FICAMOS À ESPERA
Já se foi o tempo em que um
fio de barba valia a honra empenhada.
(Annaribeiiro)
Compromissos
Muitos de nós aprendemos que o aio de D. Afonso Henriques,
Egas Moniz, se apresentou com a família perante o rei castelhano, D. Afonso
VII, com a vestimenta dos condenados da época, entregando a sua vida e da
família como penhor de promessa feita em nome de D. Afonso Henriques e não
cumprida, ressalvando assim a sua honra.
Embora nos tempos que correm a “cultura da honra” esteja a
desaparecer e a ser substituída pela “cultura da lei” não podemos desvalorizar
os compromissos públicos assumidos por entidades e/ou personalidades sob pena
de as relações humanas se deteriorarem. Em qualquer circunstância, mesmo nos
tempos atuais, quando uma entidade e/ou personalidade assume um compromisso e o
não cumpre é um direito de qualquer cidadão denunciar esse facto e relembrá-lo
sempre que se justificar.
No que ao autocaravanismo respeita, o Programa de
Candidatura (ver AQUI) de TODAS as Listas candidatas aos órgãos estatutários da
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP) que se apresentaram sob
a sigla “Regionalizar
e com as Associadas projectar o Futuro”, é um compromisso público
assumido por todos os candidatos. É, resumindo, o mesmo que darem a “palavra de
honra”, expressão que designa a “promessa que se faz, dando como garantia a
própria honra”
Ser intelectual e politicamente honesto
Note-se, contudo, que não foi apenas o órgão Presidente da
Federação que se candidatou com o acima referido Programa, foram igualmente
todas as restantes Listas candidatas ao abrigo da sigla “Regionalizar e com as Associadas projectar
o Futuro”, ou seja, também os membros dos Conselhos Regionais de
cada uma das Regiões em que a FCMP se organiza, os Delegados à Assembleia
Geral, os membros dos Conselhos Fiscal, de Disciplina, de Justiça e de
Arbitragem e os membros da Mesa da Assembleia Geral. Mesmo os membros da
Direção da Federação, que não são eleitos, mas nomeados pelo Presidente da
Federação, não ignoram qual é o Programa de Candidatura que devem respeitar.
Concluindo: Todos, eleitos ou designados, no âmbito da sigla “Regionalizar e
com as Associadas projectar o Futuro” são corresponsáveis pelo
cumprimento do Programa de Candidatura.
Será intelectual e politicamente honesto que qualquer um dos
candidatos, eleito ao abrigo do Programa de Candidatura, venha, posteriormente,
afirmar que não aceita o Programa (no todo ou em parte) ou mesmo aprovar nos
órgãos de que faz parte deliberações contrárias ao Programa de Candidatura? Ou,
o que não é menos criticável, não desenvolver esforços para levar à prática o
conteúdo do Programa de Candidatura e/ou protelar intencionalmente a aplicação
desse Programa?
Quais são pois as promessas que estes candidatos assumiram,
no que ao autocaravanismo respeita, para o mandato 2013/2016 e que, quase no
fim de 2 anos de mandato, não estão sequer iniciadas ou sobre elas prestados
quaisquer esclarecimentos públicos?
Recordemo-las:
“Dinamizar a aplicação da Declaração de Princípios da Plataforma de Unidade
subscrita pela FCMP em 31 de Maio de 2010.”
“Propor a representação da FCMP na Comissão Europeia de Autocaravanas da
FICC.”
“Estudar, aprofundar e dar resposta a legislação para suprir dificuldades
encontradas pelos praticantes de algumas modalidades designadamente de
Autocaravanismo”
“Desenvolver iniciativas (Conferências, Seminários, Jornadas, Encontros e/ou
Workshops), em torno de temáticas sobre a prática de atividades campistas, Autocaravanistas
e Caravanistas, ligadas ao Turismo e de conservação do Ambiente.”
“Potenciar o Movimento Autocaravanista, dinamizando a sua
Internacionalização junto das nossas congéneres, particularmente do sul da
Europa, também com vista a promover parcerias que venham a garantir uma maior
utilização dos equipamentos nacionais.”
“Criar um órgão de apoio e informação Turística, Cultural e Legislativa, aos
Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas que se deslocam para fora do país e
aos mesmos Praticantes Estrangeiros que se desloquem a Portugal.”
“Promover encontros e percursos regulares que estimulem o convívio, a
partilha de conhecimentos e deem a conhecer Portugal e o Turismo itinerante.”
“Promover a busca de melhores condições para o Turismo automobilizado, seja
por sinalética rodoviária adequada, instalações e infraestruturas de apoio
locais e promovendo os espaços onde se possa estacionar e pernoitar em
segurança.”
“Promover melhores condições para Campistas, Autocaravanistas e Caravanistas
bem como os seguros específicos às atividades e veículos com necessidades de
deslocamento diferente.”
“Sensibilizar e envolver todos os operadores para este mercado de Campistas,
Autocaravanistas, Caravanistas e Montanheiros que em si mesmo promove o
desenvolvimento turístico (ACAP, PRP, Gasolineiras, Poder Publico e Local,
equipamentos, etc.)”
“Envolver os Municípios e Distritos no Campismo, Autocaravanismo e
Caravanismo com premiação anual.”
“Promover protocolos com Empresas e Organizações ligadas à produção e
comercialização de equipamentos e outros produtos associados ao Campismo,
Autocaravanismo, Caravanismo e Montanhismo.”
Obrigações aprovadas para 2014
Mas, embora num âmbito distinto, os membros dos diferentes
órgãos da FCMP também assumiram publicamente a responsabilidade de aprovarem o Plano de
Atividades e Orçamento para 2014 que tem um importante significado no que se
refere à politica autocaravanista a seguir pela FCMP e, obviamente, pelas
respetivas associadas, na medida em que é um documento que, embora proposto
pela Direção da FCMP, foi aprovado pelo órgão máximo da Federação, a Assembleia
Geral.
