quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O poder popular chegou à FPA!



Imagem do blogue “Homar mandinga


O PODER POPULAR CHEGOU À FPA


Até aqui concordo

Em 31 de Janeiro de 2015 fui mais uma vez surpreendido com um Comunicado da FPA (ver AQUI).

Principia o Comunicado da FPA por afirmar que existe uma “ (…) falta de sentido associativo que predomina entre os autocaravanistas”. Embora de forma diferente também tenho afirmado que existe uma falta de sentido associativo que predomina entre a MAIORIA dos autocaravanistas. Tenho, no entanto, a bem da verdade, que distinguir entre os autocaravanistas que utilizam a autocaravana APENAS como um material destinado à prática do campismo e os que a utilizam como uma forma de APENAS fazerem turismo. Os primeiros são por norma gregários; os segundos mais individualistas. Claro que estas distinções não podem ser entendidas em termos absolutos, mas se assim o classifico é para uma maior e melhor compreensão.

E com esta ideia base, que consta do Comunicado da FPA, extingue-se a minha concordância, pois as restantes considerações não dignificam uma instituição que se diz a “ (…) única instituição que representa, em exclusivo, o autocaravanismo em Portugal”.


Mais um comunicado de lamentações

A FPA que diz que representa em exclusivo o autocaravanismo nunca, que seja público, divulgou o que define como autocaravanismo. Seria muito importante que o fizesse para que não subsistissem dúvidas a que tipo de autocaravanismo se está a referir. Contudo, qualquer que seja a definição que faça estará sempre a excluir autocaravanistas que não se revejam nessa muito específica definição porque, mesmo que alguns sejam abrangidos parcialmente pela definição, só essa parte abrangida será “defendida” pela FPA.

Exemplificando: Um autocaravanista que se considere também campista, se a FPA excluir da definição essa opção, não estará a assumir a defesa dos direitos, interesses e regalias desse Companheiro Autocaravanista, nessa muito especifica vertente.

É por isso que a FPA não consegue (?), pelo menos até hoje, definir o que entende como autocaravanismo e exclui, à partida, do âmbito da respectiva actuação, os Companheiros Autocaravanistas que se assumem em todas as vertentes do autocaravanismo. É por isso que entidades como a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” são as verdadeiras representantes do autocaravanismo em Portugal, porque aglutinam (não excluem) todas as vertentes do autocaravanismo, acolhendo todos os Companheiros Autocaravanistas de idêntica forma.


A culpa não é minha, grita a FPA

Mas, qual é o diagnóstico, segundo a FPA, desta doença do autocaravanismo?

Como o autocaravanismo se não concretiza sem autocaravanistas há que deduzir que a doença tem origem nas pessoas, nos Companheiros Autocaravanistas.

Vejamos:

Primeiro, porque muitos são uns “mandriões” (diz a FPA) que nem sequer (digo eu) querem preencher um papel para se inscreverem numa qualquer associação. Como se fosse a inércia a responsável pela falta de sentido associativo.

Segundo, porque (diz a FPA) devido à atitude negativa de alguns que infiltram as instituições e conseguem impor a sua vontade às outras dezenas de associados. A FPA continua a querer arranjar culpados que justifiquem as suas próprias incapacidades e não hesita em considerar como “Maria-vai-com-as-outras” dezenas de associados das instituições que, segundo a FPA, estão infiltradas por meia dúzia de perigosos activistas.

Terceiro, porque (diz a FPA) andam por aí alguns (não será algum?) que escrevem uns textos arrevesados que vão causando um enorme estrago que talvez não seja reparável. Sem pretender ser bruxo e muito menos modesto estou convicto que um desses que a FPA refere sou eu. Até é possível que seja o único. Se assim for, quero agradecer à FPA atribuir-me um poder e uma influência que não sinto que tenha. Contudo, quando uma Federação atribui os insucessos da respectiva política autocaravanista a uma pessoa individualmente considerada o melhor que tem a fazer é fechar a porta. Com esta explanação a FPA demonstra que não deixou de ter, porque nunca teve, um comportamento institucional.


É preciso ter lata!

No Comunicado, lamenta-se, a FPA que não haja “ (…) uma contestação eficaz, resultante da pulverização dos autocaravanistas e das suas poucas instituições oficiais (…) ”. É preciso ter lata! A FPA que foi criada em segredo, quase de forma conspiratória e promoveu o divisionismo no seio dos autocaravanistas vem, agora, criticar a pulverização dos mesmos autocaravanistas.


Uma palavra sobre as “Jornadas Autocaravanistas”

A estagnação associativa da FPA, que tem múltiplas origens, obriga os respectivos dirigentes e as três únicas associações que a constituem desde a fundação há mais de três anos, a procurarem caminhos alternativos, que até podem passar por encontrar nichos de “mercado” (leia-se autocaravanistas individualmente considerados) para proverem a sustentação política e económica da FPA ou seja, para a ressuscitarem. Mas, possivelmente, em novos moldes, olvidando o provérbio popular que diz “o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita”.

A FPA e os seus três ÚNICOS sócios (CAS, CAI e Gardingo) assumem, assim, o desastre que foi a criação da própria FPA ao convocar os que até hoje se recusam a integrar a FPA e, também, os grupos que não têm personalidade jurídica, (que sem regras de funcionamento interno, não podem ser consideradas entidades com representação democrática), para participarem no que pomposamente é chamado de “Jornadas Autocaravanistas”. Para quê? Para que digam à FPA o que deve fazer. A FPA vai passar a seguir, não o que os seus legítimos sócios em Assembleias estatutária e democraticamente convocadas deliberarem, mas o que uma comissão de redacção concluir das diversas intervenções que vierem a ser feitas nessas ditas Jornadas. E tudo na esperança de salvar a FPA.

Na Assembleia Geral da FPA, que se vai realizar no próprio dia em que tem lugar estas anunciadas Jornadas Autocaravanistas, os três únicos sócios da FPA terão certamente tempo para se interrogarem sobre o que fazem ali. A FPA que esses três únicos sócios criaram (erradamente) já não consegue sair sozinha do “buraco” em que se encontra e, depois da decisão de transformarem umas Jornadas numa Assembleia Popular com caracter deliberativo, não restam dúvidas que a FPA já passou do sonho ao pesadelo.

O poder popular chegou à FPA!



NOTAS: 
  • O autor não pretende denegrir o conceito político de Poder Popular, mas tão só enfatizar a alteração de paradigma da FPA necessário para a sobrevivência desta. 

  • Brevemente as “Jornadas Autocaravanistas” e as iniciativas desesperadas para salvar a FPA serão de novo abordadas.



(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) –  AQUI)


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