HOUVE QUEM COMEÇASSE COM MENOS
No
dia 30 de novembro estive nas duas Assembleias Gerais do CPA em Quiaios
(Figueira da Foz).
Na
primeira das Assembleias, onde até estive em lugar de destaque por força do
cargo que ainda desempenho, olhando a cerca de meia centena de sócios do CPA
presentes, quase todos acompanhados, não pude deixar de reflectir sobre as
razões que levavam aquelas quase cem pessoas a percorrer muitos e muitos
quilómetros para estarem presentes numa reunião. Estas pessoas disponibilizaram
uma parte do respectivo tempo de vida para, num fim-de-semana, deliberarem,
conjuntamente com outros, sobre o futuro colectivo de uma actividade. Mas, por
muito incrível que pareça, até pagaram para participar. Ninguém lhes prometeu
nada.
Na
segunda das Assembleias Gerais não pude deixar de me admirar com a persistência
dos sócios que aguardaram pacientemente a hora estipulada para exercer o
direito de voto e, também, com o exemplo de todos (muitíssimo poucos) que,
impossibilitados de estar presentes, não quiseram deixar de votar através do
meio que os atuais estatutos permitem: o voto por correspondência.
É
por demais evidente que os associados do CPA são parte constitutiva da
sociedade portuguesa. Ou seja, fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses
não vota; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses protesta e
grita muito, mas se recusa a preencher uma simples folha de um livro de
reclamações; fazem parte da sociedade em que a maioria dos portugueses não usa
o voto como uma forma de mudança e de afirmação do respectivo querer; fazem
parte da sociedade em que a maioria dos portugueses se recusa a assumir
responsabilidades, nem sequer sociais, mas que não hesita em criticar por nada
ser feito e a exigir que se faça, ou, melhor dizendo, que outros façam; fazem
parte da sociedade em que a maioria dos portugueses não participa e não
contribui para o aprofundar da democracia no respectivo círculo de influência.
E
reflectindo sobre tudo isto não pude deixar de olhar com admiração e respeito
aquela meia centena de portugueses, sócios do CPA, que continuam a remar contra
a maré, que continuam a contribuir para a mudança, que continuam a participar mesmo
que apenas numa inocente área associativa ligada ao autocaravanismo. Outros,
nem isso!
(O autor, todas as Quintas-feiras, no Blogue do Papa Léguas Portugal, emite uma opinião sobre assuntos relacionados com o autocaravanismo – AQUI)
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