segunda-feira, 16 de março de 2015

Poesia de… Eduardo Guerra Carneiro



DAMA DE COPAS

Entre ases e manilhas
Duque e terno da sueca
As damas são maravilhas
Quem as tem que as não perca

Diz-lhe lá então ó mesa
Qual o nome de eleição
Eu quero ter a certeza
Da carta em meu coração

Naipe já tu o disseste
E cortar com espadas não
Nem com oiros me fizeste
Nem paus te chegam à mão

São copas, venham mais taças
Vamos pois brindar à dama
Só não quero que o faças
No meio da minha cama

Muito agradecido fico
Pano verde onde joguei
Em dinheiro não sou rico
Mas levo a dama do rei

Tem cuidado com a sorte
Ó jogador afamado
Pode a dama ser a morte
E depois ficas parado

Não te saia pé de cabra
Ó meu cavaleiro andante
Procura a chave que abra
O seu coração de amante

A dama de copas canto
Bem alto os copos erguendo
Cuidado não seja tanto
Que a percas anoitecendo

Dama de copas é amor
Vence a morte em qualquer mesa
Não tenhas medo ou temor
O vinho deu-me a certeza




Jornalista e escritor português, Eduardo Guerra Carneiro nasceu em 1942, em Chaves (norte de Portugal). Frequentou a Faculdade de Letras do Porto e de Lisboa, sem embora terminar a licenciatura.

Como jornalista, exerceu, desde o final dos anos 60, a sua profissão em vários órgãos de informação, como o Primeiro de janeiro, Diário Popular, O Século, República e a revista TV Guia. Foi distinguido, duas vezes, com o prémio Júlio César Machado que prestigia os melhores textos sobre Lisboa, na imprensa diária.

Enquanto escritor, Guerra Carneiro escreveu o seu primeiro livro de poesia em 1961, O Perfil da Estátua, seguindo-se muitos outros livros de poesia e de crónicas, tais como É assim que se Faz a História (1973), Damas de Copas (1981),Contra a Corrente (1988), Profissão de Fé (1990), Lixo (1993), Outras Fitas, (1999) e A Noiva das Astúrias (2001). A sua produção literária manifesta-se, inicialmente, no surrealismo e, mais tarde, num lirismo neorromântico.

Guerra Carneiro morava sozinho, no Bairro Alto, no mesmo prédio onde também viveu o mestre Agostinho da Silva. A 3 de janeiro de 2004, Guerra Carneiro foi encontrado sem vida.

Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora


Bibliografia

  • O Perfil da Estátua (poesia, 1962)
  • Corpo Terra (poesia, 1966)
  • Algumas Palavras (poesia, 1969)
  • Isto Anda Tudo Ligado (poesia, 1970)
  • É Assim Que Se Faz a História (poesia, 1973)
  • Como Quem Não Quer a Coisa (poesia, 1978)
  • Dama de Copas (poesia, 1981)
  • Contra a Corrente (poesia, 1988)
  • Profissão de Fé (poesia, 1990)
  • Lixo (poesia, 1993)
  • O Revólver do Repórter (crónicas, 1994)
  • Outras Fitas (crónicas, 1999)
  • A Noiva das Astúrias (poesia, 2001)


Fonte: Wikipédia – A Enciclopédia Livre

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