CIDADE BRANCA
Dorme já,
plenamente, a cidade!
O silêncio é
de ouro e os homens
Todos o
procuram de mãos dadas.
Os velhos, de
olhos semicerrados,
amparam-se ao
bordão da memória;
emudeceram,
no solar dos senhores,
o chicote, o
ódio sem disfarce.
Dorme já,
plenamente, a cidade!
Aproxima-se o
dia. As mulheres,
amadas e
repousadas, cantam
em seu sono.
Abre-se, em concha,
a mão da
madrugada. Lábios e rosas.
Amanhã, ao
acordar, a cidade renovada
será dos
meninos o tempo e a casa.
Casimiro Cavaco Correia de Brito (Loulé - Algarve, 14 de
janeiro de 1938)
é um poeta, ensaísta e
ficcionista português.
Viveu a sua infância na região algarvia e tirou o Curso
Geral do Comércio, na Escola Industrial e Comercial de Faro. Em 1956 criou no
jornal A Voz de Loulé uma página
literária designada Prisma de Cristal, que se publicou até 1959, durante 26
números. Nela colaboraram, entre outros, Ramos Rosa, Gastão
Cruz e Maria Rosa Colaço. De 1958 a 1964 dirigiu, em
Faro, a colecção de poesia A Palavra na qual publicaram, entre outros, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza
Neto Jorge e Candeias Nunes. Depois de uma passagem por Londres,
em 1958, fundou e dirigiu com António Ramos Rosa os Cadernos do
Meio-Dia (1958-60), onde se revelaram os poetas do movimento literário Poesia 61.
Fixou-se em Lisboa em
1971, desempenhando funções no sector bancário, depois de ter vivido três anos
na Alemanha.
Poeta, romancista e ensaísta, tem cerca de 56 livros publicados, traduzidos em
26 idiomas. Foi Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Escritores,
Presidente do P.E.N. Clube Português e é actualmente
Presidente da respectiva Assembleia Geral. Dedica-se hoje exclusivamente à
escrita e continua a desenvolver uma intensa actividade como divulgador da
poesia nacional e internacional. Foi nomeado consultor prara a Europa da World Haiku Association,
sediada em Tóquio. É responsável pela colaboração portuguesa na revista
internacional Serta, e editor-in-chief da Antologia de
Literatura Mundial Diversity do P.E.N. Club
Internacional.
Entre outros, Casimiro de Brito recebeu o Grande Prémio de
Poesia Associação Portuguesa de Escritores pelo
livro Labyrinthus (1981), o Prémio Versília, de Viareggio, para a
"Melhor Obra Completa Estrangeira", pela obra Ode &
Ceia (1985), o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube, pelo livro Opus
Affettuoso seguido de Última Núpcia (1997), o Prémio Internacional de
Poesia Léopold Senghor (2002), o Prémio de Poesia Aleramo-Luzi, para o Melhor
Livro de Poesia Estrangeiro, com o Livro das Quedas (2004), e ainda o
Prémio de melhor poeta do Festival Internacional "Poeteka" (anel de
platina), na Albânia (2008).
Casimiro de Brito foi ainda nomeado Embaixador Mundial da
Paz (ONG, Zurique) e, em 2008, foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com
a Ordem do Infante Dom Henrique.
O seu último livro editado foi 69 Poemas de
Amor (2008) e tem em via de publicação Amar a Vida
Inteira (terceiro volume do Livro das Quedas – poesia) e o primeiro
volume do romance Livro do Desejo.
Poesia
- Poemas da Solidão Imperfeita (1958)
- Sete Poemas Rebeldes e Carta a Pablo Picasso (1958)
- Telegramas (1959)
- Canto Adolescente (1961)
- Poemas Orientais (1963)
- Jardins de Guerra (1966)
- Vietname - Em Nome da Liberdade (1967)
- Mesa do Amor (1970)
- Negação da Morte (1974)
- Corpo Sitiado (1976)
- Labyrinthus (1981)
- Ode & Ceia - Poesia 1955-1984 (1985)
- Subitamente o Silêncio (1991)
- Intensidades (1995)
- Opus Affettuoso seguido de Última Núpcia (1997)
- À Sombra de Bashô (2001)
- Animal Volátil - em colaboração com Rosa Alice Branco (2002)
- Antologia Pessoal - com ensaio de Annabela Rita (2003)
- Livro dos Haiku, uma Antologia (2003)
- Livro das Quedas (2005)
O poema Na Via do Mestre foi recentemente traduzido e
comentado por Manuele Masini. Casimiro de Brito, Sulla Via del Maestro, Pisa:
ETS e alleo Poesia, 2010.
Ficção
- Um Certo País ao Sul - contos (1975)
- Imitação do Prazer - romance (1977 e 1991)
- Nós, Outros - romance em colaboração com Teresa Salema (1979 e 1980)
- Pátria Sensível - romance (1983)
- Contos da Morte Eufórica (1984, versão revista e aumentada de Um Certo País ao Sul)
Ensaio
- Prática da Escrita em Tempos de Revolução (1977)
- Vagabundagem na poesia de António Ramos Rosa (2001)
Aforismos
- Onde se acumula o Pó? (1987)
- Arte da Respiração (1988)
- Da Frágil Sabedoria (2001)
Diário
- Na Barca do Coração, Diário do Ano 2000 (2001)
Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre
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