Imagem do Blogue “peoplecheck”
Acho inúteis as palavras
Acho inúteis
as palavras
Quando o
silêncio é maior
Acho inúteis
as palavras
Quando o
silêncio é maior
Inúteis são os
meus gestos
P'ra te
falarem de amor
Inúteis são
os meus gestos
P'ra te
falarem de amor
Acho inúteis
os sorrisos
Quando a
noite nos procura
Inúteis são
minhas penas
P'ra te falar
de ternura
Acho inúteis
nossas bocas
Quando voltar
o pecado
Acho inúteis nossas
bocas
Quando voltar
o pecado
Inúteis são
os meus olhos
P'ra te falar
do passado
Inúteis são
os meus olhos
P'ra te falar
do passado
Acho inúteis
nossos corpos
Quando o
desejo é certeza
Acho inúteis
nossos corpos
Quando o
desejo é certeza
Inúteis são
minhas mãos
Nessa hora de
pureza
Inúteis são
minhas mãos
Nessa hora de
pureza
António Sousa Freitas (Buarcos, 1 de
Janeiro de 1921 -
Lisboa, 30 de Junho
de 2004), poeta e letrista português,
distinguido com o Prémio Antero de Quental, em 1951, e com o Prémio Camilo Pessanha,
em 1958, e agraciado
com a Comenda
da Ordem do Infante D. Henrique, em 1985, pelo então
Presidente da República Ramalho Eanes.
Nascido em Buarcos, concelho da Figueira
da Foz, a 1 de Janeiro de 1921 (embora no bilhete de identidade constasse
sempre 5 de Janeiro, devido a um atraso no registo), António
de Sousa Freitas iniciou o seu percurso literário durante os tempos de
estudante em Coimbra (1939-1942).
A sua passagem por Coimbra, onde deixou incompleto o curso
de Direito, ficou marcada pelas colaborações no jornal universitário "Via
Latina", pela fundação do jornal humorístico "Poney" e pelas
diversas tertúlias literárias na companhia de figuras como Fernando
Namora, João José Cochofel, Joaquim
Namorado, José Brandão, Pina
Martins, Carlos Oliveira e Álvaro
Feijó.
Foi ainda colaborador pontual da revista "Flama" e
dos jornais "Diário Popular", "Diário de Lisboa", "Século Ilustrado", "Diário do Norte" e "Diário Ilustrado", entre outros.
Em 1940, António Sousa Freitas fez a sua estreia poética com
"Anita", uma colectânea de poemas de amor dedicados à primeira
namorada. Este primeiro livro viria a ser considerado pelo autor como tendo
pouco significado na sua vida literária.
Em 1945 mudou-se para Lisboa, passou depois um ano em Leiria, após o que
regressou à capital, onde se tornou Director de Serviços de Informação Médica
num laboratório de especialidades farmacêuticas, cargo que manteve entre 1951 e
1983.
No âmbito dessa experiência, colaborou no jornal
"Semana Médica" e - em parceria com Jorge Ferreira da Silva - fundou
o jornal "Saúde", pertencente à Sociedade Semana Médica, do qual foi
editor.
Entre 1952 e 1963 colaborou nos programas da Emissora
Nacional, Ouvindo as Estrelas e "Canções de
Portugal", ambos com textos de sua autoria, e nas rubricas "Poetas de
Ontem e de Hoje" e "Escaparate - Novidades Literárias", com
texto e locução a seu cargo, no Rádio Clube Português.
Além da presença na rádio, colaborou com a RTP, tendo ainda
participado em programas publicitários da Robbialac e sido júri de vários
concursos literários, caso dos Jogos Florais da CUF.
Entretanto, a 30 de Junho de 1954, tornara-se beneficiário
da Sociedade Portuguesa de Autores com
o nome de António de Freitas, passando a cooperante a 16 de Maio de 1979.
Enquanto letrista, escreveu canções musicadas pelos
maestros Joaquim Luís Gomes e Nóbrega
e Sousa e interpretadas por artistas como Simone de Oliveira, Maria de Lourdes Resende, Maria Clara, João Maria Tudela, António Calvário, Paulo
Alexandre, Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, João
Braga, Ada de Castro, Maria
da Fé, Sérgio Borges ou Marina Neves.
Na mesma área, integrou vários júris de Festivais da Canção,
com David Mourão-Ferreira, Pedro Homem de Mello e outros nomes
ligados à poesia e à música.
Em 1969, fundou o Gabinete
Português de Medalhística, onde trabalhou com o escultor Cabral Antunes, tendo sido grande
impulsionador do coleccionismo nesta área em Portugal, o que foi
reconhecido tanto por coleccionadores como pelo próprio Estado.
Em 1990, António Sousa Freitas foi homenageado pela Câmara
Municipal da Figueira da Foz por ser o autor da "Canção da Figueira",
tendo sido colocada uma placa com o seu nome no Casino Peninsular daquela
cidade e recebido a Medalha de Mérito, em ouro.
Na sua terra natal, Buarcos, existe também uma rua com o seu
nome.
António Sousa Freitas (que assinou obras literárias também
como A. Sousa Freitas e António de Sousa Freitas), faleceu a 30 de Junho de
2004 no Hospital Pulido Valente. O seu corpo foi
cremado e as cinzas lançadas ao mar que tanto cantara na poesia.
Obras publicadas
O poeta (que se afirmava neo-lírico) publicou as seguintes
obras:
- Anita - 1940
- Abordagem - 1950 (Prémio Antero de Quental)
- Regresso - 1951
- Poemas do Anjo e da Hora - 1952
- Quatro Poemas de Natal - 1954
- Aventura - 1956
- África e Outros Poemas - 1958 (Prémio Camilo Pessanha)
- Para o Amor o Silêncio e Poemas Escolhidos - 1961
- 10 Poemas de Natal - 1964
- Três Contos para o Natal - 1965
- Longa Noite Novo Dia - 1966
- Requiem por Todos Nós - 1967
- Diário para Um Só Dia - 1968
- Natal - 1975
- 10 Vilancetes para o Menino Jesus - 1980
- Longa Noite Novo Dia - 1982 (Título que inclui diversos livros do autor sobre o Natal)
- Novamente Aventura - 1994 (Antologia com poemas seleccionados de obras anteriores)
Sem comentários:
Enviar um comentário