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obtida no espaço virtual de “Pinterest”
SOU
CRITICADO SEMPRE QUE FAÇO ISTO
Há
uns dias vi no facebook uma foto semelhante à que acima reproduzo e
com um comentário que dizia mais ou menos o seguinte: Sou
criticado sempre que faço isto.
A
imagem e o comentário, que eram apoiados com os “gostos” de umas
3 dezenas de pessoas, pretenderiam passar a mensagem de que acampar
no espaço público era um direito e que ninguém deveria ser
criticado por isso.
Realmente...
quem é que não gosta de parar a autocaravana mum local belo,
acolhedor, abrir o toldo, colocar a mesa e as cadeiras no exterior e
ir fazendo um belo assado enquanto bebe um moscatel fresquinho? E
quem é que já não o fez pelo menos uma vez? (Rima e é verdade).
Imaginemos
que todos os 6000 autocaravanistas portugueses e os muitos milhares
de autocaravanistas estrangeiros que anualmente nos visitam,
acampavam nos espaços públicos. Imaginemos também, como muitos já
o fazem, que nos quedavamos no mesmo local durante, uma ou duas
semanas. Então, como resolver a questão sanitária em todos os
espaços públicos? As ligações a esgotos, os pontos de água, os
caixotes de lixo e, obviamente, a manutenção de tudo isto. Imaginam
a logistica que seria necessária? Poder-se-à argumentar que os
autocaravanistas são pessoas responsáveis, logo guardariam o lixo
de duas semanas na autocaravana, despejariam a sanita química em
caixas plásticas que guardariam no porão e não
se lavariam para não desperdiçarem água e por, obviamente, não terem local
para depois a despejarem. Mas, alguém de bom senso acredita que
seria assim?!
Já
me esquecia!... Há quem argumente que as Áreas de Serviço para Autocaravanas podem resolver todas estas necessidades. Aquelas que os Munícipios
implementam e onde, no presente real, não imaginário, as autocaravanas
podem ESTACIONAR. Eu disse ESTACIONAR. Não disse ACAMPAR. Acampar
nesses equipamentos municipais é uma apropriação indevida de
alguns em detrimento de outros. É que não há àreas que cheguem para todos. É por isso, embora não esteja
universalmente regulamentado, que em muitas Áreas de Serviço,
enquanto equipamentos municipais, é aconselhado não permanecer mais que 72 horas.
Pronto!
Já sei que me vão dizer que em muitas Áreas de Serviço é
possível acampar. Não conheço nenhuma Área de Serviço, enquanto equipamento municipal, em que seja permitido acampar. E se as
houver não estão em conformidade com a legislação existente. O
que conheço são Parques de Campismo exclusivos para Autocaravanas,
criados ao abrigo de legislação específica, em que, como se faz em qualquer Parque de Campismo, é permitido acampar.
Li,
há já uns dias, nas “redes sociais”, que em Porto Covo tinha
sido proibida a circulação de veículos autocaravanas em muitos
arruamentos e encerrada a Área de Serviço (?) existente. Porque
terá sido?!
Há
alguns anos os autocaravanistas estacionavam (e a maior parte
acampava) junto ao mar, à saída de Porto Covo e nas arribas
próximas. Como era resolvida a questão sanitária? Mais uma vez imaginem! As
entidades públicas terão então considerado que a situação, que se deteorava
progressivamente, se não podia manter. Logo, sem discriminarem
negativamente as autocaravanas, proibiram TODOS os veículos com uma
altura acima de determinada medida de estacionarem nesses locais. Improvisaram, então,
num largo quase no centro da freguesia, num terreno de terra batida,
uma Área de Serviço. Um local, como acima referi, que se destinava
ao estacionamento de autocaravanas e onde as mesmas se podiam
abastecer de água e procederem aos despejos. O que se passou então? Quem,
pouco tempo depois por lá passasse, contemplaria um aglomerado de
autocaravanas, toldos abertos se possível, fogareiros preparando os
assados, mesas e cadeiras no exterior, por vezes alguma música e o
mais que a vossa imaginação permita. (Um cenário só de Porto
Covo? Não! Também já vi este cenário junto de muitas praias na
zona norte do País).
Percebe-se
agora porque em Porto Covo surgiram os sinais de trânsito (que não deixam de ser
discriminatórios) que proibem a circulação APENAS às autocaravanas.
E onde estão os protestos dos autocaravanistas que naquela
localidade acampavam? Eu já li o que alguns dizem que vão fazer. Dispôem-se a deixar de ir para Porto
Covo (como forma de protesto) e rumar a outro local onde possam (digo eu) fazer o mesmo que fizeram em
Porto Covo. E de local em local, alegremente, estes
“autocaravanistas” irão criando as situações que suportam a justificação perante a opinião pública das medidas discriminatórias tomadas
pelos munícipios.
O
lamento (Sou criticado sempre que faço isto) de quem
quer fazer campismo no espaço público fez-me sorrir. Afinal não
estou só! Para alguém assim se lamentar é porque já devem ser
muitos os que condenam socialmente atitudes incorrectas, atitudes que
contribuem para prejudicar o Movimento Autocaravanista de Portugal. É
imprescidível que muitos, muitos mais, assumam uma cidadania
responsavel e façam ouvir a sua voz, criticando atitudes
anti-sociais. È absolutamente necessário que as entidades
intervenientes no âmbito do autocaravanismo (como as associações
de autocaravanistas) se pronunciem e denunciem estas atitudes dos
proprietários de autocaravanas tão assertivamente como o fazem (ou
devem fazer) relativamente à condenação da discriminação negativa de que ainda continuam a ser vítimas os veículos autocaravanas.
Acima
de tudo, mais do que a denúncia, mais do que a critica, é preciso
ter uma atitude pedagógica que transforme os proprietários de
autocarvanas em autocaravanistas. E, ser autocaravanista, é tão
simples. Basta assumir o espirito e a letra da Declaração de Princípios.
(O
autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal,
emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo
(e não só) – AQUI)
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