No que respeita ao autocaravanismo é
dito que o “ (…) Plano de Atividades para esta área foi elaborado em grande parte pela
própria Comissão, pois é uma proposta para todo o Movimento e, mais do que
isso, é um compromisso dos membros da Comissão perante as Filiadas da Federação
e, especialmente, perante os Autocaravanistas de Portugal. (…) ”
Este trecho delega na Comissão de
Autocaravanismo da FCMP uma especial responsabilidade no cumprimento das
propostas que a Comissão terá apresentado à Direção da Federação e que a
Assembleia Geral caucionou.
Quais são pois os objetivos na área do
autocaravanismo a promover pela FCMP através da Comissão de Autocaravanismo?
• Manter como orientação primeira os
conceitos consignados na Declaração de Princípios que a FCMP subscreveu em maio
de 2010 e que a FICC adaptou no essencial em agosto de 2011;
• Consagrar um Dia dedicado ao
Autocaravanismo com o objetivo de contribuir para evidenciar periodicamente
esta temática e chamar a atenção da opinião pública para as questões que se
colocam aos autocaravanistas e para os benefícios que a sociedade pode colher
desta atividade;
• Contribuir para o Desenvolvimento
Local no Âmbito do Turismo Itinerante;
• Estabelecer parcerias com as
organizações de apoio ao desenvolvimento local, designadamente com o Projeto
“Portugal Tradicional”;
• Promover a criação de uma Base de
Dados de Representantes de Marcas de Autocaravanas em Portugal e de “Oficinas
de Autocaravanas” de acesso público é, mais do que um objetivo, uma
necessidade;
• Partindo do princípio que as “Áreas de
Serviço para Autocaravanas” são um apoio importante para esta atividade, há que
continuar a pugnar pela sua implementação, numa proporção nunca inferior a uma
por Concelho, devendo esta dinâmica ser acompanhada de forma coordenada e sustentada,
com o apoio dos Conselhos Regionais;
• Por outro lado, torna-se necessário
compreender que os autocaravanistas não estão suficientemente unidos,
conscientes do que querem e com disponibilidade para lutarem e conseguirem uma
Lei Quadro em que os interesses económicos não se sobreponham a uma atividade
cultural de excelência e às liberdades da prática do Autocaravanismo;
• Continuar a aprofundar as relações com
as autarquias através de um canal de divulgação dos eventos que as autarquias
promovam, relacionados direta ou indirectamente com o autocaravanismo e que
possam ser de interesse para os autocaravanistas;
• Contribuir para que a FCMP esteja
fortemente representada em acampamentos, nacionais e internacionais e, por
outro lado, participe em debates, seminários, convenções, eventos lúdicos,
desportivos e/ou culturais, entre outros, contribuindo para um melhor
esclarecimento, formação e conhecimento do que é e do que se pretende que seja
o autocaravanismo associativo.”
Se atentarmos neste ambicioso Plano da
FCMP, Plano que consubstancia os quereres de muitos e muitos autocaravanistas e
que defende a prática responsável e livre do autocaravanismo, não podemos negar
que, depois de esta mesma Federação, a única em Portugal a ter subscrito a Declaração
de Princípios, esta Federação que oficialmente tutela o autocaravanismo no
nosso País, veio apontar caminhos que aniquilam as críticas destrutivas e sem
sustentação que, alguns, poucos, lhe fazem.
Perante as promessas eleitorais (que
foram sufragadas pelos eleitores) e o Plano de Atividades para 2014 (que foi
aprovado pela Assembleia Geral da FCMP), considerando que já passaram quase
dois anos sobre o início do mandato e mais de 2/3 do início do ano a que
respeita o Plano de Atividades, que promessas ou objetivos do Plano de
Atividades foram cumpridos ou sequer iniciados?
O que (não) fez a Comissão de Autocaravanismo?
É, no entanto, importante recordar que (no no âmbito do
autocaravanismo) enquanto o Programa de Candidatura é da responsabilidade dos
atuais dirigentes da FCMP, já o Plano de Atividades deve ser promovido e
implementado através da Comissão de Autocaravanismo da FCMP. Mas, o que tem
feito a Comissão de Autocaravanismo? Como irá justificar no Relatório e Contas
de 2014 o que (não) fez?
Faço votos para que a Comissão de
Autocaravanismo da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal saiba
assumir a responsabilidade que lhe foi confiada e que obtenha os apoios
institucionais e políticos de que carece para implementar o Plano de Atividades
aprovado pela Assembleia Geral da Federação. Ou que venha publicamente
justificar-se!
FICAMOS À ESPERA.
Concordo em absoluto de que a FCMP não está de facto a agir correctamente nem a defender o Autocaravanismo Itinerante.
ResponderEliminarJá não bastava haver certas personagens, algumas com responsabilidades acrescidas devido à sua actividade na área do autocaravanismo, a darem cabo do Autocaravanismo Itinerante temos, ou tenho, porque ainda sou Federado nesta Associação, uma Federação que não me defende e não promove formas de erradicar as práticas abusivas, que vão sucedendo à medida que as correctas são "engavetadas" para mais tarde se pensar o que fazer com elas!!!
É triste não haver uma Federação que nos defenda ou defenda aquilo que não interessa a ninguém, o auto-campismo!
Continuarei, ainda que a solo, uma luta sem tréguas, contra tudo e contra todos os que não defendem o Autocaravanismo Itinerante.
É esta a minha forma de defender o Autocaravanismo Itinerante!
Um abraço, e até sempre,
José Gonçalves