quinta-feira, 7 de abril de 2016

PRÁXIS


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PRÁXIS







Não estou escrevendo sobre as ideias de outrem, mas sim sobre as minhas… Depende de mim o ministrar-me outros olhos, depende o munir-me de diferentes ideias? Não. De mim depende, isso sim, o não me aferrar ao meu parecer, não me julgar mais ajuizado do que toda a gente; depende de mim, não o mudar de opinião, mas sim desconfiar da opinião que tenho: eis tudo quanto posso fazer e de facto faço. Se tomo… o tom afirmativo não é para me impor às pessoas que lerem: é para lhes falar assim como penso. Por que proporia sob forma dubitativa aquilo que em minha consciência não duvido? Digo o que se passa no meu espírito.

Emílio Rousseau




A Participação do Autocaravanismo

(Na NAUTICAMPO)

Não obstante a presença do CPA na NAUTICAMPO já remontar ao ano 2000, tanto quanto é do meu conhecimento a primeira actividade pública na NAUTICAMPO acerca de autocaravanismo teve lugar em 2009 com um colóquio promovido pela FCMP e pelo CPA e subordinado a quatro temas: “Autocaravanismo na Europa”, “O novo regime jurídico dos parques de campismo privativos associativos com especial incidência no novo regime jurídico do autocaravanismo”, “A importância do representante oficial de marca na distribuição de caravanas e autocaravanas” e “Os Clubes e o Autocaravanismo em Portugal”.

Em 2010 a NAUTICAMPO não se realizou, mas em 2011 de novo a FCMP promoveu um colóquio organizado pelo CPA e pelo ACP com a colaboração da ACAP e em que de novo o autocaravanismo foi o tema central através dos seguintes apontamentos: “Portugal Tradicional similar, em Portugal, ao France Pasion, em França”, “Condução específica de uma autocaravana”, “Uma experiência pessoal na utilização de uma autocaravana”, “O Campista Autocaravanista e o condutor de uma autocaravana” e a “Apresentação do livro “Férias Portáteis””.

Na NAUTICAMPO 2012 o CPA manteve a “tradição” de promover um colóquio abordando o tema “Pelo direito ao autocaravanismo - Estacionamento de Autocaravanas nos espaços públicos” que incidiu sobre “Pedagogia Autocaravanista”, “Estacionar e Acampar em Autocaravana” e “Discriminação negativa”.

Em 2013 e 2014 a NAUTICAMPO não se realizou.

Em 2015, contrariamente ao que já vinha sendo habitual na NAUTICAMPO a FCMP não abordou a temática autocaravanista na sessão informativa que promoveu, limitando-se a anunciar a realização do 27º Acampamento Nacional e do 13º Acampamento Ibérico. No seguimento dessa sessão informativa também o Presidente da FICC deu a conhecer a realização em Portugal do 84º FICC International Rally e recordou que o Camping Card International tinha incorporado um Seguro de Responsabilidade Civil que abrangia o respectivo portador desde que ele saía da residência habitual até ao regresso e tinha efeitos em qualquer local, fosse num Parque de Campismo, numa Área de Serviço de Autocaravanas ou num hotel.

Já o CPA, na NAUTICAMPO 2015, além de anunciar publicamente o Projecto “Welcome Friendly Place” que se destina, junto da comunidade autocaravanista, nacional e internacional, a promover os Concelhos (que não pratiquem discriminação negativa) e Regiões Turísticas onde o autocaravanismo é reconhecido como uma actividade de interesse, também se solidarizou com o Projecto “Portugal Tradicional” em que foi definida uma política de desenvolvimento turístico, em muito virada para o autocaravanismo, com base na divulgação dos produtos tradicionais portugueses.

Contudo, o ponto alto da intervenção do CPA na NAUTICAMPO 2015 foi a realização de um colóquio / tertúlia subordinado ao tema "Turismo em Autocaravana – Uma forma de viajar" no qual as experiências de três autocaravanistas, convidados para no âmbito das suas visões pessoais abordarem as viagens em autocaravana, incidindo essencial e respectivamente sobre “Destinos improváveis”, “Para onde a vontade nos leva” e “Programar e preparar a viagem é já viajar”.


