à dificuldade bem evidente de criar, mesmo que artificialmente como já foi feito pelos apoiantes da FPA, outros clubes. Mas, esta opção cria um problema de participação institucional na medida em que não seria curial equiparar os votos de associações com os votos de autocaravanistas individualmente considerados.

Possivelmente a FPA foi “beber” a solução na “Fédération Française des Associations et Clubs de Camping-Cars” (FFACCC) que - além dos 23 Clubes “Regionais”, dos 4 Clubes Nacionais e dos 3 Clubes Nacionais de Marcas de Autocaravanas (o que é pouco para um país como a França) – criou um Clube Nacional que agrupa todos os autocaravanistas inscritos individual e directamente nessa federação francesa. Esta solução permite contornar a questão que se colocava com a representatividade do voto individual dos autocaravanistas que se não querem inscrever em qualquer um dos Clubes já existentes, mas, no entanto, levanta outras questões que, de momento, prefiro não abordar.

Não me admiraria que a FPA viesse a plagiar a associação criada pela FFACCC (“Union des Camping Caristes de France” (UCCF-FFACCC)) constituindo a “União dos Autocaravanistas de Portugal” (UAP-FPA).

Não obstante esta opção permitir o apoio e a continuação da existência de Grupos informais de autocaravanistas poderia contribuir igualmente para aglutinar algumas dezenas de anti campistas autocaravanistas e, talvez, TALVEZ, dar algum alento às finanças e ao não-projecto autocaravanista da FPA.


Um não-cenário

Um “não-cenário” seria a FPA enveredar por querer discutir e aprovar Princípios Autocaravanistas que há já muito estão definidos e que são consensuais. 

Mas, as Jornadas podem realmente acabar num “não-cenário” em que o que se analise sejam questões meramente pessoais, incidindo nas pessoas dos Corpos Gerentes da FPA e, muito particularmente, no Presidente da federação. Porque este “não-cenário” seria o que de pior poderia acontecer à FPA só lhe restaria desviar-se do tema criando para o efeito um inimigo. Quando se quer unir diferentes protagonistas que nada ou pouco têm em comum uma das formas de o fazer é encontrar um inimigo que a todos satisfaça. Pelo menos durante algum tempo essa unidade/unicidade negativa fará esquecer a enormidade que foi a constituição da FPA.


O inimigo querido Nº 1

Não se considere que esta estratégia (criação de um inimigo comum) para unir em torno de um objectivo quem não tem objectivos comuns é assim tão sem propósito, No Comunicado 1/2015 da FPA já esteve a ser preparada essa opção, embora de forma subtil, ao ser dito que há quem infiltre as instituições e consegue impor a sua vontade às outras dezenas de associados ou ainda que há quem em nome de um apregoado amor ao autocaravanismo, com as suas escrituras vai causando um enorme estrago, talvez irreparável, mas, com um despudor total, nesse mesmo comunicado, pode ler-se que na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (reportando-se especificamente à Comissão de Autocaravanismo) há quem mantem uma situação contra natura e ajuda a dividir o autocaravanismo ou talvez possa ser como que uma sala de espera para poleiros mais altos e remunerados, pois na FPA, diz o comunicado, trabalha-se “pro bono”.


Nunca nenhuma instituição, que saiba, se afirmou tão pela negativa e, o que não acontece na FPA, um DIRIGENTE de qualquer associação sabe sempre apontar um caminho que põe à consideração dos seus pares.

Que caminho para os autocaravanistas quer a FPA? NIM

  



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)


1 comentário: