quinta-feira, 28 de abril de 2016

O SUBVERSIVO - Pesadelo infernal


                              QUARTO DO REI                    QUARTO DO PRESIDENTE


O SUBVERSIVO

3ª PARTE


Uma tragicomédia em 3 Actos que fala das venturas e desventuras do Carrocismo de antanho, uma obra teatral e só comparada com as representações da Grécia antiga, de natureza orgiástica, equiparada com as atribuídas a Gil Vicente, pai do teatro em Portugal e indiscutivelmente inspirada nos mui célebres escritos de William Shakespeare, o mais influente dramaturgo do mundo

Dada a extensão da peça, equivalente às epopeias clássicas, como a de Xenofonte (A retirada dos dez mil), a de Homero (A Odisseia) e a de Camões (Os Lusíadas), a mesma é apresentada em 3 sessões distintas.

A capacidade desta obra pode também medir-se pelas caracteristicas psicológicas das personagens que se encadeiam num jogo de interesses que nos prende à cena desde as primeiras pancadas de Moliére até ao cair do pano.

PERSONAGENS (por ordem alfabética): 1º Representante do Povo, 2º Representante do Povo, Auxiliar Administrativo, Cérebro Sorridente, Narrador, Pajem, Presidente, Príncipe dos Carroceiros, Príncipe que Gostava do Rei Anterior, Rei, Representante da Nobreza e Representante do Clero.

FIGURANTES (por ordem alfabética): 9 Clientes nas Mesas da Taverna, 1 Criada das Mesas da Taverna, 1 Filha do Rei, 1 Filho do Rei, 2 Representantes da Nobreza, 4 Representantes da República, 2 Representantes do Clero, 25 Representantes do Povo e 1 Taberneiro.

Se quiser acreditar, acredite. Se não quiser, não acredite. Tanto se me dá, como se me deu. Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. Se tiver dúvidas guarde-as para si e seja feliz.


(Imagem do Blogue “FashionBubbles”)


TEATRO


O SUBVERSIVO

3º ACTO


(Abre o pano. Cortina negra à boca de cena. Holofote focado sobre o centro do palco onde se encontra o NARRADOR)


NARRADOR – A defesa dos interesses dos Carroceiros do reino “Fazer Cá Muito Pouco” e da república “Fazer Pouco Agora” não deverá passar pela intervenção activa dos mesmos?


(O NARRADOR retira-se para o lado esquerdo da boca de cena. A cortina negra sobe e as luzes iluminam o palco que está dividido em duas partes distintas. Cada uma partes em que o palco se divide representa um quarto onde dorme, no da esquerda, na cama o rei do “Fazer Cá Muito Pouco” e no da direita, na cama o presidente do “Fazer Pouco Agora”. Ambas as personagens soltam um grito e sentam-se na respectiva cama, muito agitados. Para o quarto do rei entram em alvoroço, rodeando a cama, o Príncipe que Gostava do Rei Anterior, o Príncipe dos Carroceiros, o filho do rei, a filha do rei, o Representante da Nobreza e o Representante do Clero. Para o quarto do presidente entram em alvoroço, rodeando a cama, o Cérebro Sorridente e os 4 Representantes do “Fazer Pouco Agora”)

(O Quarto do presidente fica sem luz e todas as personagens nesse quarto ficam imóveis)


REI – Tive um sonho!


REPRESENTANTE DA NOBREZA – Um sonho ou um pesadelo, Majestade?


REI – Sei lá! Sonhei que o meu filho adoptivo, o “Príncipe que Gostava do Rei Anterior” e o meu filho “Príncipe dos Carroceiros” tinham tido uma reunião com a república “Fazer Pouco Agora” e feito um acordo que o “Subversivo” está a divulgar. Um acordo que deveria ser secreto até à realização das próximas cortes. Estou desgraçado! Vou ser deposto e mandado para o exílio, para junto do meu “Real Antecessor” (Num aparte para o público) Sabem se ele joga xadrez?


REPRESENTANTE DO CLERO – Majestade, não estejais preocupado, porque tudo não passou de um sonho. A reunião que Vossa Majestade ordenou que o “Príncipe que Gostava do Rei Anterior” e o “Príncipe dos Carroceiros” preparassem ainda se não realizou.


REI – Não?! Ainda não?


PRÍNCIPE QUE GOSTAVA DO REI ANTERIOR – Não Majestade, ainda não teve lugar. Mas por culpa do “Príncipe dos Carroceiros” que deixa sempre tudo para o fim.


(O Quarto do rei fica sem luz e todas as personagens nesse quarto ficam imóveis; acende-se a luz do quarto do presidente e as personagens deixam de estar imóveis)


PRESIDENTE – Tive um sonho!


CÉREBRO SORRIDENTE – Um sonho ou um pesadelo, Excelência?


PRESIDENTE – Sei lá! Sonhei que tinha havido uma reunião com o reino “Fazer Cá Muito Pouco” e sido feito um acordo que o “Subversivo” está a divulgar. Um acordo que deveria ser secreto até à realização das próximas eleições. Estou desgraçado! Não vou ser eleito e vou passar ao esquecimento (Num aparte para o público) Sabem se o rei do “Fazer Cá Muito Pouco” joga xadrez?


CÉREBRO SORRIDENTE – Excelência, não estejais preocupado, porque tudo não passou de um sonho. A reunião que o rei do “Fazer Cá Muito Pouco”ordenou que se fizesse ainda se não realizou.


PRESIDENTE – Não?! Ainda não?


CÉREBRO SORRIDENTE – Não Excelência, ainda não teve lugar. Mas por culpa do “Príncipe dos Carroceiros” que deixa sempre tudo para o fim.


(As luzes dos dois quartos estão agora totalmente acessas e todas as personagens em cena ficam estáticas. Em simultâneo, da esquerda e da direita da boca de cena correm respectivamente para o rei e para o presidente, um pajem e um auxiliar administrativo, ambos ostentando uma folha de papel gigantesca)


PAJEM e AUXILIAR ADMINISTRATIVO – (Gritam em uníssono) Alvissaras, Alvissaras. Recompensa, Recompensa. São as últimas do “Subversivo”: A discriminação negativa das carroças, tipóias e carruagens! As promessas que o rei não cumpre! O faz de conta do presidente!


(Movendo-se como que num bailado o rei e presidente, seguidos de todas as personagens em palco, deslocam-se para a boca de cena e voltados para o público gesticulam, fingindo ler os textos das folhas gigantescas de papel. Ao longe começa a ouvir-se o som libertador do Hino dos Carroceiros. Rei e presidente começam a rasgar loucamente as folhas de Papel gigante e pulam desengonçadamente sobre os papéis rasgados. O Hino dos carroceiros atinge o apogeu e silência-se quando o pano desce.)


(O NARRADOR dirige-se para o centro do palco e um holofote incide sobre ele)


NARRADOR – Não permitir que os sonhos do rei e do presidente sejam uma realidade não é mister de um qualquer subversivo. Os subversivos podem alertar para as realidades de políticas erradas, mas alterar essas políticas e as consequências das mesmas só pode ser conseguido com o empenho dos Carroceiros.

Senhoras e Senhores, o que vistes compete-vos, a vós e só a vós, ajuizar. Será verdade? Será mentira? Será um sonho? Será fruto da imaginação?...


FIM DO 3º E ÚLTIMO ACTO


O 1º Acto de “O SUBVERSIVO”, tragicomédia em 3 actos, ainda pode visto AQUI

O 2º Acto de “O SUBVERSIVO”, tragicomédia em 3 actos, ainda pode visto AQUI


(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)






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