A FPA, a FCMP e o CPA são, ao que sei, as únicas entidades relacionadas com o turismo de ar livre que vão estar presentes na NAUTICAMPO 2016.




Autocaravanismo – uma Forma de Turismo

(E o pedestrianismo? Não pode ser uma forma de turismo?)

A FPA vai, pela primeira vez, promover um colóquio subordinado ao tema “Autocaravanismo - uma forma de turismo” e sobre o qual APENAS se sabe, por amabilidade informativa do CAS, que um dos oradores (haverá mais?) é o Presidente da Câmara Municipal de Mafra, concelho que ainda não há relativamente pouco tempo tinha, na Ericeira, sinais de trânsito proibindo o estacionamento exclusivamente a autocaravanas. Quero acreditar que esses sinais já foram retirados e, alegadamente devido a isso e ao facto de a Câmara Municipal ter cedido (e bem) instalações para a sede social do CAS (clube filiado na FPA), se tenha convidado o autarca a intervir nesse colóquio.

O tema do colóquio não me parece que seja o melhor escolhido tendo em atenção que os temas mais relevantes para os autocaravanistas se prendem com a discriminação negativa de que são vitimas. No entanto, é compreensível a necessidade de escolher este tema devido à recente filiação da FPA na Associação Nacional de Turismo, entidade alegadamente participante, directa ou indirectamente, na Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na Região do Algarve” que é da responsabilidade directa da CCDR-Algarve que promove a discriminação negativa dos veículos autocaravanas.

(Poder-se-à contrapor que o CPA na NAUTICAMPO 2015 também abordou a questão do autocaravanismo numa perspectiva lúdica. Não se confunda uma ASSOCIAÇÃO DE BASE – que até tem mais intervenção na política autocaravanista que a FPA – com uma FEDERAÇÂO cujas prioridades devem ser substancialmente diferentes e deve deixar os aspectos lúdicos para as associações de base, não sendo concorrencial com elas.)




O Passado e o Futuro do Autocaravanismo

(Não cumprem promessas passadas e querem falar de futuro)

Já a FCMP perante as criticas justificadas do não cumprimento dos compromissos eleitorais dos actuais dirigentes, da não publicação do Projecto estrutural de Áreas de Serviço e da não divulgação dos Parques de Campismo e das Áreas de Serviço existentes em Portugal, deve ter sentido a necessidade de publicamente demonstrar interesse pelo autocaravanismo trazendo a debate o tema “O Passado e o futuro do autocaravanismo”.

(Recordo que o Colóquio que vai ser promovido pela FCMP na NAUTICAMPO se verifica um ano depois do Colóquio / Encontro da FCMP “O Autocaravanismo e a Sociedade” que se realizou em Salvaterra de Magos e em que foi objectivamente analisado “O estacionamento do veículo autocaravana, o Código da Estrada e as Posturas Municipais” e “Que necessidade de legislação e que ética autocaravanista?”. Não obstante os compromissos assumidos nesse colóquio por diversas entidades os dirigentes da FCMP remeteram-se a um silêncio que deve ser explicado.)

Os oradores anunciados para intervirem no colóquio promovido pela FCMP merecem-me todo o respeito, sem que tal, porém, signifique concordância antecipada com as intervenções que vão fazer. Mas, falar sobre o PASSADO e o FUTURO do autocaravanismo não se pode deixar de passar por se falar do PRESENTE, pois o que HOJE se fizer (ou o que se não fizer), em relação ao autocaravanismo, reflectir-se-à no futuro. Falar do passado e do futuro do autocaravanismo não deve servir para intervenções sem conteúdo ou em aspectos culturais, lúdicos e/ou turísticos (por muito importantes que sejam – e são) que escamoteiem o cerne das questões que se colocam ao Movimento Autocaravanista de Portugal.

