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O PODER POPULAR CHEGOU À
FPA
Até aqui concordo
Em 31 de Janeiro de 2015 fui mais uma vez surpreendido com um
Comunicado da FPA (ver AQUI).
Principia o Comunicado da FPA por afirmar que existe uma “ (…)
falta de
sentido associativo que predomina entre os autocaravanistas”. Embora
de forma diferente também tenho afirmado que existe uma falta de sentido associativo
que predomina entre a MAIORIA dos
autocaravanistas. Tenho, no entanto, a bem da verdade, que distinguir entre os
autocaravanistas que utilizam a autocaravana APENAS como um material destinado
à prática do campismo e os que a utilizam como uma forma de APENAS fazerem
turismo. Os primeiros são por norma gregários; os segundos mais
individualistas. Claro que estas distinções
não podem ser entendidas em termos absolutos, mas se assim o classifico é para
uma maior e melhor compreensão.
E com esta ideia base, que consta do Comunicado da FPA,
extingue-se a minha concordância, pois as restantes considerações não
dignificam uma instituição que se diz a “ (…) única instituição que representa, em
exclusivo, o autocaravanismo em Portugal”.
Mais um comunicado de
lamentações
A FPA que diz que representa em exclusivo o autocaravanismo
nunca, que seja público, divulgou o que define como autocaravanismo. Seria
muito importante que o fizesse para que não subsistissem dúvidas a que tipo de autocaravanismo
se está a referir. Contudo, qualquer que seja a definição que faça estará
sempre a excluir autocaravanistas que não se revejam nessa muito específica definição
porque, mesmo que alguns sejam abrangidos parcialmente pela definição, só essa
parte abrangida será “defendida” pela FPA.
Exemplificando: Um autocaravanista que se considere também
campista, se a FPA excluir da definição essa opção, não estará a assumir a
defesa dos direitos, interesses e regalias desse Companheiro Autocaravanista,
nessa muito especifica vertente.
É por isso que a FPA não consegue (?), pelo menos até hoje,
definir o que entende como autocaravanismo e exclui, à partida, do âmbito da
respectiva actuação, os Companheiros Autocaravanistas que se assumem em todas
as vertentes do autocaravanismo. É por isso que entidades como a “Associação Autocaravanista de Portugal – CPA” são as verdadeiras
representantes do autocaravanismo em Portugal, porque aglutinam (não
excluem) todas as vertentes do autocaravanismo, acolhendo todos os Companheiros
Autocaravanistas de idêntica forma.
A culpa não é minha, grita
a FPA
Mas, qual é o diagnóstico, segundo a FPA, desta doença do
autocaravanismo?
Como o autocaravanismo se não concretiza sem
autocaravanistas há que deduzir que a doença tem origem nas pessoas, nos
Companheiros Autocaravanistas.
Vejamos:
Primeiro, porque
muitos são uns “mandriões” (diz a FPA) que nem sequer (digo eu) querem
preencher um papel para se inscreverem numa qualquer associação. Como se fosse
a inércia a responsável pela falta de sentido associativo.
Segundo, porque
(diz a FPA) devido à atitude negativa de alguns que infiltram as instituições e
conseguem impor a sua vontade às outras dezenas de associados. A FPA continua a
querer arranjar culpados que justifiquem as suas próprias incapacidades e não
hesita em considerar como “Maria-vai-com-as-outras” dezenas de associados das
instituições que, segundo a FPA, estão infiltradas por meia dúzia de perigosos activistas.
Terceiro, porque (diz
a FPA) andam por aí alguns (não será algum?) que escrevem uns textos
arrevesados que vão causando um enorme estrago que talvez não seja reparável.
Sem pretender ser bruxo e muito menos modesto estou convicto que um desses que
a FPA refere sou eu. Até é possível que seja o único. Se assim for, quero
agradecer à FPA atribuir-me um poder e uma influência que não sinto que tenha.
Contudo, quando uma Federação atribui os
insucessos da respectiva política autocaravanista a uma pessoa individualmente
considerada o melhor que tem a fazer é fechar a porta. Com esta explanação
a FPA demonstra que não deixou de ter, porque nunca teve, um comportamento
institucional.
É preciso ter lata!
No Comunicado, lamenta-se, a FPA que não haja “ (…) uma contestação
eficaz, resultante da pulverização dos autocaravanistas e das suas poucas instituições
oficiais (…) ”. É preciso ter
lata! A FPA que foi criada em segredo, quase de forma conspiratória e
promoveu o divisionismo no seio dos autocaravanistas vem, agora, criticar a
pulverização dos mesmos autocaravanistas.
Uma palavra sobre as “Jornadas
Autocaravanistas”
A estagnação associativa da FPA, que tem múltiplas origens,
obriga os respectivos dirigentes e as três únicas associações que a constituem
desde a fundação há mais de três anos, a procurarem caminhos alternativos, que
até podem passar por encontrar nichos de “mercado” (leia-se autocaravanistas
individualmente considerados) para proverem a sustentação política e económica
da FPA ou seja, para a ressuscitarem. Mas, possivelmente, em novos moldes,
olvidando o provérbio popular que diz “o que torto nasce, tarde ou nunca se
endireita”.
A FPA e os seus três ÚNICOS sócios (CAS, CAI e Gardingo)
assumem, assim, o desastre que foi a criação da própria FPA ao convocar os que até
hoje se recusam a integrar a FPA e, também, os grupos que não têm personalidade
jurídica, (que sem regras de funcionamento interno, não podem ser consideradas entidades
com representação democrática), para participarem no que pomposamente é chamado
de “Jornadas Autocaravanistas”. Para quê? Para que digam à FPA o que deve
fazer. A FPA vai passar a seguir, não o que os seus legítimos sócios em
Assembleias estatutária e democraticamente convocadas deliberarem, mas o que
uma comissão de redacção concluir das diversas intervenções que vierem a ser
feitas nessas ditas Jornadas. E tudo na esperança de salvar a FPA.
Na Assembleia Geral da FPA, que se vai realizar no próprio
dia em que tem lugar estas anunciadas Jornadas Autocaravanistas, os três únicos
sócios da FPA terão certamente tempo para se interrogarem sobre o que fazem
ali. A FPA que esses três únicos sócios criaram (erradamente) já não consegue
sair sozinha do “buraco” em que se encontra e, depois da decisão de
transformarem umas Jornadas numa Assembleia Popular com caracter deliberativo,
não restam dúvidas que a FPA já passou do sonho ao pesadelo.
O poder popular chegou à FPA!
NOTAS:
- O autor não pretende denegrir o conceito político de Poder Popular, mas tão só enfatizar a alteração de paradigma da FPA necessário para a sobrevivência desta.
- Brevemente as “Jornadas Autocaravanistas” e as iniciativas desesperadas para salvar a FPA serão de novo abordadas.
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do
Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o
autocaravanismo (e não só) – AQUI)
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