MORTE DE D. QUIXOTE
Pobres,
gritai comigo:
Abaixo o D.
Quixote
com cabeça de
nuvens
e espada de
papelão!
(E viva o
Chicote
no silêncio
da nossa Mão!)
Pobres,
gritai comigo:
Abaixo o D.
Quixote
que só nos
emperra
de neblina!
(E viva o
Archote
que incendeia
a terra,
mas ilumina!)
Pobres,
gritai comigo:
Abaixo o
cavaleiro
de lança de
soluços
e bola de
sabão
no elmo de
barbeiro!
(E vivam os
nossos Pulsos
que, num
repelão,
hão-de rasgar
o nevoeiro!)
(José Gomes Ferreira – 1900-1985)
José Gomes Ferreira (Porto, 9 de Junho de 1900 - Lisboa, 8 de
Fevereiro de 1985) foi um escritor e poeta português,
filho do empresário e benemérito Alexandre Ferreira e pai do arquitecto Raul Hestnes Ferreira e do poeta Alexandre
Vargas Ferreira.
Nasceu no Porto a 9 de Junho de 1900. Com quatro anos
de idade mudou-se para a capital. O pai, Alexandre Ferreira, era um empresário que se
fixou na actual zona do Lumiar, em Lisboa, tendo doado as suas propriedades para a construção
da Casa de Repouso dos Inválidos do Comércio. José estudou nos liceus
de Camões e de Gil Vicente, com Leonardo
Coimbra, onde teve o primeiro contacto com a poesia. Colaborou
com Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num soneto para
a revista Ressurreição .
A sua consciência política começou a florescer também ela
cedo, sobretudo por influência do pai (democrata republicano). Licencia-se
em Direito em 1924, tendo trabalhado posteriormente como cônsul na Noruega.
Paralelamente seguiu uma carreira como compositor, chegando a ter a sua obra
"Suite Rústica" estreada pela orquestra de David de Sousa.
Regressa a Portugal em 1930 e dedica-se
ao jornalismo.
Fez colaborações importantes tais como nas publicações Presença, Seara Nova, Descobrimento, Imagem, Sr.Doutor, Gazeta
Musical e de Todas as Artes e Ilustração (1926-1975).
Também traduziu filmes sob o pseudónimo de Gomes, Álvaro.
Inicia-se na poesia com o poema Viver sempre também
cansa em 1931,
publicado na revista Presença. Apesar de já ter feito algumas publicações
nomeadamente os livros Lírios do Monte e Longe, foi só em 1948 que começou a
publicação séria do seu trabalho, com Poesia I e Homenagem
Poética a António Gomes Leal (colaboração).
Ganhou em 1961 o Grande Prémio da Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores,
com Poesia III.
Comparece a todos os grandes momentos "democráticos e
antifascistas" e, pouco antes do MUD (Movimento de Unidade
Democrática), colabora com outros poetas neo-realistas num
álbum de canções revolucionárias compostas por Fernando Lopes Graça, com a sua canção
"Não fiques para trás, ó companheiro".
Em 1978 foi projectada em Lisboa pelo seu filho Raul Hestnes Ferreira a Escola
Secundária de Benfica, que viria ser Escola
Secundária de José Gomes Ferreira em sua homenagem.
Tornou-se Sub-Presidente da Associação Portuguesa de Escritores em 1978 e foi
candidato em 1979,
da APU (Aliança Povo Unido), por Lisboa, nas
eleições legislativas intercalares desse ano. Associou-se ao PCP (Partido Comunista Português) em
Fevereiro do ano seguinte. Foi condecorado pelo Presidente Ramalho
Eanes como grande oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada,
recebendo posteriormente o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade.
No ano em que foi homenageado pela Sociedade Portuguesa
de Autores (1983),
foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica. Veio a falecer dois anos
depois, a 8 de Fevereiro de 1985, vítima de uma doença prolongada. Em 1990, o Presidente
da Câmara Municipal de Lisboa, Jorge
Sampaio, descerrou uma lápide de homenagem ao escritor, na Avenida Rio de Janeiro,
sua última morada. Na ocasião discursou o escritor, pintor e amigo de José
Gomes Ferreira, Mário Dionísio.
Fonte: Wikipédia –
A enciclopédia livre
Sem comentários:
Enviar um comentário