(A FCMP, o ACP e a FICC apoiam uma Declaração de Princípios em que se afirmam contra a discriminação negativa do veículo autocaravana relativamente a veículos de igual gabarito; a FCMP assume no respectivo Portal que no âmbito da actividade autocaravanista “Existem Leis da República bastantes para que esta matéria não necessite de mais Legislação”; o ACP, pela voz do respectivo Presidente, no colóquio de Salvaterra de Magos acima referido, disponibilizou-se para junto dos poderes públicos obstar a que se não continuassem a verificar uma discriminação negativa e infundada dos veículos autocaravanas; a FICC, por sua vez, já demonstrou a importância que dá ao autocaravanismo com a alteração da respectiva denominação social e do símbolo, tendo adicionado o vocábulo “autocaravanismo” ao nome e a imagem de uma “autocaravana” ao emblema.)

Aguardemos, portanto, que as intervenções dos oradores emerjam da NAUTICAMPO 2016 para as redes sociais, para os órgãos de comunicação virtual, para que TODOS, não só os que marcarem presença no auditório, no colóquio, possam aprender e reflectir sobre “O passado e o futuro do Autocaravanismo”, as ideias (diferentes ou iguais) que projectarem e, sobre tudo, divulgarem os compromissos que assumirem ou que instarem a FCMP a assumir, para obstar a que a discriminação negativa do veículo autocaravana prossiga.







A História do CPA

(também)

é a História do Autocaravanismo

O CPA, este ano, além de estar directamente representado num “stand”, tudo leva a supor que decidiu não implementar nenhuma actividade suplementar na NAUTICAMPO. Não concordo com a decisão dos respectivos dirigentes, mas compreendo que indo a FCMP, onde o CPA está federado, organizar um colóquio, os directores do CPA possam ter considerado que um excesso de colóquios (a FPA também organiza um) pudesse resultar contraproducente.

O CPA teve um procedimento, que o futuro dirá se foi o melhor, com vista à salvaguarda do bem-estar dos autocaravanistas, mas poderemos dizer que a FCMP defendeu da melhor forma o direito à informação dos autocaravanistas?

Para intervir sobre O PASSADO E O FUTURO do autocaravanismo em Portugal mandava a coerência que fosse convidado um representante indicado pelo CPA, pois tal como no plano do automobilismo (a autocaravana é um “automóvel”) a participação do ACP é indiscutível, tal como no âmbito do autocaravanismo internacional se justifica a inclusão da FICC, a presença do CPA no contexto do autocaravanismo é incontornável. Neste colóquio, com este tema, o afastamento do CPA é criticável.

Poder-se-à perguntar, porque deveria ser o CPA intervir sobre O PASSADO E O FUTURO e não qualquer outra associação filiada na FCMP e essencialmente vocacionada para o autocaravanismo? Porque o CPA, que tem um passado de mais de 25 anos de existência e que nasceu no seio da FCMP, antecipou a importância futura do autocaravanismo ao constituir-se, na época, como um Clube de Autocaravanas, integrado exclusivamente por campistas. Mas, não menos importante, é porque, acompanhando O PASSADO do autocaravanismo tem sido o CPA a fazer a história desta actividade em Portugal e a influenciar decisivamente O FUTURO.

Assim, como que para se falar do passado do automobilismo em Portugal não se pode deixar de referir o ACP (ele próprio história do automobilismo), para se falar do PASSADO E DO FUTURO do autocaravanismo em Portugal é incontornável não haver referências ao CPA. Os dirigentes da FCMP esqueceram-se que a história do autocaravanismo em Portugal é, também, a história do CPA.





Faço votos para que os objectivos que eventualmente se preconizem na NAUTICAMPO 2016 no Colóquio da FCMP não sejam contrários aos que resultaram do colóquio de Salvaterra de Magos, realizado ainda há um ano e que, se possível, além de os melhorarem substancialmente, sejam mais do que apenas reflexões, promovendo a acção que transformará o autocaravanismo, a acção que acabará com a discriminação negativa do veículo autocaravana.



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Parar. Parar não paro.
Se a coerência custa caro,
Eu pago o preço.

(Citação livre de Sidónio Muralha)
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(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo (e não só) - AQUI)


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